O relatório sobre o Rio Tietê

Os números apresentados pelo relatório que avalia o Índice de Qualidade da Água do Rio Tietê, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica e divulgado na última terça-feira, reforçam, mais do que nunca, que só a união de todos os municípios ribeirinhos, tendo a capital à frente, poderá salvar efetivamente o manancial.
Afinal, a entidade apurou que apenas 6 dos 59 pontos de coleta em toda a extensão do rio apresentaram melhora na qualidade e a apontaram como Boa, dois deles em Salto e o restante em Biritiba-Mirim, Botucatu, Itu e Piracicaba, ou seja, pouco para todo o tamanho do manancial e, ainda que positiva, essa melhora não reflete no conjunto, sobretudo porque a mancha de poluição cresce.
O relatório revelou que essa mancha subiu de 122 km em 2022 para 160 agora, o que significa que a qualidade da água nesses locais segue imprópria para usos múltiplos. Não é à toa que Gustavo Veronesi, coordenador do relatório, afirma que o aumento é um alerta a ser considerado, pois já houve crescimento de 40% em 2022 em relação a 2021 e a extensão já significa 27,7% dos 576 km do rio.
Se não houver uma união de governos dos municípios ribeirinhos e em sintonia com o governo do Estado, o que precisa urgentemente ser cobrado pelos deputados, lideranças comunitárias e ambientalistas, todo o esforço que alguns municípios, como mostrou o relatório, conseguem na melhoria da qualidade da água, será apenas um alento na luta pela devolução do Tietê à vida novamente.
As gerações futuras precisam de mais do que isto, principalmente porque há uma redução progressiva da quantidade de água em condições de uso humano no mundo todo, sem contar que o aquecimento global deve agravar tudo isto. Não se trata mais de uma luta isolada de ambientalistas e apaixonados pelo meio ambiente, mas verdadeiramente de uma luta pela sobrevivência.
A atuação do Consórcio PCJ e do Comitê de Bacia PCJ na fiscalização, acabando com o despejo irregular de efluentes decorrente de indústrias no período de coleta das amostras (entre setembro de 2022 e agosto de 2023), foi relevante e mostra que é possível, se houver união, propósito e esforço comum.