A Frente Parlamentar da Saúde da Câmara de Vereadores de Salto apresentou um relatório com diversos problemas encontrados no Hospital e Maternidade Municipal Nossa Senhora do Monte Serrat e no Ambulatório de Especialidades (AME). As irregularidades vão desde deficiências na estrutura física do prédio e mobiliário até a falta de profissionais de enfermagem.
Desde o mês de maio, os vereadores que compõem a Frente Parlamentar realizaram diversas visitas ao hospital e constataram, entre outros problemas: teto com infiltrações e mofo nas áreas de atendimento, consultórios com janelas quebradas, ferrugem e ausência de telas, portas e azulejos danificados, parte elétrica comprometida, ausência de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e salas sem climatização ou ventilação adequada.
Em relação aos equipamentos e mobiliário hospitalar, os parlamentares verificaram: sala de enfermagem inadequada para a equipe, sala de vacinação sem refrigeração ideal, 20 leitos hospitalares danificados e que precisam ser substituídos, equipamentos de oxigênio antigos ou com mau funcionamento, falta de macas, cadeiras de rodas e colchões hospitalares em bom estado, necessidade de ventiladores adequados para a pediatria, centro obstétrico com estrutura deficitária e sem aparelho de ultrassom, clínica médica com equipamentos desatualizados, ausência de sala para exames ginecológicos com estrutura adequada, maternidade sem condições para realização de partos humanizados, pontos de enfermagem deteriorados, problemas graves nos setores de diagnóstico por imagem e ultrassom, além da inexistência de estrutura para instalação de um aparelho de ressonância magnética, entre outras inadequações.
Também foi constatada deficiência na equipe de enfermagem. Atualmente, são 65 profissionais atuando, quando o ideal seria pelo menos 80. A justificativa do IGATS (Instituto de Gestão, Administração e Treinamento em Saúde), responsável pela administração da unidade, é a dificuldade para contratação de novos profissionais.
Além disso, a Frente identificou enfermeiros sobrecarregados no pronto atendimento, situação crítica na escala de plantões, ausência de especialistas em neurologia (AVC), cardiologia (infarto), neonatologia e pediatria de alta complexidade, relatos de profissionais sem treinamentos atualizados, além da falta de EPIs e uniformes adequados.
O diretor do IGATS, Geison Roger Galhardo, apresentou à Secretaria de Saúde uma proposta de substituição de auxiliares de enfermagem por técnicos de enfermagem — que possuem maior qualificação, maior remuneração e estão em maior número no mercado de trabalho.
Uma das sugestões incluídas no relatório é a contratação de uma empresa independente para auditar as prestações de contas do IGATS, considerando a dificuldade enfrentada por servidores da Secretaria de Saúde para verificar a correta aplicação dos recursos.
O objetivo da Frente Parlamentar é apurar possíveis irregularidades e responsabilidades na gestão do hospital, dos atendimentos de urgência e emergência (adulto, gestante e infantil), e de todo o fluxo dos serviços, desde a recepção do paciente, passando por triagem, consultas médicas, medicação e exames, até a alta hospitalar. Além disso, busca acompanhar a execução dos serviços contratados, fiscalizar a aplicação de recursos públicos, ouvir os usuários e promover debates em parceria com a Secretaria de Saúde.
A Frente Parlamentar da Saúde permanecerá ativa por 12 meses. Um novo relatório será apresentado em dezembro, com a atualização do monitoramento das ações, incluindo dados sobre faturamento de operações e prestação de serviços, materiais e medicamentos utilizados no atendimento ambulatorial e hospitalar. Esses dados servirão para gerar indicadores sobre produção, qualidade, custos e receitas dos serviços prestados.