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Em sua primeira candidatura a prefeito, Antônio Cordeiro aposta na experiência legislativa

São quase 12 anos como vereador, um período considerado por Antônio Cordeiro dos Santos (PT) como um aprendizado fundamental para se colocar como pré-candidato na disputa ao maior cargo da cidade, o de prefeito. Cordeiro sempre apontou vários problemas no município e agora mostra as soluções que promete aplicar se for escolhido. E muitas das soluções não estão nos cofres municipais. Cordeiro aposta no bom relacionamento que tem junto aos deputados do seu partido e na relação próxima ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Se o prefeito não tiver relações políticas para buscar recursos, não conseguirá fazer a diferença. E para isso eu estou pronto. Não tem como o prefeito fazer algo diferente sem recursos externos. O bom político é quem vai atrás de recursos do Estado, do governo federal, de onde tiver. O que sobra dos recursos municipais para investimento é quase nada”, disse na entrevista exclusiva ao PRIMEIRAFEIRA.

Além de resolver a questão da falta de água, um problema que acomete o município há anos, Cordeiro vê nos programas governamentais uma forma de melhorar a Saúde e a Educação do município, com a vinda de mais médicos e com a construção de escolas modelo, em tempo integral, oferecendo um novo espaço não apenas educacional, mas também de integração.

Confira a entrevista completa abaixo:

Por que o senhor quer ser prefeito de Salto?
Antônio Cordeiro:
Nos 12 anos que estive no Legislativo eu me qualifiquei para que a população tivesse uma opção diferente. Se o prefeito não tiver relações políticas para buscar recursos, não conseguirá fazer a diferença. E para isso eu estou pronto. Estou preparado e provei isso com os recursos que ajudei a trazer para a cidade.

O senhor não tem experiência no Executivo. O quanto isso pode influenciar na sua escolha dos eleitores?
Antônio Cordeiro:
Eu vejo que há uma dificuldade quando um candidato assume o Executivo sem ter passado pelo Legislativo. Na Câmara Municipal é onde construímos as leis, aprovamos o orçamento, estudamos as leis orçamentárias, entre outras tarefas. E os três mandatos que irei concluir no Legislativo será uma experiência política bastante importante que carregarei para o Executivo.

As convicções políticas e partidárias que o senhor tem podem influenciar de alguma forma em sua eleição?
Antônio Cordeiro:
Por eu ser sindicalista acham que eu tenho uma rixa com os empresários. O que eu tenho é uma disputa saudável com os empresários por melhorias nos salários, melhores condições de trabalho etc. A partir do momento que você é escolhido, é preciso deixar de lado qualquer tipo de divergência. O mesmo vale para o governo do Estado. É preciso chegar a um denominador comum para que o maior beneficiado seja a população. Se eu for escolhido para ser prefeito, me sentarei com todas as forças políticas do Estado e da nossa região para discutir o melhor para o povo, independentemente da cor partidária.

O senhor acha que a base petista da cidade pode ser um diferencial para a sua eleição?
Antônio Cordeiro:
Acredito que isso possa ser um fator positivo. O Partido dos Trabalhadores, PT, tem uma aceitação bastante grande. Se você pegar as pesquisas recentes em nível nacional, e que não deve ser muito diferente quando falamos apenas de Salto, temos cerca de 25% da população que se diz petista ou a apoiar um candidato do PT. O Lula foi eleito presidente com quase 50% de rejeição. No outro lado, existe uma parcela da população que confia no partido. Além dos 25% dos que certamente apoiarão um candidato apontado pelo presidente Lula, ainda temos outros 27% dos eleitores que cogitam votar num candidato do PT como dizem as pesquisas. Então essa é uma soma de mais de 50% dos eleitores.

Na sua visão, a eleição de 2024 seguirá polarizada como as últimas?
Antônio Cordeiro:
Não sei. Tudo vai depender da quantidade de candidatos que protocolarão suas candidaturas. No começo tínhamos a possibilidade de cinco ou seis candidatos, mas com o fechamento da janela partidária já ouvimos boatos de que teremos apenas três candidatos ou talvez quatro no máximo.

