Ao assistir televisão nos deparamos com comerciais de pessoas entusiasmadas brindando felizes com cervejas. A mensagem embutida é: “Tome tal cerveja e você também será uma pessoa feliz”. Este é um pequeno exemplo de como a sociedade trata o uso da bebida alcoólica.
A benevolência e a concordância com o vício mascara o lado trágico do uso do álcool. Nesta mesma TV você assiste pessoas dirigindo alcoolizadas assassinando inocentes, homens armados sob influência da bebida praticando feminicídios, entre outros casos.
O alcoolismo é a quarta doença mais incapacitante, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que 10% da população é dependente da bebida alcoólica.
O álcool, nas primeiras doses, libera no cérebro a dopamina, substância neurotransmissora que causa sensação de alegria, euforia e descontração. Os indivíduos animados com estas sensações de bem-estar usam mais bebida alcoólica, que levará a um quadro incapacitante de falta de coordenação motora, sonolência, diminuição de reflexos e atitudes inadequadas.
Conselhos como beber com moderação normalmente não são seguidos. Organizações médicas aconselham que homens podem ingerir no máximo duas latas de cerveja por dia e mulheres, uma lata por dia. Mas quando a bebida pode se transformar em alcoolismo?
Quando você bebe nos finais de semana e passa a beber todos os dias; ou quando você não consegue interromper o uso contínuo de bebidas alcoólicas apesar de ter consciência dos malefícios por ela causados.
As complicações clínicas mais importantes do alcoolismo são:
•Aparelho Digestivo: com casos de gastrite, úlcera péptica, pancreatite, esteatose hepática (gordura no fígado), cirrose e hepatite;
•Câncer: causa o aumento das taxas de câncer de estômago / esôfago, cabeça, pescoço e pulmões;
•Sistema Nervoso: causador de neuropatia periférica (polineurite nas pernas) e risco aumentado de derrame;
•Sistema Vascular: causador de miocardiopatias, hipertensão arterial sistêmica, aumento de colesterol e triglicérides;
•Sistema Hematológico: causador de anemia megaloblástica (deficiência de ácido fólico) e deficiência de fatores de coagulação;
•Sistema Reprodutivo: provoca a diminuição da testosterona e disfunção erétil (impotência sexual).
Algumas doenças já existentes podem se agravar, tais como: hipertensão arterial, diabetes melitus, gastrites, úlceras pépticas, diverticulites etc.
O tratamento pode se tornar difícil pois o alcoólatra nunca se considera alcoólatra. A associação dos alcoólicos anônimos (AA) é de enorme utilidade pelo compartilhamento de depoimentos e o tratamento com psicólogo e psiquiatra com medicações ou até internação é de extrema importância.