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Jogatinas on line, a nova doença do brasileiro

Olá, amigo leitor. Há alguns meses, conversamos sobre um estudo interno realizado pelo grupo Assaí Atacadista junto aos seus clientes para conseguir entender o porquê suas vendas estavam caindo mesmo em um cenário onde há vagas de emprego e poucas pessoas disponíveis para ocupá-las.

Hoje, no Brasil, há sim uma grande oferta de vagas e há falta de profissionais interessados em ocupá-las. Claro, por questões particulares, entre elas o salário oferecido na maioria das vagas não é o suficiente para se pagar o aluguel de uma casa decente. O poder de compra do nosso dinheiro está cada vez menor e então muitas pessoas preferem empreender porque sabem que com um esforço menor e menos horas trabalhadas conseguirão uma renda melhor do que em uma posição com carteira registrada.

Por outro lado, nesse cenário o esperado seria um aumento no volume de vendas nos supermercados e atacarejos, obviamente o que não aconteceu. Com base no resultado do Grupo Assaí, outras empresas do setor de varejo também realizaram o mesmo estudo internamente e a conclusão é a mesma: o brasileiro está se viciando em jogatinas online e está deixando de colocar comida em casa.

O brasileiro cresceu e vive em escassez, mesmo em um cenário de quase pleno emprego. O salário médio hoje é insuficiente para custear as necessidades básicas como aluguel e alimentação e em busca de fontes alternativas de renda, além do empreendedorismo, apostar em cassinos online e sites de apostas de jogos (as Bets) tem sido o destino de parte e até mesmo de toda a renda de alguns brasileiros. E isso tem gerado grandes impactos que começam a ser percebidos pela sociedade. As unidades do CRAS (Centro de referência da Assistência Social) já sofrem com o aumento de demanda de atendimento especializado para esse tipo de vício.

Já estão acontecendo ocorrências sérias como consequência do crescente vício das pessoas pelos jogos, como divórcios porque um dos cônjuges chegou a vender o imóvel da família para financiar o vício; pessoas desaparecendo para fugir de agiotas; e suicídios ligados ao vício em jogos. Para o governo não há problemas porque a regulação e liberação da atividade dessas empresas é altamente rentável do ponto de vista tributário.

E o que devemos fazer para evitar isso? Simplesmente ficando longe desses aplicativos e sites porque, uma vez liberados por projetos de lei, legalmente essas empresas não estão realizando nenhuma ilegalidade. Perante a lei, não há problemas. Mas não quer dizer que não há consequências e então apela-se para o pouco bom senso e responsabilidade das pessoas.

Falando-se das nossas vidas, não existe sorte sem trabalho. A educação financeira é uma forma de nos protegermos dessas armadilhas, mas a esperança de uma vida financeira confortável e a ganância vai levar muitos brasileiros a uma situação mais complicada do que já vivem. E como consequência essa nova situação pode levar a desdobramentos ainda mais complexos como o aumento da violência e ocorrência de crimes hediondos como consequência do vício em jogos que já é considerada a nova doença dos brasileiros.

Vida longa e próspera.

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