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Câmara barra construção de projeto habitacional em área institucional do Morro da Mata

Local seria, segundo moradores, destinado para uma área de lazer ou posto de saúde; Prefeitura não informou o que será feito agora e nem se o recurso para as moradias será perdido

A Prefeitura de Salto terá de procurar uma nova área para a construção de 24 unidades habitacionais, que serão construídas em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Isso porque a Câmara de Vereadores não aprovou o projeto de lei enviado pelo Executivo que solicitou a desafetação de uma área institucional no bairro Morro da Mata.
O local, segundo os moradores, teria sido destinado para a construção de equipamentos públicos. A promessa inicial foi de que a área receberia um centro de lazer ou mesmo um posto de saúde.
Ao tomar ciência da intenção do Executivo, um grupo de 94 moradores fez um abaixo-assinado, discordando da solicitação do prefeito Laerte Sonsin Jr (PL) e alegando que o bairro não possui condições dignas para os residentes lá. No documento enviado aos vereadores, eles solicitaram, inclusive, a construção de uma caixa d’água, diante dos problemas que estariam sendo enfrentados.
O apelo convenceu parte dos vereadores, que, com seis votos contrários (de Antônio Cordeiro, do PT; Cícero Landim, do PL; Daniel Bertani, do Podemos; Fábio Jorge e Vinícius Saudino, ambos do PSD; e José Benedito de Carvalho, o Macaia, do Solidariedade) derrubaram a propositura.
A principal justificativa apontada pelos parlamentares foi a falta de diálogo do Executivo, não apenas com a Câmara, mas também com os moradores. “Se o prefeito não se sentar com a população e explicar como funciona o modelo da CDHU, nenhum projeto vai passar. E não adianta jogar na costa de vereador. O pessoal do Morro da Mata simplesmente pediu um diálogo, o que não foi feito. Não está parecendo que ele quer essas casas populares”, declarou Fábio Jorge. “Não adianta construir uma casa sem poder oferecer a mínima estrutura. Solicitamos ao prefeito a mudança de local, mas ele não nos atendeu”, completou Vinícius Saudino.
Além da falta de diálogo, os vereadores cobraram maior engajamento do Poder Público no quesito moradia popular. Segundo Cordeiro, a cidade poderia receber 400 casas ou 2 mil apartamentos por parte do Ministério das Cidades, mas até o momento o prefeito Laerte Sonsin Jr não apresentou o projeto. Outro ponto levantado foi a falta de investimentos do município para novas moradias. “Temos um déficit de 10 mil moradias, mas não vejo essa mesma luta incessante de vereadores dizendo que é preciso ter dinheiro no orçamento para a moradia. Não tem nada pelo terceiro ano. Zero investimentos. Só teremos essas casas por conta de uma parceria com a CDHU”, disse Fábio Jorge.
Procurada, a Prefeitura disse apenas que o assunto será avaliado oportunamente, inclusive em relação a outros espaços que possam ser destinados a projetos habitacionais. O Executivo não respondeu se, diante da não utilização da referida área, o recurso para a construção será perdido ou não.
Na mesma sessão, a Câmara aprovou o projeto de lei que faz adequações na legislação sobre uso e ocupação do solo, regulamentando a densidade demográfica de habitantes por hectares para condomínios verticais.

Moradores cobram Prefeitura e reclamam falta de estrutura no bairro

Uma das responsáveis pelo abaixo-assinado dos moradores do Morro da Mata, Selma Alves Fiaschi conversou com a reportagem do PRIMEIRAFEIRA e falou sobre a falta de estrutura básica no bairro, o que motivou a cobrança junto aos poderes municipais e o pedido para que não sejam implantadas outras moradias populares.
“Primeiramente, quando a gente comprou o terreno, a imobiliária falou que ali ia ser uma área de lazer e nós pagamos bem caro por um terreno onde não tem uma praça ou uma caixa d’água. Se hoje não temos uma caixa d’água nem para os moradores do Morro da Mata imagina para mais casas”, questionou.
Ela se mostrou aliviada pelo projeto ter sido derrubado e cobrou mais investimentos na região. “Cada vereador que votou contra o projeto sabe que, quando compramos, nos prometeram que seria uma área de lazer. O bairro não tem um posto de saúde, não tem uma praça, uma escola”, completou.

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