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Personal trainer ressalta a importância de idosos praticarem atividade física

O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos é comemorado no dia 28 de julho e essa data reforça a importância em cuidar da saúde e bem-estar deste público. A personal trainer saltense, Julie Jóia, trabalha com idosos desde 2019 e destaca a importância deste público realizar exercícios físicos e os benefícios que essa prática traz.

Julie Jóia conversou com a reportagem do PRIMEIRAFEIRA e explicou que, além de resultados físicos, como diminuição de dores, melhora em movimentos cotidianos e mais disposição, praticar atividades físicas auxilia também na saúde mental dos idosos. Isso porque faz com que eles tenham convívio com outras pessoas, façam amizades e socializem.

Confira a entrevista na íntegra:

Qual a importância dos idosos praticarem atividade física?

Julie Jóia: A importância vai desde o mental até a saúde física. Na parte mental sabemos que o idoso tem o seu filho e o seu neto, mas que não os vê sempre e por isso eles são muito carentes. E é um público que não falta, é muito raro eles faltarem em aula, então é uma coisa gostosa. Se você falar pra eles fazerem abdômen, eles tentam fazer, se esforçam. Então fazer atividades físicas ajuda desde o mental até a socialização.

A diferença sentida após começar a prática de exercícios físicos alcança também a saúde mental?

Julie Jóia: Principalmente o mental. Eu tenho três alunas, por exemplo, que já não tem mais família. Elas têm 83, 82 anos, já são bem idosas e elas são sozinhas, então elas fazem exercício comigo e ficam tentando ocupar o tempo. Às vezes no meu aniversário ou no aniversário de alguém fazemos uma festinha depois da aula e todo mundo participa e ninguém quer ir embora, é incrível.

Qual a diferença entre uma pessoa que sempre praticou atividades físicas e que continua praticando quando idosa e uma que nunca praticou atividade física e começa depois dos 60 anos? Há diferença nos benefícios?

Julie Jóia: Tem diferença porque a partir dos 30 anos a gente começa a perder massa magra, então quem faz exercício antes dos 30 e continua fazendo, a massa muscular já está rígida. E você percebe, por exemplo, a maioria das minhas idosas começam a partir dos 70 anos, é muito tardio, então você percebe que a maioria das idosas tem a parte de baixo fininha com pouca massa magra e já é mais ‘cheinha’ em cima. Só se elas fizerem um treinamento muito forte para conseguir ter o corpo de alguém que já treina há muito tempo. É muito difícil. Eu reparo em uma aluna que eu tenho, ela tem 67 anos e sempre fez exercícios e se você olhar pra ela de costas você fala que é uma jovem de 30 anos. Ela não tem problema no ombro e nenhum outro problema assim. E aí um idoso que nunca treinou pode ter artrose, ou algo do gênero.

Como você começou seu trabalho nesta área?

Julie Jóia: Eu me formei em Administração de Empresas e trabalhei em um local por cinco anos, aí surgiu a pandemia, eu quebrei o meu pé e saí dessa empresa que eu trabalhava. Nesse meio tempo eu já estava cursando Educação Física, mas não tinha coragem de pedir a conta, e aí quando quebrei o pé, fiquei oito meses afastada porque foi feio, tive que fazer cirurgia e tudo mais e depois eles me despediram. Então surgiu uma oportunidade de dar aula de Ginástica para idosos no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). E aí eu comecei a dar aula no Santa Cruz, Nações, CECAP e Salto São José e nisso meu trabalho foi sendo divulgado e fui começando outros trabalhos por fora.

Você atende outro público também ou hoje em dia você trabalha só com idosos?

Julie Jóia: Eu gosto bastante de pessoas em reabilitação. Não que eu não trabalhe com outros públicos, se aparecer eu faço. Só que é muito incrível que eu sou um imã de pessoas que precisam de reabilitação, alguns que precisam arrumar o ombro, por exemplo, ou que acabaram de fazer cirurgia. Então eu acabo voltando para a área da reabilitação.

Qual a diferença entre trabalhar com idosos e trabalhar com qualquer outro público?

Julie Jóia: A principal diferença é o comprometimento e que eles buscam exercícios realmente para a qualidade de vida. Os outros públicos, tem alguns que já tem problema de saúde cedo e por isso buscam exercício físico, mas a maioria é hipertrofia. Então você acaba pegando um pouquinho mais de amor por aqueles que estão fazendo para melhorar a qualidade de vida.

Qual a importância em ter um personal trainer acompanhado os idosos durante a prática de atividade física?

