Psicóloga afirma que comportamentos podem se alterar conforme a realidade enfrentada pela pessoa
Muitas vezes as pessoas surpreendem até quem é mais próximo delas por mudarem seus valores de vida. Alguém que sempre prezou a família, de repente passa a trabalhar demais e esquece dos seus entes queridos. Ou então alguém que sempre defendeu a honestidade e a verdade se vê envolvido em uma rede mentiras e intrigas por determinadas situações. Os valores de vida são princípios e crenças que não deveriam mudar, mas mudam.
A psicóloga Débora dos Santos, que trabalha com Abordagem Comportamental em Foco na Terapia de Aceitação e Compromisso em Salto, explica que há valores que podem mudar e há outros que podem ser acrescentados ao longo da vida por diversas situações estabelecidas pela realidade que a pessoa enfrenta em um determinado momento ou permanentemente.
De acordo com ela, os valores de vida de cada pessoa são desenvolvidos desde a sua infância, através da sua criação, cultura, convivência social e aprendizado. Eles são os princípios e crenças que governam as escolhas, ações e comportamentos de cada ser humano, mas, dependendo da forma como as coisas acontecem, pode não ser saudável para a saúde psicológica, como por exemplo a pessoa que tem sua família como um dos seus valores principais, mas acaba passando horas no trabalho e deixando sua família de lado ou aquelas que zelam pela honestidade, mas acabam mentindo em determinadas situações.
Acontecimentos como estes podem fazer as pessoas adoecerem e viverem com dúvidas sobre suas decisões ou com arrependimento das decisões tomadas, fazendo com que percam o sentimento da vida e por muitas vezes não se encontrarem mais. “A parte mais difícil é que muitas vezes não há tempo ou disponibilidade para se conhecer o suficiente, para se olhar e ver seus valores”, destacou a psicóloga.
Débora ressalta que a pessoa que não segue seus valores de vida ou não os conhece acabam vivendo por objetivos, como por exemplo: comprar um carro, conquistar uma determinada pessoa ou conseguir uma vaga de trabalho e, com isso, quando esse objetivo é cumprido, a pessoa se vê desmotivada e sem vontade de aproveitar as suas conquistas e aí ela se frustra.
“Isto acontece muito com quem vive por objetivos e não pelos valores de vida, pois os objetivos têm um fim e os valores não. O valor de ser um bom marido nunca acaba ou um valor de ser um ótimo profissional nunca acaba, pois nunca a pessoa vai ser um bom marido o suficiente ou vai ser um ótimo profissional o suficiente. Sempre vai haver espaço para melhorias, crescimentos e conquistas”, explica.
Diante da importância dos valores na vida de cada pessoa é imprescindível se conhecer e realizar uma auto-observação, se atentando ao modo como age no dia a dia, seu modo de criação, história de vida e como vê o mundo. Muitas vezes essa não é uma missão fácil para se realizar sozinho e é preciso a orientação de um psicólogo, que realizará uma ajuda específica e facilitará o contato com seus valores e sentimentos.
“Estar a aberto a se conhecer não é um processo fácil e pode ser doloroso, mas há muitos benefícios para a saúde psicológica e física e para levar a uma vida de qualidade e com significado”, finaliza a psicóloga.