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Trabalhar de segunda a sexta já é coisa do passado?

Discussão que vem sendo colocada no Brasil ainda é polêmica e não conta com muita simpatia dos empregadores nem com conscientização dos empregados, mas é uma tendência

Antes da pandemia e depois dela com mais intensidade, uma discussão, que vem se tornando inevitável na relação de trabalho no Brasil, a semana de quatro dias, ainda é polêmica e pouco adotada.
Embora países, como Islândia, Japão e Bélgica, além dos integrantes dos Emirados Árabes, já possuam empresas que adotaram o modelo e vejam a ideia com bons olhos, no Brasil o assunto ainda não tem muita simpatia de empregadores nem conscientização dos empregados por falta de clareza de objetivos.
Para Wanderley Cintra Jr., psicólogo especializado em comportamento no trabalho, o problema é que os empregadores ainda não conseguiram passar aos empregados que eles têm de produzir em quatro dias o que fazem em cinco e os empregados ainda encaram a mudança só como mais um dia de folga.
De qualquer forma, a discussão se impõe e começou a ser vista com outros olhos depois da pandemia, quando as empresas tiveram de trabalhar com os colaboradores em casa. Mesmo assim, ainda não há consenso sobre as tarefas de cada parte. Cintra Jr. acha que vai levar algum tempo ainda para que a mudança se consolide.
Em Salto não há informação de empresas que tenham adotado a jornada menor e mesmo no Brasil e na América Latina os exemplos são escassos. A empresa de produtos pet Zee.Dog foi a primeira a adotar este modelo de jornada, ainda em 2020, nos escritórios de São Paulo e no Rio de Janeiro. O mesmo aconteceu com a agência de comunicação Shoot, que adotou a prática em janeiro do ano passado, reduzindo também a carga horária de oito para seis horas diárias. Em ambos os casos, a produtividade e a qualidade dos funcionários aumentaram, assim como os níveis de satisfação.
A doutora em Psicologia Gabriela Fabbro Spadari acredita que a redução da jornada de trabalho traz diversos benefícios para ambas as partes. Entre eles, os colaboradores têm a melhora da qualidade de vida e até mesmo a diminuição dos problemas com pontualidade e frequência ao trabalho. Já os empregadores podem ver uma diminuição dos casos da Síndrome de Burnout, que é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.
Com uma semana menor, os funcionários terão mais tempo para descansar, ficar com suas famílias e desenvolver atividades de que gostem mais e os empregadores não terão redução do rendimento no trabalho, pois o intuito é alcançar os mesmos resultados com menos horas trabalhadas. Para Gabriela, o funcionário conseguiria ter um tempo maior para realizar atividades que estabelecem um equilíbrio maior entre sua vida pessoal e profissional.
“Acredito que a motivação, o foco e a produtividade no trabalho aumentariam, uma vez que o funcionário teria somente quatro dias para realizar as atividades, evitando distrações e desperdício de tempo”, explicou a psicóloga.
Além disso, adotar esse método de trabalho seria um atrativo para a empresa na contratação de novos funcionários, segundo ela.

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