Julie Jóia: Tem gente que tem consciência corporal, mas tem pessoas que não tem. Consciência corporal é quando você vai fazer um movimento e você está concentrado naquilo. Em um agachamento, por exemplo, você vai com a coluna reta e volta com ela reta; concentração no joelho para que ele não se movimente; apoiar o pé completamente inteiro no chão. Então isso é necessário. Já os idosos não possuem concentração, quando vou fazer algum exercício com um idoso, ele já tenta fazer rápido e nisso pode se lesionar. Então quando tem um acompanhamento é mais difícil de se lesionar, porque muitas vezes ele já vem de uma lesão. A maioria corre para musculação quando o médico diz que ele precisa ganhar massa muscular, porque a maioria parte de tudo.

Como é o dia a dia do seu trabalho?

Julie Jóia: Eu sou personal trainer e por isso faço acompanhamento em academias e onde precisa, como residências e condomínios. Já fiz atividades também nos bairros de Salto, com o CRAS, com grupos de idosos. Só que o que ficou até hoje em dia mesmo foi o do Clube Saltense da Melhor Idade. Então, eu estou só dando aulas no clube e outras aulas em condomínios de Salto, Itu e Indaiatuba. Eu conheço bem meus alunos e sei o que cada um deles tem. Então eu sempre passo exercícios adaptados. Por exemplo, quando eu vou fazer um polichinelo, eu passo variações para quem tem algum problema no ombro ou em outro local. E sempre falo para eles que quando sentirem qualquer coisa é só me chamarem.

Eu faço bastante exercícios com eles de equilíbrio, então quem tem um equilíbrio maior coloca o pé na pontinha, já quem não tem puxa a cadeira e tenta segurar o mínimo possível para trabalhar o músculo da perna. Então é tudo adaptado e sempre fico falando, durante a aula toda, que se estiverem sentindo dor, que seja de articulação, ossos, eles precisam me chamar.

Tem algum aluno que chegou até você com uma mobilidade bem reduzida e hoje já teve uma melhora significante?

Julie Jóia: Tenho uma aluna, a Lourdes, ela fez cirurgia no ombro e precisou colocar pinos. Quando ela chegou pra mim, ela fazia um movimento muito limitado. Hoje ela consegue levantar o braço até a altura do peito. Foi bem devagarzinho, é um trabalho de fisioterapia, para falar bem a verdade. Eu tenho uma outra aluna também, ela tem 87 anos e mora em Indaiatuba. Quando eu cheguei para trabalhar com ela, o filho dela me disse que ela estava com dificuldade em levantar da cama. Tanto que quando eu cheguei ela estava na cama e ela só levantava com o andador, mas ela não queria andar assim. Ela saía apoiando nos móveis para conseguir andar um pouco e hoje não, hoje ela anda normal.

Além dos exercícios, é importante que os idosos tenham um acompanhamento e um cuidado com a alimentação também?

Julie Jóia: Eu passo alguns contatos de nutricionistas para eles, mas a maioria não segue, só faz o exercício físico mesmo. Mas mesmo você não seguindo tanto a alimentação e você fazendo a ginástica, a musculação, você consegue melhorar. Tenho uma aluna, a Patrícia, que tem 40 e poucos anos e ela tem pressão e triglicérides alto. Depois que ela começou a fazer exercício, tudo estabilizou, ela até toma remédio e às vezes a pressão e o triglicérides até ficam muito baixos porque já normalizou com o exercício.

Qual a parte mais gratificante do seu trabalho?

Julie Jóia: Eu acredito que quando você finaliza a aula e todos os alunos começam a bater palma e me abraçam, porque nós temos um carinho muito grande. Tanto que tem uma das minhas alunas que mora na esquina do clube, e ela caiu esses dias e se machucou e sempre vou visitá-la. Ela sempre me traz alguma coisa, esses dias me deu uma sacola de limão. Eles são muito carinhosos e é difícil sair da aula. Eu finalizo com eles às 9h, mas não posso marcar um próximo aluno às 9h10, por exemplo, porque sempre ficamos batendo um papo depois das aulas.

Qual o seu principal conselho para a família dos idosos?

Julie Jóia: Para as pessoas darem uma olhada para seus avós, sua mãe e seu pai. Às vezes o idoso está com um tempo ocioso e tem algo tão bacana para se investir, que é a saúde dos idosos, até mesmo para fortalecer a independência dele. Muitos moram sozinhos e precisam de exercícios físicos para continuarem independentes.

::Serviço::

Para quem quiser conhecer mais sobre o trabalho de Julie basta acessar suas redes sociais (@juliejoia_personal) ou através do WhatsApp (11) 99609-6011.

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