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Geraldo Garcia quer trazer para Salto o ‘modelo de gestão’ de Indaiatuba

Geraldo Garcia quer assumir a Prefeitura de Salto para um quarto mandato munido da experiência dos seus mandatos anteriores e inspirado na gestão de Indaiatuba, cidade onde atuou nos últimos três anos como superintendente da Fundação de Educação e Cultura, a Fiec, e onde conviveu com um modelo de gestão que é sucesso em todas as áreas de atividade.

Para o ex-prefeito, a continuidade pode ser o segredo para o bom desenvolvimento de um município. Não a permanência do mesmo prefeito no cargo, mas do mesmo grupo político. Ele entende que a troca paralisa muitas ações e segura o desenvolvimento porque cada grupo tem os objetivos diferentes.

“Indaiatuba é uma escola na gestão de uma cidade. Além disso, há de se destacar a continuidade administrativa. Há prefeitos que mudam, mas é um mesmo grupo político que está lá há muitos anos. Os técnicos em áreas fundamentais permanecem os mesmos praticamente há quase 30 anos, o que favorece bastante”, destacou em entrevista exclusiva ao PRIMEIRAFEIRA.

Em mais uma disputa das eleições, Geraldo não teme rejeição ao seu nome por ser o mais experiente. Pelo contrário. Acredita que seus anos na vida pública poderão fortalecer sua relação junto ao eleitor e garantir recursos junto a outras esferas de poder. E quer colocar em prática tudo aquilo já que vinha sendo feito até 2020.

Confira a entrevista completa abaixo.

O que mudou do Geraldo Garcia das duas primeiras passagens como prefeito para o que tentará a eleição em 2024?

Geraldo Garcia: Aprendizado e amadurecimento. O Geraldo Garcia nessa caminhada aprendeu muito e a vida pública nos leva a diversos caminhos.

Nos últimos três anos, o senhor esteve trabalhando em Indaiatuba. O que traz daquilo que viu por lá para aplicar em Salto?

Geraldo Garcia: Indaiatuba é uma escola na gestão de uma cidade, mas lá é outra realidade, totalmente diferente da nossa. Indaiatuba teve um Plano Diretor na década de 1970 que foi um divisor de águas e isso eu vejo como um diferencial que leva Indaiatuba a ser o que é. Além disso, há de se destacar a continuidade administrativa. Há prefeitos que mudam, mas é um mesmo grupo político que está lá há muitos anos. Os técnicos em áreas fundamentais permanecem praticamente os mesmos há quase 30 anos, o que favorece bastante.

E por que, depois de três mandatos, o senhor decidiu tentar comandar a Prefeitura de Salto novamente?

Geraldo Garcia: Vocação. Eu sinto que a vida pública é um chamado. Desde que entrei na vida pública em 1989, a convite do então prefeito Eugênio Coltro (PDT), para ser secretário de Cultura e Esportes, tudo mudou em minha vida. Além disso, é a oportunidade de continuar todo um planejamento que vínhamos fazendo e imaginávamos para os próximos anos.

O senhor teme alguma rejeição ao seu nome nas eleições deste ano por ter mais mandatos, já que o poder desgata?

Geraldo Garcia: As fake news estão aí e foram muito utilizadas nas últimas eleições, mas eu não temo nada. Minha vida é limpa e eu tenho uma trajetória para ser avaliada pelos eleitores. Agora, a postura como cada um faz política, eu não consigo interferir. De minha parte não haverá nenhum tipo de política baixa.

Como o senhor vê as disputas das eleições em 2024?

Geraldo Garcia: De minha parte, será uma disputa de muito respeito. Disputei a última eleição, perdi e fui fazer outra coisa. Eu farei uma campanha honesta e limpa. Espero que, em breve, possamos apresentar nossas ideias e projetos e sei que temos muito o que contribuir para o desenvolvimento de Salto.

Como o senhor vê os problemas em relação ao abastecimento de água na cidade, que já eram graves nas gestões que comandou?

