O alerta do comandante da Polícia Militar, Capitão Danillo Lopes de Andrade, durante a reunião, na terça-feira (16), que discutiu a onda de furtos registrada na cidade no final de semana, sobre a possibilidade de surgimento de “cracolândias” em Salto, evidencia a urgência da formação de uma força-tarefa multidimensional para enfrentar o problema com mais acerto e mais efetividade.
Após revelar o receio de que moradores de rua, que estão tomando a cidade, muitos dos quais com envolvimento com o tráfico de drogas, venham a criar pontos de consumo como as “cracolândias”, o Comandante foi criticado nas redes sociais por internautas que acharam que ele não deveria apontar o problema, mas assumir a responsabilidade por ele e tomar providências.
Acontece que a Polícia Militar sozinha não conseguirá conter a expansão da violência, ainda que faça rondas ostensivas e operações localizadas, pois não se trata de um problema isolado de insegurança. Antes de tudo, o consumo de drogas e os moradores de rua são problemas de saúde pública e de política social, que requerem a parceria do Poder Público para ações coordenadas.
As declarações do prefeito Laerte Sonsin Jr. (PL) e do delegado da Polícia Civil, Dr. Wesley Franklin de Paula, na mesma reunião, ressaltando a importância da colaboração entre autoridades, comerciantes e a comunidade em geral, são louváveis e corretas. De fato, como já dito em relação aos moradores de rua e ao consumo de drogas, o combate à violência exige um esforço conjunto que requer a participação ativa de todos os setores da sociedade.
Neste sentido, a integração de câmeras de segurança e o reforço da presença policial nos pontos críticos, medidas anunciadas na reunião, são importantes, mas precisam ser complementadas, para terem real efetividade, e devem ser complementadas por iniciativas que abordem as causas subjacentes do problema, como a falta de moradia, o desemprego e a falta de acesso a tratamento para dependência química.
É fundamental ainda investir em programas de conscientização e prevenção ao uso de drogas, bem como em ações que promovam a reintegração social dos moradores de rua. Posto que a legislação proíbe a internação compulsória de dependentes químicos ou qualquer afastamento de pessoas em situação de rua, oriundas de outras cidades, o que constitui o grande desafio dessa questão.