Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, a cidade de Salto tem pouco a comemorar. De acordo com o Relatório da ONG SOS Mata Atlântica, dos quatro pontos de monitoramento dos rios que passam pela cidade, apenas no Ribeirão Piraí a qualidade da água melhorou. Em 2022, o mesmo relatório classificou a água com qualidade “Regular”, enquanto em 2023, ela foi considerada “Boa”.
Vale relembrar que o Piraí, além de abastecer cerca de 80% da cidade de Salto, terá em breve a construção da barragem para reservar e distribuir água também para as cidades de Indaiatuba, Itu e Cabreúva.
Já os rios Tietê e Jundiaí mantiveram a classificação da água apenas como “Regular”, tal como no relatório de 2022.
O relatório apresenta o retrato da qualidade da água em bacias hidrográficas da Mata Atlântica, por meio de dados compostos a partir do Índice de Qualidade da Água, levantados mensalmente por uma rede de voluntários que integram o programa Observando os Rios, da Fundação SOS Mata Atlântica, desde 2015.
O resultado da qualidade da água é mensurado anualmente, com base nas coletas e análises mensais realizadas no período de janeiro a dezembro. Em 2022, foram realizadas 990 análises em 160 pontos de coleta de 120 rios e corpos d’água de 74 municípios de 16 Estados, onde está a Mata Atlântica. Trabalharam nesse projeto 116 grupos voluntários.
Houve um incremento de 62% no total das coletas realizadas em 2021 (615 análises), aproximando os dados do período pré-pandemia de Covid-19.
Desse universo de amostragem, 11 pontos (6,9%) estão com qualidade boa; 120 (75%) apresentaram qualidade da água regular; 26 (16,2%) qualidade da água ruim, e três (1,9%), péssima. Não houve nenhum ponto com qualidade de água ótima.
Portanto, menos de 20% dos pontos de rios analisados não possui condições para usos múltiplos da água, como na agricultura, indústria, abastecimento humano, dar saciedade a animais, lazer e esportes.
Em dezembro de 2021, o prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL) concedeu uma entrevista coletiva, na qual a reportagem do jornal PRIMEIRAFEIRA esteve presente, ocasião em que prometeu uma série de ações pontuais que seriam realizadas em 2022.
Dentre essas ações estavam a implementação de reservatórios pontuais, como forma de garantir a melhor reservação, construção de poços de captação profunda e a construção de pequenas barragens que seriam implementadas ao longo do Buru.
Nesta semana, o prefeito foi procurado para falar do estágio dessas obras. De acordo com o chefe do Executivo, só está em andamento a construção de um reservatório no Jardim Donalísio, mas que deverá ser implementado apenas no segundo semestre deste ano. Outros seis projetos de reservatórios ainda aguardam a viabilidade econômica para a construção.
Em relação aos poços de captação profunda, o projeto não foi além. O prefeito justificou que o resultado do poço-modelo ficou aquém do esperado.
“O poço-modelo, perfurado na região noroeste, mostrou, infelizmente, um resultado aquém do que esperávamos, tanto na quantidade quanto na qualidade da água. A vazão foi de 5,6 mil litros por hora, quando o projetado era a obtenção de 15 mil litros. Esse era o volume que compensaria o investimento em todo o aparato de tratamento e adução”, disse.
A água captada mostrou, além disso, uma alta quantidade de fluoreto (6,6 miligramas por litro), quatro vezes mais que o máximo permitido pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde.
Seguem em fase de projetos ainda a construção das barragens menores.
O Saae elaborou os projetos da Reversão do Ituaú, que contempla uma barragem, no encontro do Buru com o Buruzinho. “Está em fase de levantamento de recursos para que prossiga com a execução dessas obras. Nesse mês de março também foi concluída a limpeza da Lagoa São João, importante reserva de água bruta para a Região Noroeste. Diante da necessidade do aumento de reserva de água bruta, o Saae contratou empresa especializada para limpeza e retirada das taboas da lagoa”, afirmou.