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Laerte Sonsin Jr quer um novo mandato sem os problemas e crises que herdou nesse primeiro

Próximo de completar quatro anos à frente da Prefeitura de Salto, o prefeito Laerte Sonsin Jr. (PL) quer a oportunidade de um novo mandato. Desta vez sem ser eleito em meio a uma pandemia, cujos reflexos puderam ser vistos no primeiro ano do seu mandato; contando com a sorte de não enfrentar outra crise hídrica histórica; e com um quadro técnico completo, diferente do que foi visto quando assumiu o Executivo.

O prefeito que tentará a reeleição e já se postulou como pré-candidato, falou, em entrevista exclusiva ao PRIMEIRAFEIRA, sobre todos esses problemas enfrentados durante seu mandato, mas disse que se sente satisfeito em saber dos resultados que estão sendo colhidos. “Muitos dos problemas que enfrentamos hoje, são decorrência da falta de investimento das gestões passadas. A partir do momento em que colocamos a cidade de Salto no caminho certo, precisamos mantê-la nesse caminho”.

Além de continuar com o trabalho que vem sendo desenvolvido na Educação, com a meta de zerar a fila de espera nas creches; no transporte urbano que deve receber melhorias em breve; e na Saúde Pública, com a construção de novas unidades de Saúde, Laerte faz planos para o futuro da cidade, que, segundo ele, não deve parar de crescer. E tudo que os novos e atuais moradores querem é que não falte mais água nas torneiras.

“A cidade vai crescer e novos bairros vão se formar. Existe a expectativa de que, muito em breve, atinjamos os 200 mil habitantes. O que está sendo feito vai resolver a situação por um período longo. (E) quando a Estação de Tratamento de Água estiver concluída e mais a construção da Barragem do Piraí, pelas próximas décadas, o abastecimento de água estará garantido”.

Confira a entrevista completa abaixo.

O que mudou do Laerte Sonsin Jr. que foi eleito em 2020 para o Laerte que vai concorrer novamente ao cargo em 2024?

Laerte Sonsin Jr.: Quando assumimos uma administração ganhamos vivência. Não que eu não tivesse, afinal já tinha trabalhado em administração pública e sabia o que era necessário. A experiência que tivemos quando assumimos, primeiro com a pandemia e em seguida com uma das maiores crises hídricas da nossa região, me deu mais bagagem e vivência para continuar o trabalho que havia planejado. Vivenciar essas situações nos deu uma visão mais ampla sobre determinados aspectos e isto conduziu a administração nos últimos três anos e cinco meses.

O senhor acha que essa experiência na Administração pode ser um diferencial do senhor sobre os outros para a eleição de 2024?

Laerte Sonsin Jr.: Como prefeito, eu sou a vidraça. Muitos dos problemas herdamos das gestões passadas e estamos resolvendo. Um exemplo é o abastecimento de água. O que enfrentamos hoje é fruto do que não foi feito no passado antes de mim. Mas é claro que o cidadão comum, hoje, quando olha a falta de água, ele vê quem é prefeito e faz a sua reclamação e apontando a responsabilidade, sem ter uma análise ampla da falta de investimentos. Porém, a partir do momento que eu assumi a Prefeitura, eu sabia das consequências. Faz parte e entendemos a revolta do cidadão, mas isso não impede que o nosso trabalho siga para resolver os problemas da cidade com a devida responsabilidade.

Quatro anos é tempo suficiente para um prefeito fazer um bom trabalho à frente do governo de uma cidade?

Laerte Sonsin Jr.: Demanda mais tempo, mas é o que está na regra. É óbvio que quem se elege se planeja para os quatro anos. Muito do que fizemos precisa de continuidade. Muitos dos problemas que enfrentamos hoje são decorrência da falta de investimento das gestões passadas. A partir do momento em que colocamos a cidade de Salto no caminho certo, precisamos mantê-la nesse caminho. A continuidade do trabalho exige mais quatro anos para que não se mude o caminho correto que a cidade está seguindo. É isto que vamos levar ao povo.

