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Com peça em Indaiatuba sábado, Fúlvio Stefanini ressalta a importância do teatro para o artista

No palco ou você faz de um jeito que as pessoas gostem ou elas caem de pau em cima de você, afirma o veterano ator que foi contemporâneo de Anselmo Duarte no início da carreira

O ator Fúlvio Stefanini, conhecido por papéis em telenovelas como “Gabriela”, “Estrela de Fogo”, “Suave Veneno”, “Chocolate com Pimenta”, “Alma Gêmea”, “Pé na Jaca” e “Caras e Bocas”, vai estar na região neste final de semana para a peça “O Pai”, que apresenta em Indaiatuba (veja abaixo), mas antes de chegar à região, o ator conversou com exclusividade com o PRIMEIRAFEIRA, dando detalhes sobre o espetáculo e falando sobre sua carreira, o convívio que teve com Anselmo Duarte, filho de Salto, e a importância do teatro para os atores e atrizes.

Fale um pouco sobre a peça “O Pai”, que irá apresentar.
Fúlvio Stefanini –
‘O Pai’ é um sucesso internacional que inspirou o filme Meu Pai (de 2020), estrelado por Anthony Hopkins, e que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator em 2021. Trata de uma história extremamente humana e engraçada. Ela é engraçada, porque as pessoas são engraçadas e a vida deve ser levada com uma dose de humor, além de ser simpática e verdadeira. Foi um privilégio interpretar esse personagem, ainda mais porque esse tipo de personagem está cada vez mais raro para atores de mais idade. Foi um presente que ganhei e acabei, modestamente, ganhando o Prêmio Shell de Melhor Ator com essa peça, o prêmio mais importante do teatro no Brasil.

Qual a importância de levar à discussão o tema do Alzheimer de uma forma mais descontraída através do teatro?
Fúlvio Stefanini –
Essa peça foi escrita por Florian Zeller, um autor francês, após ter passado por uma experiência com sua avó, que sofria de Alzheimer. Ele pôde então, entender melhor, os problemas que acometem uma pessoa com essa doença. Quando essa peça chegou para mim, eu fiquei fascinado por se tratar de um tema delicado e ainda pouco conhecido, além de ser a possibilidade de mostrar uma situação vivenciada por muitos de uma forma teatral. Claro que isso teria um impacto na plateia, mas não sabíamos que o número de pessoas acometidas pelo Alzheimer era muito grande. E é incrível o número de pessoas que nos procuram após a peça para dizer que vivem essa situação na família e ficam impressionadas com o comportamento dos familiares. A peça leva um momento de grande verdade e até de comoção, mas, ao mesmo tempo, riem muito porque há uma trajetória desse personagem muito engraçada. Poder compartilhar esse problema dá um alento para quem está ali, no qual elas podem ver que não estão sozinhas nessa situação. E isso, sem deixar de fazer o espetáculo teatral.

Como manter a disposição para ensaios, viagens e apresentações, mesmo com seus 83 anos de idade?
Fúlvio Stefanini –
O que me move é uma paixão muito grande. Sou apaixonado em fazer o que faço e só sei fazer isso. Sou ator há 68 anos e representar, seja no teatro, TV ou cinema, é a grande motivação da minha carreira. Quando se faz o que gosta, tudo passa mais rápido. Você sente menos e te dá uma sensação de prazer. E é assim que eu vivo. Estou a caminho dos 84 anos, mas me sinto com muito vigor para continuar fazendo o que eu gosto.

O teatro tem sido uma válvula de escape para os atores mais experientes se manterem ativos?
Fúlvio Stefanini –
O teatro é o berço do ator. É ali que ele exerce o seu talento, a sua escolha. É ali que ele pode se tornar plenamente um ator. Na TV ou no cinema, existem outros caminhos que facilitam o trabalho do ator. Já no teatro é preciso exercer plenamente o que sabe e tentar entender da melhor forma como chegar ao público, sem contar que você está sendo visto ao vivo pela plateia, que muitas das vezes é extremamente crítica. A TV tem outros efeitos, de luz, trilha sonora, que o teatro não tem. No teatro ou você faz de um jeito que as pessoas gostem ou elas caem de pau em cima de você. Não tem outro jeito.

Qual o segredo para se manter ativo na carreira há tanto tempo?
Fúlvio Stefanini –
Perseverança, determinação, paixão e até um pouco de sorte. Eu comecei como figurante na televisão em 1955 e fui aprendendo e entendendo com os atores mais experientes. Eu observava os comportamentos deles e tentava descobrir uma forma de fazer que fosse confortável para mim e me fizesse acreditar. As coisas foram acontecendo, foram aparecendo os primeiros papeis, uma coisinha pequena aqui e ali, até que fui fazendo coisas maiores no teatro, depois no cinema. Aliás, o Anselmo Duarte, de Salto, me chamou para algumas figurações. E não parei nunca mais. Depois vieram as novelas, filmes e peças que me fizeram ser conhecido. É preciso dedicação, determinação, acreditar e ter talento, sabendo que terão momentos que não serão maravilhosos, mas sem nunca deixar de acreditar.

Peça ‘O Pai’ estará em cartaz neste sábado em Indaiatuba

O consagrado ator Fúlvio Stefanini apresenta neste sábado (23), às 21h, o espetáculo “O Pai”, no Ciaei, em Indaiatuba.
A peça deu origem ao filme “Meu Pai”, ganhador do Oscar com o ator Anthony Hopkins.
Os ingressos variam entre R$ 45 e R$ 90 e devem ser adquiridos através do site: megabilheteria.com.
A peça aborda a chegada do Alzheimer em um idoso e como familiares, enfermeiros e cuidadores se relacionam com isso.
O espetáculo promete divertir o público e emocionar, pois é apresentado de forma lúdica e extremamente sensível.
Desde sua primeira temporada, o espetáculo já foi assistido por mais de 100 mil espectadores em todo o país.

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