Os números apresentados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto, o Saae, sobre o consumo faturado de água tratada, exige uma investigação apurada e providências imediatas, pois é inadmissível que a autarquia forneça o produto sem pagamento.
É esse o quadro que se observa com uma perda de 38,91% de toda a água tratada do município. Mais grave ainda é que quase a metade desse volume é de ligações irregulares. Ou seja, são imóveis que recebem água, mas não têm hidrômetro para quantificar e cobrar.
Não se fala aqui apenas nos maus cidadãos que tentam driblar a lei e a ordem, mas também de prédios públicos. Escolas municipais e estaduais, clínicas de saúde, secretarias da Prefeitura, todas não pagam. Também não pagam locais de uso comum da população.
Esses locais são: Pavilhão das Artes, Praça XV de Novembro e outras várias praças; Memorial do Tietê e outros vários pontos turísticos; Biblioteca Municipal; Teatro Verdi e campos de futebol, que não têm hidrômetro nem registro de consumo.
Até recentemente a Câmara de Vereadores não tinha hidrômetro. A instalação ocorreu depois de muito tempo do serviço irregular. Em uma escola que o Saae também instalou o medidor agora a providência só foi tomada quando a direção pediu ação da autarquia.
Alguém poderá dizer que todos esses locais são frequentados pela população. Então não ter o pagamento não seria de todo um desserviço ao conjunto da comunidade. Mas não é assim: os custos de quem não paga são divididos por quem paga.
Não é justo que a cidade sofra com racionamentos, cortes de fornecimento e desabastecimentos enquanto há consumidores que não pagam pelo que consomem e que consomem grandes quantidades de água na comparação com os demais.
De acordo com o próprio Saae, 421.614 metros cúbicos do total de 1.083.553 metros cúbicos da água tratada fornecida não têm pagamento e nem ressarcimento do investimento feito pela autarquia, em que pese o seu custo alto de produção.
As ações do Saae e da Prefeitura para melhorar o abastecimento, como a tomada de empréstimos volumosos, tipo os R$ 60 milhões recentemente aprovados, se perdem com esse desperdício e inércia contra as perdas e, sobretudo, contra as ligações irregulares.