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Ações desenvolvidas pelo Fundo Social de Cabreúva são reconhecidas em todo o estado

Algumas ideias foram se materializando com o passar do tempo, primeira-dama da cidade quer tornar realidade outras iniciativas

 

Oferecer dignidade, acolhimento e carinho à todas as mães, independente de classe social ou situação financeira. Foi com esse propósito que o Fundo Social de Solidariedade de Cabreúva deu início em 2021 ao Projeto ‘Amor de Mãe’. Através dele, todas as crianças que nascem na cidade recebem um kit maternidade que é entregue pela própria presidente do Fundo Social e também primeira-dama do município, Val Mangini. A iniciativa, que tem se tornado inspiração para outros municípios, é inédita na região e recebe elogios até mesmo de representantes do Governo do Estado. Em entrevista ao jornal PRIMEIRAFEIRA, Val Mangini explicou como o projeto surgiu, a importância dele para as mães e o trabalho realizado pelo Fundo Social na cidade.

 

Como surgiu o projeto ‘Amor de Mãe’?
Val Mangini: Só quem é mãe sabe o tamanho do amor que sente pelo filho, um amor incondicional e sem limites. Assim, eu pensei em realizar um projeto para as mães de Cabreúva, onde todas que tem o bebezinho recebem esse kit que atende as primeiras necessidades da criança logo quando nasce. O projeto ‘Amor de Mãe’ completa agora em março dois anos e já atendemos cerca de mil e cem famílias até agora.

 

Você se inspirou em ações desenvolvidas por outras cidades?
Val Mangini: Não. Tanto que até onde sei não existia em nenhuma outra cidade. Fiquei sabendo que ele começou a ser implementado recentemente, logo após eu ter iniciado em Cabreúva. Inclusive, a cidade de Itupeva irá iniciar um programa similar após uma indicação minha.

 

A quem o kit é destinado?
Val Mangini: O kit é para todas as mães de nossa cidade. Eu quis que fosse dado a todas as mães. Assim que o bebezinho nasce eu mesmo entrego o kit pessoalmente. Caso eu não consiga fazer a visita na Santa Casa, eu vou até casa da família. Como eu poderia ir num leito de hospital entregar para uma mãe e não entregar para outra? Seria esquisito e eu me sentiria muito mal.

 

Quais itens são oferecidos no kit?
Val Mangini: O kit é uma bolsa com vários itens de primeira necessidade, como fraldas descartáveis, algodão, gel antisséptico hidratante, cotonetes, pomada para assadura, sabonete líquido, lencinhos umedecidos e também um cobertorzinho. Vamos aumentar o kit nos próximos meses, isso porque percebemos que algumas mães ainda estavam tendo dificuldades, por isso decidimos colocar banheira, toalha de banho, mamadeiras, chupeta e até uma roupinha para que o neném faça a saída do hospital.

 

E por que fornecer a todas as mães, independentemente de classe social?
Val Mangini: O carinho é pelas crianças e pelas mães. Eu sou mãe de três filhos e sei que o amor que sentimos por eles é incondicional. Então esse é um carinho que eu quis proporcionar a elas, de uma forma especial. Elas ficam muito felizes, muitas delas ficam esperando para me receber, os pais gostam de tirar fotos. Algumas mães ligam me avisando quando terão o filho… A realidade de vida nós percebemos quando fazemos as visitas. Teve muitos outros casos em que visitei famílias e logo que voltei, pedi para meus assessores levarem cestas básicas para ajudar a família, brinquedos para as crianças…

 

O kit conta com uma toalha que possui algumas dicas para as mães. Como surgiu essa ideia?
Val Mangini: Como sei que temos muitas mães novas e que não possuem uma ligação familiar próxima, não só em Cabreúva, pedi aos fornecedores que tivessem esse cuidado, como uma forma de as mães saberem como ter os primeiros cuidados com as crianças. Nela informa as temperaturas ideais para água, a quantidade de mamadas, tem tudo escrito.

 

Durante esses quase dois anos, qual momento, durante a entrega dos kits, mais te marcou?
Val Mangini: Teve sim e aconteceu semana passada. Uma das mães, que já tem três filhos, chegou à Santa Casa sem condições nenhuma, sem nada, para falar a verdade. Eu, como presidente do Fundo Social, recebo muitas doações de empresários e conseguimos mandar para essa mãe todas as roupinhas que ela precisava. Inclusive, a roupinha que seu bebê deixou o hospital foi doada pela companheira de quarto.

 

A relação população-político geralmente é afastada, o que não é o seu caso. Como é para você ter esse contato próximo da população?
Val Mangini: Algumas mães até se perguntam como uma primeira-dama vem até o hospital, num dia primeiro de janeiro, para entregar o kit para o bebê. Mas, elas se sentem acolhidas com o carinho que conseguimos passar. É uma experiência muito boa. Meu esposo (Antonio Carlos Mangini), antes mesmo de ser prefeito de Cabreúva, tinha uma ligação muito próxima com a população. Ele é um policial militar aposentado e deu aula para muitos jovens, através do Proerd. E eu aprendi a gostar de política, já que trabalhei como assessora nos âmbitos municipal, estadual e federal. Isso fez eu me apaixonar por política.

 

Teme que o benefício dado pela Prefeitura de Cabreúva gere um aumento no número de mães que buscam a cidade para receber o kit?
Val Mangini: Não temos esse medo. Pelo contrário. Até já atendemos duas mãezinhas que eram de outras cidades, mas estavam em Cabreúva quando tiveram o bebê. Então, não me preocupo de que as mães venham até nossa cidade com um possível interesse no kit. Nossa cidade é muito procurada pelo parto humanizado.

