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Rigor e polêmica

A Câmara de Vereadores de Salto tomou uma decisão histórica e unânime na tarde de terça-feira (11) ao cassar o mandato de Daniel Bertani (Novo). Acusado de importunação sexual e quebra de decoro parlamentar, ele perdeu o cargo atual e ainda enfrentará uma inelegibilidade de oito anos daqui para frente, conforme estipulado pela Justiça Eleitoral. No entanto, a decisão, fruto de uma sessão extraordinária com grande presença de público, não deve se limitar à indignação demonstrada, mas também servir para reflexões.

Por exemplo, a Comissão de Ética, constituída para analisar a denúncia, depois de muitas idas e vindas, com integrantes deixando a investigação por conta da amizade com o vereador acusado, já havia concluído pela cassação e recomendado ao plenário, mas não fez ou pelo menos não divulgou que tivesse feito a investigação a respeito da denúncia de Bertani, de que estava sendo vítima de uma armação política orquestrada pelo presidente da Câmara, o vereador Edival Pereira Rosa (União Brasil), o Preto, e isto era necessário.

Não se está aqui tentando inocentar Bertani a respeito da denúncia que levou à sua cassação. Os vereadores que investigaram concluíram que ele realmente importunou uma assessora ao passar por ela em um corredor estreito e se esfregar nas partes íntimas dela, uma atitude registrada em vídeo que foi amplamente condenada e com razão pela sociedade, que esteve na Câmara para pedir a cassação, e pelos vereadores que julgaram o caso. Ele não teria chance de escapar diante do que foi demonstrado.

Mas a denúncia da armação não poderia ficar de lado, pois a assessora importunada é realmente ligada ao presidente da Câmara e Preto teve diversos desentendimentos com Bertani antes do episódio infeliz em que ele se envolveu. Apurar se as denúncias faziam sentido, ainda que não justificassem ou fossem argumentos para inocentar o vereador, era necessário para colocar as coisas nos seus devidos lugares, pois se trata de uma situação grave, que não pode acontecer tanto quanto a importunação sexual.

Que os cidadãos se lembrem disso para cobrar os responsáveis pela apuração na Comissão de Ética e também os demais vereadores, pois todos votaram no sentido de condenar o vereador acusado da importunação sexual, mas não foram justos com ele, porque não investigaram as denúncias que ele apontou. Embora nada justifique a ação que foi objeto da denúncia e por consequência da cassação efetiva do mandato do vereador, Bertani tinha o direito de ser ouvido na sua argumentação de defesa.

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