Cidades

Interligadas

Pelo deleite cultural – Parte 2

Ainda sobre o deleite cultural, é preciso, principalmente ao se tratar de atividades culturais e/ou lazer, romper com o utilitarismo ao desenvolver determinadas atividades. Explico…
Nossa sociedade, marcada pelo capitalismo, falta de tempo e “prioridades” – geralmente vinculadas a atividades da vida prática, como trabalho, por exemplo – passa-nos a sensação de, se estamos em um momento de lazer, usando o ócio, estamos “perdendo tempo”. Quantas vezes, amigo leitor e amiga leitora, você está sentado(a) em um sofá lendo a coluna do dedinho de prosa, alguma outra notícia aqui do Jornal PRIMEIRAFEIRA ou mesmo lendo um livro apenas pelo prazer, passa alguém e pergunta: o que está lendo? Por que está lendo isso? Tais questionamentos não são com a real intenção de desmerecer sua atividade, são perguntas sem pretensão, porém típicas de uma sociedade marcada pelo útil.
“Somente vou ler esse texto pois estou trabalhando nesse assunto.”
“Vou em certo museu pois estou estudando o tema.”
“Aquela peça de teatro trata do assunto do meu trabalho acadêmico.”
As frases em questão são partes do nosso cotidiano, mas tais atividades não precisam serem vistas somente sob a ótica do trabalho, do útil. Qual nosso tempo para ócio? Assistir a um filme sem pretensão. Escutar uma música somente na meditação da letra e melodia. Ver uma apresentação teatral, dança ou show pelo prazer que aquilo traz para a alma, ou seja, pelo puro e único objetivo do deleite.
No texto passado escrevi do encontro com um amigo em um curso e este me disse que estava ali apenas pelo deleite. Por que não? É possível fazer um curso, obter um conhecimento sem as amarras das necessidades práticas. Na verdade, meus amigos e amigas, é necessário. Agora, vou compartilhar um segredo: é apenas por isso que mantenho o “dedinho de prosa”, pelo prazer pessoal, pelo deleite. É por isso também que jogo videogame, leio HQs, assisto anime ou estudo arte sacra, pelo deleite. Claro, há outros assuntos que fazem parte do meu trabalho, mas é preciso separar um pouquinho as coisas.
Quero convidar a todos para se deleitarem em coisas que lhes fazem bem. Usem e abusem do ócio, faz muito bem para a alma.
Aproveitem o fim de semana, o primeiro do mês de março.

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