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O alerta está dado

A tempestade que assolou Salto na sexta-feira (3) deve ser encarada pelas autoridades do município como um alerta duro, direto e inescapável da natureza e não como um evento extraordinário apenas, ainda que tenha esses contornos pelos números apurados em relação à velocidade do vento, que passou de 151 km/h, segundo a Companhia Paulista de Força e Luz, a CPFL.
Essa postura dará aos comandantes da cidade uma visão mais em consonância com a realidade, pois ocorrências como essa daquele dia tendem a se repetir em maior ou menor intensidade, devido às condições criadas para tal, como o efeito estufa, os desmatamentos irrefreados e o aquecimento global, já que o Brasil entrou definitivamente na tendência de aquecimento acelerado da Terra.
Observe-se, em relação a isto, que o país teve quatro meses consecutivos de temperatura recorde, que não podem ser explicados apenas por uma variabilidade natural do clima ou pela influência do fenômeno El Niño. O que está acontecendo por aqui tem ligação direta com o aquecimento geral do planeta e isto afeta sobremaneira o Brasil por ser um país de dimensões continentais.
Some-se a isto dois fatores muito graves do comportamento nacional que refletem em Salto em maior ou menor proporção: 1) a população nas áreas urbanas hoje corresponde a 84,4% de todos os habitantes e 2) não houve investimentos para suportar essa migração do campo para as cidades a partir de 1960, o que levou as cidades a incharem doentes e sem perspectivas de melhoras.
O alerta dado pela natureza com a destruição que causou na sexta-feira impõe aos comandantes do município uma urgente preparação para o enfrentamento de novos episódios. Esse enfrentamento passa por investimentos maciços em infraestrutura e em pessoal. Do contrário, a cidade vai amargar possivelmente desabrigados e vítimas fatais, o que, felizmente, não ocorreu agora.
A primeira preparação é com a postura diante do problema. A cidade não teve sequer gente e equipamentos suficientes para atender as ocorrências e resolver interrupções de fornecimento de serviços. Uma semana depois ainda não houve o restabelecimento completo e há árvores caídas pelas ruas interrompendo a circulação e levando ao cidadão um sentimento terrível de desolação.

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