O Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu uma investigação num programa de bolsas de estudo para pessoas em situação de carência econômicaoferecidos pela Prefeitura de Indaiatuba. O caso ganhou repercussão nacional após ser exibido no Fantástico, programa da TV Globo, no domingo (9).
Segundo a denúncia, estudantescom alto poder aquisitivo estariam recebendo reembolso por meio do programa Passe Bolsa, destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade. Uma das estudantes que recebeu o benefício, foi SamyaArthuzo, filha de uma procuradora no município de Salto.
Estudante de medicina, ela faz estágio em uma faculdade nos Estados Unidos e mora em um condomínio, onde as residências estão avaliadas entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, conforme a reportagem. Ela recebeu mais de R$ 32 mil entre 2024 e 2025. Os pais de Samya informaram, através de nota, que quando o pedido de bolsa foi formulado, não havia restrição de renda.
A reportagem cita outros casos como a de uma dona de uma clínica de estética que recebeu mais de R$ 50 mil só em 2025, e de uma estudante cujos pais são donos de uma das principais corretoras de imóveis de Indaiatuba, que recebeu mais de R$ 10 mil de reembolso.
O levantamento mostra que cerca de 170 estudantes receberam R$ 967 mil entre 2023 e julho deste ano, dos quais, mais da metade do valor, cerca de R$ 513 mil ficou concentrado com apenas 25 pessoas, entre elas as expostas na reportagem.
O prefeito de Indaiatuba, Custódio Tavares Dias Neto, respondeu ao Ministério Público que todos os estudantes cadastrados atendem todos os requisitos da lei. Em comunicado no site oficial, a Prefeitura de Indaiatuba informou que em setembro de 2024, a Secretaria de Assistência Social identificou inconsistências no Programa Passe Bolsa e encaminhou o caso à Corregedoria para apuração imediata. A servidora responsável foi demitida, seu acerto de contas retido e beneficiários irregulares foram notificados para devolver valores recebidos.
Passe Bolsa
O Passe Bolsa é oferecido a estudantes de faculdade ou curso técnico, em sua primeira graduação, em situação de carência econômica que, em contrapartida, realizam atividades comunitárias solicitadas pela Secretaria de Assistência Social. É uma maneira da Prefeitura prestar auxílio aos alunos incentivando os estudos profissionalizantes.