Como o senhor vê esse clima de rivalidade política mesmo depois do término das eleições?
Antônio Cordeiro:
A política tem de terminar no dia da eleição. Quando ela é prorrogada, só traz prejuízo para a população. O diálogo tem de ser aberto e temos de respeitar a escolha da população. Não importa quem seja o escolhido. Ele terá de saber se sentar com todos e dialogar.

O senhor tem um relacionamento estreito com o governo estadual e com o federal. Qual a importância disso?
Antônio Cordeiro:
Um exemplo claro é em relação ao Novo PAC, que é um recurso da União destinado aos municípios. Só que, se não formos buscar, Indaiatuba vai buscar, Itu vai buscar e outras cidades vizinhas também vão buscar. Salto foi contemplada em sete plataformas com cinco obras. Agora, por que Itu foi contemplada apenas em uma plataforma, Indaiatuba só em uma, Sorocaba com seus mais de meio milhão de habitantes recebeu recursos para apenas uma obra e Porto Feliz não ficou com nenhuma? Porque essas cidades não tiveram a ação política de ir buscar. Eu sou o vereador que mais trouxe recursos para a cidade de Salto. Da mesma forma que eu critico o Executivo, eu sou um dos que mais o ajudam com recursos externos. Não tem como o prefeito fazer algo diferente sem recursos externos. O bom político é quem vai atrás de recursos do Estado, do governo federal, de onde tiver. O que sobra dos recursos municipais para investimento é quase nada.

Se eleito, qual o grande desafio que o senhor vê à frente do Executivo e como pretende resolvê-lo?
Antônio Cordeiro:
Hoje temos em Salto dois grandes problemas que afligem nossa população: a Saúde e a falta d’água. Esses são os principais enfrentamentos que teremos, mas que devem ser tratados não somente com discursos. Se não buscarmos parcerias para obras, como os dois novos postos de Saúde contemplados pelo Novo PAC, não conseguiremos fazer a diferença. E digo mais. O ministro (de Relações Institucionais) Alexandre Padilha me falou que só não recebemos mais porque não tínhamos mais inscrições no programa. Com parcerias, conseguiremos trazer mais médicos para a cidade; conseguiremos avançar no horário de atendimento das clínicas e, certamente, os postos de Saúde irão desafogar. Em relação à água, os reservatórios que estão sendo construídos serão suficientes? Não sei. Agora, uma nova Estação de Tratamento de Água fará a diferença. Eu moro no Santa Cruz, uma região que abriga 32% da população da cidade e nada justifica a água sair de lá, vir para o Centro e só depois voltar para lá. A falta de uma ETA na região não é uma culpa apenas do prefeito Laerte (Sonsin Jr., do PL), mas de outras administrações, inclusive do PT, que não o fizeram. Não falta água na cidade. Falta água tratada.

Em relação à Educação, o senhor vê a possibilidade de construção ou ampliação da rede municipal?
Antônio Cordeiro:
A Educação é outra plataforma muito utilizada pelos políticos, mas que, de fato, não acontece. Em Salto, durante a administração do Juvenil Cirelli, também do PT, foram construídas sete novas creches e uma ficou com a licitação em andamento, que é a do Laguna. Essa do Laguna ficou sete anos parada nas outras administrações e só agora conseguimos recursos para retomar a obra e concluí-la. Através do Novo PAC teremos uma nova creche e uma escola modelo em tempo integral lá. Essa escola em tempo integral será modelo e deve contar inclusive com uma piscina. E acho que deveremos ter muitas outras dessas. Assim como temos os CEUs, em São Paulo, que aos finais de semana abrem as portas para que a população possa desfrutar da estrutura oferecida aos alunos. Transformar as escolas já existentes em tempo integral não vejo como algo possível, já que elas não são adaptadas para isso. As crianças não podem ficar todo o tempo sentadas numa cadeira. Tem de ter laboratórios, quadras poliesportivas e uma série de atividades no período escolar, como incentivo para que fiquem o dia todo.

