Leiam sim!

Estou no quarto ano da minha vida como gestor público. Vez ou outra a gente proseia por aqui a respeito de algumas experiências que tenho vivido na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cabreúva. Entrei como técnico na área e, com o passar dos anos, fui aprendendo o “fazer político-institucional”, parte fundamental de quem ocupa cargo público.

Aliás, a política está presente em todos os momentos de nossas vidas, desde a escolha da cor da camiseta ao se arrumar para determinado compromisso, até ao comportamento diante da necessidade de tomada de decisão. Com isso, tenho aprendido a manter o caráter técnico e aprimorar habilidades políticas, um casamento necessário para a concretização de políticas públicas.

Quem leva a sério a gestão pública, sabe bem que a construção de boas políticas exige muito estudo, muito diálogo e muita leitura, seja de elementos práticos como leis ou projetos que deram certos em outros locais e podem ser adaptados para a realidade local, como de bases teóricas para que se chegue ao desenvolvimento pleno da implantação e execução de projetos sólidos e eficazes ao município, estado ou país.

Pois bem, recentemente repercutiu uma fala pública do presidente Lula ao cobrar mais agilidade do seu vice Geraldo Alckmin e mencionar que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dialogasse mais com o Congresso “em vez de ler um livro”.

Senhor presidente, que fala foi essa?

Mas Marco, mais uma vez escrevendo um texto criticando uma fala (ou postura) do presidente? Sim! Eu votei, eu vou cobrar (ou ao menos desabafar aqui na minha coluna do “Dedinho de Prosa”).

Acontece que, falas como essas, deslegitimam um processo de trabalho intelectual para se chegar em um resultado positivo. Na vida política, é necessário e fundamental dialogar com todos; é de extrema importância a articulação política tendo em vista a aprovação de projetos de interesses públicos, mas senhor presidente; é de igual modo necessário/fundamental leitura, referenciais teóricos de determinadas áreas, atualizações em pesquisas científicas no setor. Um médico que não lê estudos recentes e teorias da medicina; um advogado que não lê casos, leis e artigos acadêmicas do direito; ou um professor que não se atualiza, não realiza leituras de novas fontes ou busca referenciais teóricos de qualidade para suas aulas… qual perfil profissional está se formando? E por que na gestão pública seria diferente? É ela que vai reger diversos setores da sociedade!

Por aqui, em sala de aula ou na gestão municipal, estamos lutando pelo incentivo da leitura, realizando projetos e buscando formação de público leitor usando das mais variadas ferramentas e estratégias possíveis para que cada geração seja mais atuante na sociedade que a anterior, cada indivíduo seja cada vez mais crítico, livre de preconceitos e profissionais comprometidos para a atividade que desenvolvem. A leitura, com toda certeza, é um dos principais caminhos.
Gestores públicos e todos os profissionais do mundo, dialoguem sim, dialoguem muito, de igual modo leiam sim e leiam muito!

Leitores do mundo todo, uni-vos!

Um bom fim de semana a todos e todas.