Geraldo Garcia: Se você me perguntar qual minha grande marca enquanto vereador, no meu primeiro mandato, entre 1997 e 2000, é exatamente a criação do Consórcio do Ribeirão Piraí. Foi uma luta, não só minha, mas eu era o presidente da comissão que praticamente criou o consórcio. E agora, o fruto será colhido. E se realmente tudo for concluído como esperado, serão 30 anos desde a ideia inicial do Legislativo Saltense, que ampliou para as outras cidades. Então, o Ribeirão Piraí será uma das soluções para a falta d’água. Agora, outra opção é o aproveitamento da água do Rio Jundiaí, que é uma fonte importante de água, ainda mais agora que sua classificação pelos órgãos ambientais permite o aproveitamento dessa água. Eu vejo isso com urgência e me questiono o porquê de isso não ter sido iniciado, já que conseguimos um empréstimo e existe um projeto pronto. E, por fim, temos de pensar com carinho na ampliação da Estação de Tratamento de Água do Buru, até em conjunto com Indaiatuba, já que o Buru vem de lá.

Em relação aos empréstimos contraídos na gestão atual, o senhor teme que possa interferir no financeiro do município?

Geraldo Garcia: Como todos, eu venho acompanhando os números pelo Portal da Transparência. É muito impactante saber o peso que esses empréstimos terão, agora fica inviável qualquer análise, mas certamente será um componente a mais para a administração da cidade.

Nos últimos anos, Salto se envolveu em algumas polêmicas com vizinhos. Como o senhor pretende conduzir essa relação?

Geraldo Garcia: Essas rixas são ridículas. Talvez isso fosse comum lá atrás. Para todos os municípios, blocos, regiões ou países, essas parcerias entre as cidades são imprescindíveis. Há de se sentar logo após a eleição para verificar a importância de cada um nos problemas em comum. Consórcios dependem de muito entendimento entre os envolvidos, mas a prova de que dá certo é o Consórcio do Ribeirão Piraí. Nós só conseguimos os empréstimos, mas também tivemos uma força política.

A experiência que o senhor teve dentro no comando da Fiec pode ser aplicada na Educação de Salto?

Geraldo Garcia: A organização administrativa da Fiec e a forma como conduzem a administração foi um aprendizado muito grande. Hoje a Fiec, além da unidade de Indaiatuba, está em 31 cidades da região, inclusive em Salto, na Escola Padre Francisco Rigolin (no Salto Ville) e na Escola Leonor Fernandes da Silva (na Vila Teixeira), que oferecem ensino técnico, em parceria com o governo do Estado. É preciso um diálogo com as escolas estaduais e com o governo do Estado, mas acredito que essa experiência do ensino técnico pode ser ampliada para que o aluno tenha um ensino profissionalizante. No que se refere à rede municipal, acredito que devemos investir na formação dos professores e educadores. A Educação de Salto tem se mostrado muito positiva e devemos continuar dando total apoio aos nossos educadores.

O Hospital Municipal, na visão do senhor, atende hoje a toda a demanda produzida pela cidade de Salto?

Geraldo Garcia: Eu acho que o modelo de Organização Social é muito positivo. Eu queria muito verificar o contrato atual. Acho que ele deveria permitir algumas exigências por parte do Poder Público. Além disso, temos o Ambulatório Médico de Especialidades, que foi uma conquista para a cidade, lá de 2010, atendendo toda a região, e ajuda na questão contábil do Hospital. Um dos pedidos que já fiz ao secretário-chefe da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima, é para a ampliação do contrato do Ame.

A cidade de Salto ainda tem espaço para crescimento e desenvolvimento como muitas lideranças defendem?

Geraldo Garcia: Tem sim, embora sejamos uma cidade mais antiga com uma forma urbanística distinta, sendo criada ao redor de um rio, ainda temos uma área para crescer com uma legislação específica, sobretudo para novos loteamentos. Quando eu levei a Prefeitura para o prédio da Abadia, foi exatamente para pensar a cidade a partir daquela região. E na região da Rodovia do Açúcar há muito que crescer. Temos de pegar o Plano Diretor e aperfeiçoar. Sei que um novo plano está sendo apresentado e devemos olhar para ele com muito carinho. Temos de crescer com ordenamento e sem perder as caraterísticas de uma cidade do interior, com praças, jardins e áreas de lazer, com a presença do “verde” contemplando a presença da natureza.

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