O senhor sempre se mostrou crítico do subsídio ao transporte público. Se for eleito mudará algo nessa área?
Antônio Cordeiro:
Quando eu falo que o subsídio ou ajuda financeira para a empresa de ônibus não é a solução é porque estamos em constante contato com quem usa o transporte público. Com esses R$ 12 milhões que foram transferidos para a empresa, não houve melhoria nenhuma. Não se construiu um único ponto de ônibus sequer. Não trouxeram os ônibus novos que disseram que trariam e não se aumentou a frota. Tudo continua da mesma forma. Ah, mas você pode falar que diminuiu o preço da passagem. Eu não acho que R$ 0,20 ou R$ 0,30 a menos sejam suficientes para justificar esse repasse de dinheiro público. O subsídio pode existir, mas precisa ser muito melhor negociado junto à empresa, com contrapartidas maiores do que as que estão tendo. Eu comparo inclusive à Parceria Público-Privada firmada junto à CSO, que contemplou a construção de vários ecopontos e que melhorou o setor na cidade.

Como o senhor vê o Turismo para a cidade de Salto?
Antônio Cordeiro:
Recebemos uma parcela do Dade (Departamento de Apoio às Estâncias Turísticas) todo o ano. E essa verba deve ser usada para melhorar o Turismo, mas parece que isso não está acontecendo. Quando tivermos as áreas turísticas bem cuidadas, certamente haverá um retorno financeiro e maior fluxo de turistas. Não podemos ter em Salto, como estamos tendo, parques e praças sem investimento algum. No Parque do Lago, o empresário fechou a cantina porque não vai mais ninguém lá. A exceção talvez seja o Parque Rocha Moutonnée, que foi reformado.

E quais as melhorias que são necessárias em relação à segurança pública na opinião do senhor?
Antônio Cordeiro:
Primeiramente, temos de investir na muralha eletrônica. Cidades que são bem monitoradas e têm a interação entre as forças policiais oferecem mais segurança. O criminoso sabe em quais cidades tem mais vigilância e em quais não tem. Tanto que isso foi um problema relatado pelo comandante da Polícia Militar. Houve investimento nesse quesito, mas precisamos investir mais. Felizmente temos uma Guarda Municipal bastante efetiva, que acaba suprindo o déficit que temos de policiais militares e da Polícia Civil. Também é fundamental retornarmos o espaço específico da Delegacia da Mulher.

Se o senhor vencer, qual será a principal mudança que fará à frente da gestão pública?
Antônio Cordeiro:
Todos os anos o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo envia um relatório com apontamentos sobre a Câmara e a Prefeitura. E um dos principais apontamentos em relação ao Executivo é a falta de planejamento. Se não houver uma qualificação no setor de planejamento, o governo estará fadado a não dar certo. Se não planejar o orçamento direitinho, não dá certo. Se não tivermos projetos para buscar recursos fora, ficaremos sem esse dinheiro. Araraquara, por exemplo, recebeu R$ 140 milhões do governo federal para uma obra de infraestrutura viária. Outro exemplo é Franco da Rocha, que recebeu R$ 270 milhões para investir no combate ao desmoronamento das encostas. E tudo isso porque esses municípios têm um setor de planejamento. Então o básico do básico não está dando certo por aqui já.

Quatro anos são tempo suficiente para resolver os problemas da cidade que o senhor relatou?
Antônio Cordeiro:
Quatro anos são um tempo que dá para mostrar trabalho. Se um gestor não mostrar nada em quatro anos, o que ele vai dizer para a população se tentar se reeleger? A mudança tem de ser dentro de quatro anos. E todos os prefeitos eleitos eram conhecedores dos problemas da cidade. Não dá para assumir uma Prefeitura e só depois pensar em como resolver os problemas.

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