Arte é manifesto. É a voz do mundo. É o que a notícia escolhe calar. É o que a mídia deixa de falar.
A verdade está na arte.
Quebra da anestesia, sussurro de verdade, nas entrelinhas.
“Afasta de mim esse cálice”.
Na penumbra da Ditadura, arte-denúncia. “Apesar de você. Amanhã há de ser outro dia”.
Fazer arte é resistência, é político, é sentimental.
E o artista escolhe, contra toda a doutrina capitalista, toda a engrenagem de um mundo mecânico, contra os homens de bigode, contra as pernas do bonde.
O artista escolhe (ou talvez seja inevitável) trazer cor a um mundo engravatado. Trazer luz ao ideológico escurecido.
Arte é grito no tímpano.
Arte é uma plateia lotada, de terno e gravata, que aplaude, emociona, chora. E sai, vai embora.
Com uma pergunta que se forma (no fundo no fundo); profundamente, questiona: “e se?”.
Mas no fim do dia a engrenagem do mundo ainda gira, ela tem que ser girada por alguém.
Deixa lá o artista, deixa lá a arte para quem se deixa sonhar, se deixa revolucionar.
Ora pois não ensurdeça com a cultura de massa.
Sociólogos da Escola de Frankfurt já condenavam a arte capital, que visava ao lucro, tornando-se mera ferramenta para tanto.
Criando população alienada, doutrinada pela maquinaria da economia.
Silencia as denúncias, silencia a vida.
Arte de mercado, rasa, comprada. Propaganda dos dominantes, hipnose aos dominados.
A arte crua, orgânica, sem amarras, ela toca e marca e move e instiga e transforma.
Questiona as ideologias vigentes, o status-quo, simulacros da realidade.
Ela ultrapassa o espetáculo, Stanislavski defendia, é a arte da vida.
E como dizia Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”.
Carol Rosa, estudante e poeta