 

E o parto humanizado tem tido muita procura?
Val Mangini: Não tenho um número exato, mas nos últimos anos tivemos muita procura por esse tipo de parto. Acho que pelas mães serem bem cuidadas, os médicos serem muito bons e responsáveis, atrai um interesse. Uma de nossas médicas, inclusive, chegou a fazer seis partos num único dia. Eu nem sabia por onde começar a entrega dos kits.

 

Você também revitalizou uma área da Santa Casa de Cabreúva em que as mães tomam sol com seus filhos. Como surgiu essa inspiração?
Val Mangini: Foi uma ideia minha. Eu tenho uma equipe excelente que me ajuda. Encontramos uma área que não estava sendo utilizada na Santa Casa e resolvemos montar esse jardim. Eu olhava o local antes e pensava que se fosse eu, não iria querer tomar sol com meu filho nesse local. Nossa Santa Casa é pequena, mas acolhedora. Em breve ela deve, inclusive, passar por uma reforma, ganhando leitos de UTI, que hoje não tem. Tudo isso pensando em melhorias para a população.

 

Como é o trabalho desenvolvido pelo Fundo Social de Cabreúva?
Val Mangini: Temos em Cabreúva muitas famílias em vulnerabilidade. E eu sou a primeira dama que vai até os bairros, ‘carrego no colo’ e faço uma série de ações. Temos um ônibus exclusivo do Fundo Social, que utilizamos para entrega de cestas básicas, brinquedos, e graças ao Governo do Estado e a Deus, consigo ajudar essas famílias. Para mim uma família que ganha dois salários mínimos, tem dois ou três filhos, paga aí uns oitocentos reais de aluguel e as despesas da casa, eles são vulneráveis. O que sobra no final do mês? Nada. E sabemos que existem muitas famílias assim. Então, buscamos oferecer diversos cursos profissionalizantes a fim de capacitar a população. A procura é, inclusive, muito grande, porém, nosso grande trabalho é combater os casos de pessoas que se inscrevem, são selecionados, mas não terminam o curso. Pretendo ainda desenvolver novas ações e vários cursos, dos quais a maioria é realizada em parceria com o Centro Paula Souza, Governo do Estado, Sebrae e Senac.

 

Quais outras ações são ou serão desenvolvidas?
Val Mangini: Temos a ‘Horta do Bem’, instalada no almoxarifado central. Antigamente era um local utilizado como depósito de lixo, com montanhas de nem sei quantos metros de altura. Eu então resolvi criar uma horta comunitária que hoje abastece muitas famílias carentes e inclusive a Santa Casa de Cabreúva. Ela é tocada pelos próprios funcionários da prefeitura e em breve queremos levar esses produtos para as escolas municipais para que eles conheçam o projeto e criem essa consciência. Nessa horta plantamos uma diversidade de alfaces, beterraba, brócolis, berinjela… Nosso próximo projeto é a ‘Padaria do Fundo Social’. Acho que ela sai ainda esse ano. Hoje, a sede do fundo social é um local pequeno para os projetos, então pedi a construção de um novo Fundo Social, onde haverá essa padaria, que servirá pães para todos os alunos das escolas municipais. Também haverá um controle nutricional para aqueles alunos que são intolerantes a glúten, por exemplo, para que ele possa comer o pãozinho também. Esse projeto já existiu há alguns anos, mas acabou sendo encerrado nas últimas gestões. Outra iniciativa é o desenvolvimento de um projeto envolvendo o canil da Guarda Civil Municipal (GCM) e as crianças autistas. Sou madrinha da GCM e cada cachorro que chega eu quem dou o nome. Na primeira aula do cão Bili eu percebi a interação dele com uma criança autista que estava no local. Eu resolvi criar um projeto encima disso e vamos realiza-lo junto à Apae municipal.

 

Quantas famílias são atendidas pelo Fundo Social de Cabreúva?
Val Mangini: Atendemos cerca de 500 famílias com cestas básicas e também fazemos entregas de fraldas geriátricas, das quais muitas delas são doadas por uma empresa parceira.

 

Como é ser primeira-dama?
Val Mangini: Eu não me sinto uma primeira-dama. Sou uma pessoa comum que vai ao supermercado de chinelo de dedo aos finais de semana. Tanto que nem sou chamada de primeira-dama e nem faço questão.

 

Mas facilita a realização de seus projetos no Fundo Social?
Val Mangini: O positivo de ser primeira-dama é ter a liberdade e o apoio para a realização dos projetos, por parte da prefeitura. Apesar de essa paixão em ajudar já existir há muito tempo, não só comigo, mas também com meu marido. Entregamos brinquedos, ovos de páscoa… Cheguei a fazer mais de dez mil ovos de páscoa para entregar.

 

Como é sua relação com o Governo do Estado?
Val Mangini: É uma relação muito boa. Tive um amigo que me apresentou aos representantes do governo, quando pedi os cursos profissionalizantes e desde então tenho uma amizade e uma relação muito boa com eles. Quando eu conheci a Bia Dória (ex-primeira dama do Estado), ela me perguntou quem eu era. Quando disse que era a primera-dama de Cabreúva, nem acreditei no que ela disse. Ela falou que adorava e acompanhava meu trabalho. Num segundo encontro que tivemos ela me reconheceu mesmo com máscara. Ou seja, meu trabalho na região ficou conhecido, por saberem que eu coloco a mão na massa.

 

E sua relação com os empresários locais?
Val Mangini: Com relação aos empresários, quando assumi o Fundo Social, estávamos em meio a pandemia, então montamos um grupo com acesso aos empresários e pedi a eles a doação de alimentos. Não sei nem quantificar quantas doações recebemos para cuidas das famílias. A partir de então, a maioria das empresas colaboram com as ações no inverno, Dia das Crianças, Natal, entre outras.

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