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Médico usa tribuna livre para criticar secretário de Saúde: “Não tem capacidade na área médica”

A participação do médico e advogado Manuel Pereira Marques na tribuna livre da Câmara de Vereadores causou certo incômodo aos parlamentares durante a sessão realizada na terça-feira (25). Marques fez duras críticas ao secretário de Saúde de Salto, Fernando Amâncio, e também ao prefeito Geraldo Garcia, pelo que considerou má gestão do dinheiro público.

O médico lembrou que o orçamento da pasta gira em torno de R$ 200 milhões, praticamente o dobro do que dispunham o mesmo prefeito e seus secretários no último ano da gestão anterior, em 2020. Além disso, Manuel criticou o fato de Amâncio não ter experiência na área médica.

“Ouvimos que sua escolha ocorreu porque o atual secretário é do grupo, mas, para ser secretário de Saúde, é preciso, primeiro, pensar em saúde pública e no povo. Lembramos que Fernando Amâncio foi mal no último mandato, e aqui temos de perguntar: se foi ineficiente, por que foi escolhido novamente secretário de Saúde? Com a palavra, o prefeito Geraldo Garcia”, questionou.

Sobrou até mesmo para os vereadores. Manuel afirmou que as críticas, por vezes, podem não ser interessantes aos parlamentares. “Há quase nove anos a saúde está sendo comandada por profissionais alheios à área. Os senhores (vereadores) estão satisfeitos? O cidadão não consegue atendimento, recorre ao vereador e este consegue. Cidadão atendido significa quase que propriamente voto. Temos uma situação de assistencialismo”, destacou.

Manuel Marques lembrou da reunião com o diretor do Departamento Regional de Saúde, Carlos Eduardo Ribeiro de Moura, e mencionou que o secretário tentou ludibriar o público com suas declarações. Logo depois, atacou diretamente o secretário e foi repreendido pelo presidente da Câmara. “O senhor Fernando, no meu conceito, não tem capacidade na área médica.”

As críticas continuaram, com Manuel Marques cobrando decisões que devem ser do município e não “jogadas” a outros entes. Ele classificou como “engana trouxa” ações paliativas para tentar agilizar os atendimentos. “Essa fila (do Sistema Cross) tem de andar e não adianta jogar para o colo do Estado e da Federação. O município tem de tomar atitude. Salto não é uma cidade pobre. Salto pode ser uma cidade mal gerida.”

Procurado, o secretário de Saúde, Fernando Amâncio, não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.

Convite

O médico informou que chegou a ter seu nome ventilado como possível secretário de Saúde antes do início da gestão do atual prefeito, Geraldo Garcia, e que, na época, até teria aceitado o convite. Hoje, porém, afirmou que não assumiria a pasta. E ele não seria o único a recusar o cargo: médicos que atuam na gestão também não teriam interesse na função.

“Antes da eleição, fui apresentado como um dos possíveis secretários da Saúde. Se tivesse sido convidado, teria aceito. Hoje, não aceito. Tenho amigos médicos e um deles trabalha na Prefeitura. Perguntei a ele se aceitaria ser secretário de Saúde se fosse convidado, e ele respondeu que não, pois não gosta de política”, completou.

Insatisfação

Vereadores como Henrique Balseiros (PL) e o presidente Clayton Bispo (PP) demonstraram grande insatisfação diante das manifestações do popular.

“Ouvi expressões hoje nessa tribuna, com o teor de ludibriar. Não imaginaria que esse cidadão utilizaria a tribuna nesse sentido. Agora, desrespeitar a figura do secretário… A secretaria já tem muitos problemas e precisamos unir forças”, disse o líder do Governo na Casa de Leis, Henrique Balseiros.

Já o presidente, que é do mesmo partido do prefeito, lembrou dos esforços dos vereadores em discutir melhorias. “Não estamos aqui batendo papo. Estamos buscando um norte. Acho um pouco injusto vir aqui apenas apontar problemas. A saúde tem de ser construída a várias mãos.”

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