Com o fim do estado de emergência por causa da pandemia da Covid-19, decretado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, no início deste mês, uma discussão comportamental que voltou com mais intensidade foi sobre o tipo de trabalho que se deve ter daqui para a frente: presencial, home office ou um híbrido das duas?
Responder a essa pergunta é como dar um Google sobre qualquer assunto, já que o buscador mais procurado na internet em todo o mundo sempre tem os dois lados bastante fortalecidos com argumentos técnicos ou emocionais, tornando a escolha ainda mais difícil, dado o número maior de oportunidades em cada caso.
A psicóloga Maíra Fernanda do Amaral, ouvida pelo PRIMEIRAFEIRA, é mais taxativa em relação a essa escolha. Ela afirma que é preciso driblar os pontos negativos do home office e valorizar o contato pessoal, pois ele é fundamental.
Segundo a psicóloga, é importante para todos os indivíduos se relacionarem com o meio à sua volta, já que dessa forma recebem diversos estímulos e aumentam sua percepção, atenção, imaginação e memória, gerando crescimento e desenvolvimento pessoal.
“No trabalho remoto, as relações tendem a ficar mais automáticas e superficiais, fazendo com que muitas vezes o funcionário se sinta somente um número e se cobre muito mais no trabalho, podendo gerar quadros de ansiedade e de depressão”, disse ela.
Claudiney Bravo, da empresa Bravo Cultural, relatou que trabalha no formato home office há bastante tempo, fazendo projetos de engenharia para empresas de outras cidades e na organização dos eventos de sua empresa e que se sente bem com esse formato.
Para ele, o lado positivo de realizar seu trabalho de forma remota é que o trabalho pode ser executado em horários bastantes flexíveis, uma vez que é ele mesmo quem define seu horário, e o produtor afirma que sobra mais tempo para a família com o home office.
Já Edson Siqueira, corretor de imóveis, disse que o trabalho à distância não funciona no seu caso. “Eu preciso estar lá, mostrar os imóveis, falar das vantagens. Não tem como você fechar um negócio sem o contato pessoal, porque você perde a atenção da reação”.
Por esses prós e contras, a recomendação da psicóloga Maíra Fernanda é que as pessoas tentem ver os pontos negativos e positivos antes de decidir por qual modelo vão optar e, se puderem, fazer uma escolha que combine um e outro, o híbrido, seria o ideal.
“É importante que os profissionais que trabalham em home office criem uma rotina estruturada, como, por exemplo, acordar com antecedência e até mesmo se arrumar como se estivessem indo para o trabalho presencial e que mantenham rotinas de horários”.
Quando possível, a psicóloga afirma que é importante separar um local exclusivo para o trabalho remoto e, além disso, quando for necessário resolver algum assunto mais complexo, a dica é fazê-lo através de ligação e não chat, a forma mais usada no home office.
Várias empresas descobriram outras possibilidades com a mudança de modelo de trabalho e optam por manter alguns funcionários em home e outros presenciais, dependendo da função que têm e como se aplicam ao desempenho dela.
Essa possibilidade também permitiu que alguns possam fazer dois ou três dias de home e o restante da semana de forma presencial. Assim conseguem equilibrar as ações que demandam mais ou menos a presença do funcionário e ainda o seu desempenho.
Maíra Fernanda recomenda que no home office o funcionário encerre sua jornada de trabalho no horário proposto. Que tenha tempo para descanso e para praticar seus hobbies. E que não dispense as reuniões com os amigos depois do trabalho.
“A prática de atividades e hobbies com um grupo de pessoas mantém a vida social e areja a cabeça. Por último, o meu conselho a todos, sejam os que trabalham em home ou presencialmente, é ser gentil com você e saber reconhecer suas necessidades”.