O senhor mudaria algo durante esses pouco mais de três anos à frente da administração para chegar melhor na eleição?

Laerte Sonsin Jr.: Pra te responder isso eu precisaria fazer uma consideração sobre o que vivenciamos. Tivemos um ano e meio de pandemia, sendo uma parte ainda sem a vacina e a segunda com a vacina disponível; um período que não pudemos contratar ninguém por conta de Lei Complementar 173/2021, que proibia a realização de concursos públicos; sem profissionais técnicos específicos nos cargos comissionados, já que houve a extinção deles no final de 2020, e só conseguimos realizar a Reforma Administrativa no decorrer de 2022. Tudo isso mostra que enfrentamos uma série de dificuldades nas quais não tinha muito o que se fazer, a não ser o que foi feito. Não consigo imaginar, nesse período, uma grande alteração. Talvez mudanças pontuais. Nada de grande porte. Talvez o que tenha faltado e eu posso até pensar melhor nisso, tenha sido promover uma melhor comunicação junto à população. Conversando com a população eu vejo que muitas das nossas ações ainda são desconhecidas da população.

O senhor se considera favorito para a disputa das eleições?

Laerte Sonsin Jr.: Vi em algumas postagens a expressão “Vamos reconstruir a cidade”. Reconstruir o que eles próprios destruíram? Essa reconstrução quem está fazendo somos nós. E é exatamente por isso que, mostrando para a população o que foi feito e o que será feito, sem invencionismo, sem preocupação apenas estética, eu tenho certeza de que o cidadão terá a certeza também de que seremos a melhor opção no pleito deste ano.

O problema da falta d’água foi o grande desafio da gestão que o senhor comanda até agora então?

Laerte Sonsin Jr.: Foi um dos desafios que estamos enfrentando e vencendo. Não posso dizer que foi o único, pois cada momento teve sua dificuldade. A pandemia foi uma dificuldade daquele momento, em que encontramos um hospital com um gestor prestes a sair e num procedimento complexo de licitação para o novo gestor; a gestora não cumprindo com suas obrigações, nos obrigando a intervir; sem recursos, pois estávamos com um déficit orçamentário; tudo isso em meio a uma pandemia que exigia entubação e internação. E depois, com a vacinação houve todo um trabalho para vacinar toda a população.

Com exceção das obras em andamento, o que mais necessita ser feito para sanar o problema da falta d’água?

Laerte Sonsin Jr.: O que está sendo feito vai resolver a situação por um período longo. Quando a Estação de Tratamento de Água estiver concluída, com a devida interligação no sistema, com os reservatórios que estamos licitando e mais a construção da Barragem do Piraí, pelas próximas décadas o abastecimento de água estará garantido. É claro que, por exemplo, a ETA que está em fase de licitação é modular e prevê nessa primeira etapa o tratamento de 100 litros por segundo, o que, nesse momento, resolve o problema da água. Agora, a cidade vai crescer e novos bairros vão se formar. Existe a expectativa de que, muito em breve, atinjamos os 200 mil habitantes, então essa estação está pronta para receber novos módulos, o que nos permite tratar até 400 litros por segundo na região. Novos investimentos serão necessários, mas não com a pressa e a urgência que temos hoje.

Uma das ações para o abastecimento de água foi o empréstimo junto ao Finisa. O pagamento dele pode impactar no orçamento?

Laerte Sonsin Jr.: De forma alguma. Esse custeio já está previsto no orçamento. Então, já há um planejamento para a cobrança, com juros muito baixo em relação ao tomado no mercado. O que eu não poderia era fazer um empréstimo num banco qualquer. Eu digo que a cidade de Salto tem totais condições de arcar com esse valor, que não é significativo em termos orçamentários. Além disso, a retomada do tratamento de esgoto já vai permitir uma sobra de caixa que garantirá, em tese, cobrir esse custeio.

O que precisa ser feito para solucionar os problemas que temos na Saúde e qual é o planejamento do senhor nessa questão?

