A divulgação do Anuário 2023 do ranking Cidades Mais Seguras do Brasil trouxe uma euforia extremada, nesta semana, para políticos e lideranças de alguns setores, em função do fato de que Salto apareceu na pesquisa como segunda cidade mais segura do país.
De fato, o posicionamento alcançado merece destaque e deve ser festejado por todos os moradores locais. Afinal, isto representa indicativo para o mercado na área de investimentos. Não só isto: todos querem morar em uma cidade que seja segura.
Mas é preciso analisar os dados com o devido cuidado para não se esquecer de que números de pesquisas refletem uma fotografia de momento e nem sempre são fiéis à realidade cotidiana de cada cidadão, tenha sido ele pesquisado ou não pelo instituto.
A pergunta que se faz diante do resultado alcançado pelo ranking é se Salto é realmente segura? A pesquisa chegou à conclusão de que sim por conta da relação número de assassinatos violentos por lotes de 100 mil habitantes. Salto tem 3,1 em média.
Os dados pesquisados se baseiam na apuração do Painel de Monitoramento de Mortalidade da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, e no Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Para definir o conceito de morte violenta, os pesquisadores agruparam categorias e tratamentos de dados com base na metodologia de classificação estatística de mortalidade CID-10, adotado mundialmente pela Organização Mundial da Saúde, a OMS.
Isto posto, o que se tem então é a definição de que esta ou aquela cidade é mais segura por ter menos mortes violentas. Ora, esse índice é positivo e alegra, mas ele serve apenas para nortear o mercado de compra e venda de imóveis. Este é o foco da MySide.
A empresa é a responsável pela elaboração do anuário e é especializada em serviços e tecnologia com a missão de ajudar pessoas que buscam comprar um imóvel e ela mesma revela na apresentação do trabalho que esse é o único propósito.
Portanto, é preciso não esquecer a realidade. Salto ainda precisa melhorar muito para ser uma cidade segura. Nem policiais em número suficiente há. O receio é que a classificação tire a atenção dos governos para o investimento necessário na cidade. A refletir.