Cidades

Interligadas

Estudo revela que Salto tem hoje tarifa mais cara e transporte pior que Indaiatuba, embora a empresa seja do mesmo grupo

Levantamento foi realizado pelo Núcleo de Estudos das Cidades, composto por professores da USP, de São Carlos; Ufscar da mesma cidade e Faculdade de Tecnologia de Jaú

 

Uma pesquisa, realizada pelo Núcleo de Estudos das Cidades, que é composto por professores da Universidade de São Paulo (USP), de São Carlos; Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e Faculdade de Tecnologia de Jaú, aponta que Salto tem tarifa maior e transporte pior que Indaiatuba, embora as empresas responsáveis pelo serviço tanto na cidade vizinha quanto no município sejam do mesmo grupo.

Salto aparece no levantamento em 45º lugar entre 81 cidades do mesmo porte no Estado de São Paulo que estão com tarifas maiores. A passagem na cidade custa atualmente R$ 4,20. O transporte público é avaliado com nota 6 em uma escala de zero a 10. Já Indaiatuba possui tarifa de R$ 4,10 e a avaliação da qualidade do transporte recebeu nota 8,4. O levantamento revela que Paulínia, na região de Campinas, tem a tarifa mais baixa e a melhor avaliação do serviço. A cidade cobra R$ 1 na passagem e recebeu nota 10.

A maior tarifa do Estado de São Paulo atualmente é a praticada em São Bernardo do Campo: hoje ela é de R$ 5,75, valor ajustado em dezembro de 2022. Já em Diadema, a passagem passou a custar R$ 5,50 no final do ano passado, mas o sistema inclui benefícios que reduzem o valor final a R$ 4,25.

A Prefeitura de Salto também espera reduzir o valor final da tarifa com a implantação de um subsídio ao setor, semelhante ao que a empresa do mesmo grupo que opera em Salto conseguiu em Indaiatuba. O projeto está na Câmara e aguarda análise das comissões permanentes para ser levado à votação no plenário.

Se o subsídio for aprovado pelos vereadores nos termos colocados pelo prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL), de transferência da Prefeitura para a empresa do equivalente a até R$ 12 milhões por ano, estima-se que a tarifa cairá para R$ 3,80. Neste caso, todos os contribuintes, mesmo aqueles que não usam o transporte público, bancarão o subsídio que foi alocado no orçamento da cidade.

Caso os vereadores não aprovem o benefício e a Prefeitura atenda a sugestão de aumento no valor da tarifa, feita pelo Conselho Municipal de Trânsito e Transporte, elevando os atuais R$ 4,20 para R$ 6,00, Salto deverá ter a maior tarifa do Estado. A proposta do Conselho é considerada alta, mas a reivindicação da empresa Sou Salto, que responde pelo transporte público local hoje, é maior ainda: a solicitação de aumento foi para elevar a tarifa a R$ 9,19.

Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, em janeiro deste ano, mostra as maiores tarifas do país giram em torno de R$ 6,00.
A maior tarifa de transporte público cobrada no Brasil hoje, segundo o levantamento, é de R$ 6,10, em Caxias do Sul, cidade que tem mais de 500 mil habitantes, mais de três vezes a população de Salto.

Além disso, em todo o território nacional, apenas outras quatro cidades têm tarifas que chegam aos R$ 6: São José dos Pinhas (PR), Blumenau (SC), Florianópolis (SC) e Porto Velho (RO).

 

Municípios buscam soluções para baratear o serviço

Outro estudo divulgado em 2019 pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) revelou que a oferta de transporte gratuito ou com tarifas reduzidas é viável na maior parte das cidades brasileiras.

Entre as soluções propostas no estudo estão a utilização de recursos próprios com o aumento de impostos do tipo IPTU e IPVA, uso do espaço público (como, por exemplo, a cobrança do estacionamento rotativo) e a taxação de combustíveis. Em contrapartida, os municípios poderiam ter uma redução no número de acidentes de trânsito e a redução do trânsito de veículos individuais.

No Brasil, algumas cidades conseguiram aplicar soluções que possibilitaram à população pagar uma tarifa menor. O principal exemplo é o da cidade de Paulínia, que possui a menor tarifa do Brasil, cobrando R$ 1 pela passagem. Isto ocorre através do repasse de R$ 11,4 milhões de subsídio por ano. Em média, 750 mil pessoas utilizam o transporte público em Paulínia por mês.

Já em Curitiba (PR), a tarifa foi reduzida para quem utiliza o transporte público em horário de pico, fazendo com que as linhas mantenham um número constante de usuários e ajudando a suprir o custo da operação.

Já em Itajaí (SC), a tarifa custa R$ 6, mesmo valor proposto na cidade de Salto pelo Conselho Municipal de Trânsito e Transporte. Porém, na cidade catarinense, o valor vale para a utilização do transporte durante todo o dia. Ou seja, paga-se um único valor para usar quantas vezes quiser. Ainda assim, para quem preferir, a cidade mantém a cobrança da passagem única, no valor de R$ 4,50. Para conseguir essa oferta, a Prefeitura local irá investir aproximadamente R$ 1 milhão ao mês.

COMPARTILHE