Laerte Sonsin Jr.: Os problemas na Saúde não são de uma cidade específica. Estão em todo o país e até na iniciativa privada. Isso tudo é fruto de uma vivência da população, que exige uma vivência melhor. Quando eu era criança, o tratamento era no Inamps e o tratamento ou era com benzetacil ou com ácido acetilsalicílico (AAS). Hoje não, existe uma gama de tratamentos que acabam exigindo uma maior atuação do Poder Público. O grande problema que enfrentamos é a questão do investimento. Mas, se você tirar a questão da pandemia, que ainda persiste, e da dengue, o sistema de Saúde atende. A Saúde sempre vai gerar críticas e isso faz parte, mas vejo que estamos no caminho certo. Contratamos médicos e profissionais; estamos entregando UBSs; conseguimos UBSs junto ao Estado; estamos fazendo uma reestruturação e novas contratações deverão ser realizadas; e estamos equacionando a questão financeira da Saúde justamente pelo número de atendimentos. O Hospital fazia 12 mil atendimentos por mês e agora estamos fazendo 18 mil. Não existe medida lacradora.

Uma UPA poderia ser uma solução para a Saúde?

Laerte Sonsin Jr.: Tem quem fale em construir uma UPA. Porém, em cidades com menos de 200 mil habitantes, construir uma UPA significa fechar o Pronto Socorro, o que aconteceu em Itu. Isso faz parte da sistemática de custeio do serviço público de atendimento. Seria uma saída viável? Eu entendo que não, num primeiro momento. Mas não quer dizer que não possa mudar minha opinião.

O senhor considera que o subsídio ou ajuda financeira paga ao transporte público tem surtido resultado?

Laerte Sonsin Jr.: Apesar de ter sido aprovado há quase um ano, ele foi implementado não tem nem quatro meses. Estamos agora no quarto mês de subsídio e a empresa precisa de um tempo para se adequar, porque ela tinha um prejuízo mensal. De modo geral, vemos uma boa avaliação do transporte público, embora tenha questões pontuais que estão sendo resolvidas. Uma coisa eu posso afirmar: se não houvesse subsídio, o serviço não poderia ser melhorado de nenhuma maneira.

É possível resolver os problemas das filas de espera nas creches, principalmente para as mães que trabalham?

Laerte Sonsin Jr.: As vagas vão praticamente zerar com as creches que estão sendo entregues. Essa é nossa prioridade. Devemos entregar nos próximos dias a creche do Fabbri e daqui uns quatro meses devemos entregar a creche do Laguna. Além disso, conseguimos uma creche no Jardim das Constelações através dos recursos liberados pelo Novo PAC.

O que o senhor pode dizer e o que precisa ser melhorado em relação à segurança para Salto ficar melhor?

Laerte Sonsin Jr.: Furtos sempre acontecerão, mesmo em cidades reconhecidas como extremamente seguras. Salto tem essa característica de ter um baixo índice de criminalidade, mas isso não significa que os crimes não acontecerão. A Guarda Civil nos dá um grande apoio, tanto que, nos acontecimentos recentes, vimos um grande índice de prisões dos furtadores. Porém, o fato de você prender, mas ter uma legislação permissiva no plano nacional, que solta o furtador, atrapalha um pouco.

Salto pode ser uma cidade industrial e turística ao mesmo tempo na opinião do senhor ou tem de escolher um campo de trabalho?

Laerte Sonsin Jr.: Não tenho a menor dúvida. Existe até uma lenda urbana de que cidade turística não pode receber indústrias. Você percebe um desenvolvimento da nossa Indústria, ao mesmo tempo que o Turismo está caminhando no passo certo. É claro que o Turismo precisa de tempo. Eu gosto de citar o exemplo de Brotas, que é referência no turismo. Há 30 anos, a cidade tinha um hotel e um restaurante. Hoje são 60 restaurantes e 70 hotéis. Ou seja, eles desenvolveram o Turismo a ponto de o faturamento do setor representar uma significativa parcela de suas receitas. Salto nunca será uma cidade exclusivamente turística e, dessa forma, consegue conviver com uma industrialização potente e com os setores do Comércio e de Serviços também gerando muitos empregos.

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