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Endereço de matuto

É um poema de um matuto descrevendo o endereço dele.
Começa assim: “Daqui até lá em casa, no Sítio Caga Chapéu, oxi, dá um bocado de léguas, mas não é leguinha besta, nem légua de beiço não: é légua medida a rabo de cão”.
E continuou: “Você saindo daqui, nem querendo você erra. No oitão do cemitério, tu pegas uma viela de terra, desce em Tonho Farinheiro, passa a água branca, se senta de Zefinha lavadeira. Daí para frente é estrada. Depois da reta pegada, avista o esbarro de água do pai de Mané maior e avista o tamarineiro floreado e sombreado do seu Zé Vacinador. Quando chega nas quebradas do rabo de Magaiba (cidade do Rio Grande do Norte), pega um mato “embamborrado” que o cabra morre, num chega no lajedo da formiga. Avistando um pé de pau com paricência de ipê, aí o compadre vê uma pista reganhada prontinha, oferecendo pro cabra que aparecer”.
Depois dá outra sugestão: “Mas caso você não queira, diz, essa eu não aprecio, ai tu pegas uma trilha carroçada com duas baixas dos lados de uma cabeleira no meio, bem dizer, já tamo dentro da avenida do capim. Toca em riba da babugi e toma a rédea esticada do começo até o fim. É estrada festejada por cerca de todo tipo. É cerca de enchimento de vara de pau a pique, de lance de avelós de pedra cano no chão, forrada, dobrada, aramada e travessão, abre e fecha porteira”.
E continua: “Porteira de pau em pé, de mourão de pau corrido de colchetes zigue-zague e o cabra se bater numa porteira lambuzada de azul, aí o compadre errou… Volte dez braças pra traz e quebra o braço direito onde começa a amargosa terra do meu avô, chegando numa caieira de pretura carbonada, pega a subida abusada. É ladeira enladeirada. Se o cabra sobe fumando, cai cinza dentro dos olhos, bem dizer não chega em riba pega a gangorra descendo da ribanceira na baixa é o sítio “Caga Chapéu” e avistando um mundaréu, dali você tá me vendo. Vê gado e capim mimoso, vê laranja, limão e caju e, para chegar no meu terreiro, é rodear o açude que o cabloco morre em cima. O cabloco se anima na sombra do Juazeiro, é uma casinha alpendrada, o cachorro é Barry White, mas abana o rabo quando vê véio e cuscuz…”

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