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Fábricas e seus operários

A cidade de Salto é marcada por uma pluralidade em seu desenvolvimento cultural ao longo dos anos. Uma cidade conhecida pelas suas festas sendo, inclusive, uma referência regional nas manifestações artísticas. Salto é uma cidade de trabalhadores, operários que vieram de diversas partes do Brasil e de outros países e atuaram em fábricas da cidade. Esse desenvolvimento fabril é destacado naquela que deve ser a primeira obra publicada em livro na cidade, o “Município de Salto”, escrito pelo Dr. Adriano Randi, em 1959. Veja o que o autor escreveu na obra mencionada:
“A instalação de fábricas de tecidos e da primeira fábrica de papel montada no Brasil vem dar um grande impulso na cidade, tornando-se então uma colmeia de trabalhadores. Foi muitas vezes visitada por importantes cientistas, escritores e poetas que lhe dedicaram inúmeras páginas, imortalizando-a, graças à sua magnífica cascata, ornamentada pela exuberante vegetação que a rodeia e ao alarido alegre das andorinhas e dos taperás que nas suas pedras fizeram morada.”
Em outro trecho, o médico sanitarista cita o professor e historiador Tancredo do Amaral, patrono de uma escola estadual no centro da cidade.
“Em sua obra intitulada ‘O Estado de São Paulo’, Tancredo do Amaral escreveu em 1896: “a seis quilômetros de Itú, acha-se situada a Vila de Salto de Itú, que possue três fábricas de tecidos de algodão e uma de papel. Depois da capital é o município mais industrial”. – Procurei manter a escrita tal como na publicação do final da década de 1950.
Uma área do estudo de história das cidades que merecem uma atenção, e Salto não foge disso por seu potencial para tal desenvolvimento, é o da história dos operários, homens e mulheres que contribuíram de maneira significativa para o desenvolvimento econômico da cidade, muitos deles no anonimato, lutando para sobreviver e cuidar dos seus. Operariado que, apesar do que já foi escrito em bibliografia sobre a cidade, teve sua vida fortemente alterada por rumos políticos neste país, como no período de Ditadura Militar (1964-1985) e tiveram suas vozes silenciadas, seus feitos propositalmente esquecidos.
Essa linha entre a memória e o esquecimento, ambas ações que geram fortes impactos e discussões que mexem com os ânimos das atuais gerações, são áreas de atuações que o historiador tem como possibilidades de trabalho. Espaços como os Museus tem potencial para promover ricos debates em torno do assunto, espaços como este, o dedinho de prosa, também.
Um bom fim de semana a todos!

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