Há um velho dito que diz “futebol, política e religião não se discutem”. Penso eu que tal dito popular envelheceu mal, mas é só uma opinião. Pois bem, são temas que sim, são para serem discutidos e debatidos. O primeiro se faz relevante principalmente ao ser analisado questões sociais, políticas e econômicas envolvendo diretamente o esporte, o assunto dá uma boa prosa.
Mas vamos lá, eu já gostei muito de futebol e em minha adolescência cheguei a frequentar uma determinada torcida organizada do Corinthians, sabia escalações, que jogador iria ou não entrar em campo, quais campeonatos o Timão estava com chances de ganhar ou não. Chorei no rebaixamento para a Série B do Brasileirão e chorei também no título mundial em 2012. Enfim, um bom torcedor.
Acontece que o tempo foi passando e outras preocupações foram se fazendo mais importante na vida de um jovem de família pobre; estudos, trabalho, família, outros gostos pessoais… e com isso fui me afastando do futebol, hoje mantenho meu gosto pelo esporte, mas não como antes, sei apenas o nome do goleiro Cássio da atual escalação do Corinthians.
Pois bem, na última terça-feira fui assistir ao jogo da seleção brasileira contra o principal rival, a Argentina. Todos viram o ocorrido antes mesmo de iniciar a partida, uma vergonha vivida no Maracanã, palco de muitas alegrias vividas por milhões de pessoas ao ver seu time campeão de algum torneio. Aliás, recentemente a belíssima vitória do Fluminense contra os argentinos do Boca Juniors pela Copa Libertadores da América.
Não vou comentar sobre a desorganização da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), mais difícil do que isso foi explicar ao Matias, um dos meus filhos (com três anos de idade) o que estava acontecendo ali. Imagine ter que explicar para uma criança que existem pessoas que brigam com outras por futebol, por divergências de torcidas, que é perigoso simplesmente torcer para um time… Como explicar que futebol não tem absolutamente nada a ver com aquelas cenas da TV? Que é muito mais do que os esquemas de corrupção envolvendo o esporte e, ao contrário de tudo isso, pode transformar vidas e ser extremamente saudável para o corpo e para a mente, para o individual e para o coletivo?
O futebol institucional, ao menos para mim, vem se tornando cada vez mais desinteressante, isso não pode contaminar o esporte em sua essência, aquele que milhares de crianças praticam em campinhos nos bairros, em escolas de futebol, aquele dos campeonatos locais ou regionais de uma cidade, aquele que após uma partida a gente se reúne para “uma resenha”, aquele que um veste a camiseta do Palmeiras, outro do Corinthians e vamos torcer, após o resultado, independente de qual for, nossa confraternização continua, nossa luta do cotidiano continua.
No fim das contas, não podemos permitir que tirem nosso prazer de simplesmente assistir um futebol com nossas crianças.
Um bom fim de semana a todos.