Cidades

Interligadas

Contradição inaceitável

A reportagem do PRIMEIRAFEIRA flagrou esta semana uma contradição inaceitável em relação à saúde da população feminina na cidade: em pleno período de “Outubro Rosa”, uma campanha mundial de conscientização para o combate ao câncer de colo de útero e de mama, pacientes são obrigadas a esperar, em média, por quatro meses para realizar consultas com ginecologistas.
A denúncia chegou à redação por meio de leitoras e internautas que acompanham o jornal e que se sentem menosprezadas diante desse quadro, sobretudo quando se tem uma campanha desse porte e dessa importância em curso. E elas não estão erradas, afinal de que vale incentivar a conscientização se ela não pode ser colocada em prática e ainda mais dada a importância dessa ação?
De acordo com números do governo federal, excluídos os de tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no Brasil. Para o ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres no geral e no Estado de São Paulo de 10,52 casos no mesmo universo.
No caso do câncer de mama, a situação é mais grave ainda. O Instituto Nacional do Câncer estima 73.610 casos novos de câncer de mama neste ano em todo o país, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil. A taxa de mortalidade ajustada por idade é 11,71/100 mil (18.139 óbitos).
Apesar de a Secretaria de Saúde da Prefeitura ter informado que contratou mais três ginecologistas através de concurso público e que, além dessas contratações, existem os médicos de Saúde da Estratégia, que também fazem os atendimentos, está claro que esses contratados somados aos atuais ainda não são suficientes, posto que a reportagem flagrou casos de nove meses de espera.
Independentemente da falta de médicos e da dificuldade de a administração contratar mais profissionais, o que é evidente, e também da dificuldade de criar estruturas que possam dar vazão a essa demanda, era fundamental que, ao se colocar na rua uma campanha como o “Outubro Rosa”, se pensasse em uma força-tarefa para fazer jus à convocação das mulheres para o exame e cuidados.

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