Mesmo com um aporte da Prefeitura de Salto, que pode chegar a R$ 12 milhões no primeiro ano, através de um subsídio previsto na Lei Orçamentária, a qualidade do transporte público urbano não vai melhorar se não houver mudanças na forma de prestação do serviço, na opinião do vereador Fábio Jorge (PSD).
Um dos principais críticos do projeto apresentado pelo prefeito Laerte Sonsin Jr (PL) e que será votado na sessão da próxima semana, Fábio defende que a Prefeitura abra diálogo com a empresa Sou Salto, responsável pelo serviço, para readequar o contrato firmado em 2018. “Hoje o maior problema é o contrato. Ele foi feito em 2018 e do jeito errado. Primeiro que 550 mil passageiros (estimativa para utilização mensal prevista no contrato) nunca existiu e isto trava o contrato. Hoje toda vez que tem menos passageiros que esses 550 mil, a Prefeitura já tem de socorrer a empresa. Então, já há um subsídio, porque a empresa recebe de alguma maneira, quando entra com um processo administrativo”.
A Prefeitura de Salto informou por meio de nota que o contrato só pode ser revisto em casos excepcionais e que seria possível até rescindi-lo nesse caso.
De acordo com o vereador, a avaliação do serviço piorou desde que a empresa atual assumiu no lugar da Auto Ônibus Nardelli, que atendeu Salto por mais de 50 anos. A avaliação se baseia em um instrumento que o vereador criou para acompanhar a situação do transporte. Sem ter acesso aos dados referente à utilização dos ônibus, Fábio Jorge criou uma ferramenta que chamou de “Fiscal do Busão”, na qual os passageiros podem, através de um número de WhatsApp, fazer reclamações do transporte público, de atrasos nas linhas até problemas nos veículos. “As pessoas reclamam muito do transporte público, mas temos poucos dados. Os dados ficam com a empresa. Quero reunir o maior número de reclamações para apresentar nas reuniões. Sempre a desculpa (da empresa) é de que não tem reclamações registradas. Agora terá”.
Sobre as reclamações do vereador, o Executivo informou que as mudanças nos itinerários foram realizadas tanto a pedido de populares, quanto de vereadores, além de outras mudanças visando agilizar o itinerário das linhas, evitando voltas desnecessárias. “As alterações agradam alguns e desagradam outros, mas deve-se ter em mente que as linhas são coletivas e atendem a trabalhadores de diferentes empresas e comércios, além de estudantes”.
A Prefeitura acrescentou ainda que toma ciência das reclamações, em grande parte, pela Ouvidoria do município e observa-se nos relatórios que as reclamações têm se reduzido gradativamente com o aumento dos horários e com as linhas implantadas para atender novos bairros.
Para o vereador, o projeto deve ser votado na semana que vem sem que o estudo contratado pela Prefeitura, que iria avaliar o valor da tarifa técnica, ficasse pronto. “Queria pelo menos esperar que o estudo da Prefeitura ficasse pronto. Meu medo é que esse um milhão de reais (estimativa mensal de subsídio) se tornem dois, três (milhões) de reais, nos próximos anos”, disse.
O contrato tem vigência até o ano de 2028 e até lá, o vereador promete uma intensa cobrança para que ele seja revisto. “Temos mais alguns anos de contrato e precisamos tentar alguma coisa. Teríamos de acionar o Ministério Público ou a Prefeitura tentar um acordo com a empresa. O contrato faz a empresa encher o ônibus para ganhar dinheiro, mas o objetivo não é esse”, afirmou.