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Gosto de pão

Há alguns dias, enquanto tomava um café da tarde, passei a margarina no pão como de costume, sendo indispensável um café com leite e pão com manteiga ou margarina. Acontece que aquele estava com um gosto diferente. Ao dar a primeira mordida fui transportado pela memória para um outro momento. Durante alguns segundos parecia que não estava mais ali, mas em outro período da minha vida. O gosto do pão acionou uma memória através do paladar.
Gosto de infância.
Não sei se é o saudosismo em datas que me fazem lembrar pessoas importantes em minha vida e hoje estão nas lembranças boas de um tempo vivido, ainda mais que no dia 7 de dezembro, minha mãe faria quarenta e cinco anos, uma vida interrompida pela lúpus (doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro) há dois anos. Como passou rápido.
Mas, voltando ao gosto do pão… acontece que aquela mordida me lembrou o pão que levava na lancheira ainda nos primeiros anos da vida escolar, na Escola Municipal Mário Macedo Júnior, em Itu, e depois na Escola Estadual Padre Bento. O gosto do pão me trouxe à memória de minha avó Irene (1946 – 2022), de minha mãe Helena (1977 – 2021) e, ainda que o contato não fosse tão grande, mas sempre um bom contato, do meu pai Marco (1974 – 2021).
Com o gosto do pão, me lembrei das horas do recreio em que era momento de brincar com amigos, e essa era a única preocupação. Não é o pão em si, não é a margarina em si, é todo o aconchego por trás do gosto do pão, o modo de fazer, de quem fazia, a saudade de tempos outros em que todas as pessoas mencionadas neste texto estavam ao meu redor, me confortavam e faziam parte da minha zona de conforto, é a memória afetiva de tempos que não serão mais vividos no plano físico.
E para você, meu amigo leitor e amiga leitora, qual o gosto do pão?
Um bom fim de semana a todos e todas.

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