Pais e responsáveis, educadores e os próprios alunos vivem um momento de medo e de incertezas diante da série de ataques que vêm ocorrendo em escolas por todo o país. E após o caso ocorrido em Blumenau (SC), em que um homem invadiu uma creche e matou quatro crianças com uma machadinha, o tema sobre segurança nas escolas se tornou pauta de governos em todos os âmbitos.
Em Salto, a prefeitura realizou na última semana uma reunião emergencial em que confirmou a presença de segurança não armada nas escolas municipais, além de uma série de ações que deverão ser implementadas nos próximos meses.
Serão 44 vigilantes contratados que deverão iniciar suas atividades em até dez dias, num investimento de R$ 425 mil por mês em todas as escolas municipais e creches. Além disso, serão investidos R$ 4.900.000,00 na aquisição de 647 câmeras para monitoramento das Unidades Escolares Municipais, que será realizado pela Guarda Civil Municipal (GCM). Também devem ser contratados 12 novos GCMs através de um concurso público.
“No município de Salto são 47 prédios ligados à Secretaria da Educação, 16 escolas estaduais, além de escolas particulares. Para suprir essa demanda, seria necessário pelo menos duplicar o efetivo que hoje conta com 134 GCMs. Nesse cenário, a melhor opção para as escolas é a contratação de vigilantes”, explicou o Executivo.
Além disso, outras medidas que serão adotadas para reforçar a segurança nas escolas do município são: 1) ajuste dos protocolos de entrada e saída de alunos, de pais e responsáveis e de terceiros; 2) reforço do controle de frequência dos alunos que utilizam transporte escolar; 3) ajuste nos horários de abertura de portões de estacionamento interno das escolas, responsabilizando os usuários do estacionamento pelo fechamento dos portões; 4) estudo para capacitação dos funcionários das escolas para situações de emergências; 5) trabalho pedagógico, constantemente, reforçando o combate ao bullying, valorização da vida e do respeito ao próximo; e 6) instalação do botão de pânico nas escolas.
Na segunda-feira (10), uma reunião na Câmara de Vereadores discutiu junto à população e secretários municipais, protocolos e ações que deverão ser aplicados. O vice-prefeito Edemilson dos Santos (Podemos), além dos investimentos já anunciados, prometeu a implantação do “botão do pânico”, idêntico ao utilizado na área rural do município. Outra ação será a contratação de médicos neurológicos para atuar no Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil, que será criado pelo município para o atendimento de crianças e jovens até a faixa de 18 anos, que necessitem de cuidados médicos e psicológicos, além de grupos com objetivos diversos.
Em relação à atuação da GCM, o secretário de Defesa Social, Antônio Ruy Neto, informou que foi feita uma divisão setorial da cidade, na qual, cada uma das oito regiões, terá uma equipe para fazer a ronda nas escolas. “São 47 escolas e eu não tenho 47 viaturas. Então é impossível deixar uma em frente a cada escola. O que fizemos foi dividir em setores e os guardas fazerem o patrulhamento durante todo o dia”, explicou.
Especialista diz que seguranças desarmados podem ser eficientes
Uma das polêmicas a respeito das medidas adotadas pela Prefeitura de Salto é a contratação de vigilantes desarmados. De acordo com a prefeitura, a decisão por vigilantes sem armas foi pensando na segurança das crianças.
“Um disparo de arma de fogo no ambiente escolar pode atingir crianças e trazer consequências mais graves. A presença do vigilante já inibe as ações de infratores e o vigilante pode acionar a Guarda Civil Municipal, que atuará em rondas setorizadas para atendimento rápido no local”, explicou, em nota.
De acordo com Gilberto Viertons Inácio, diretor-proprietário do Grupo Garra Fort, especialista em segurança, a decisão de utilizar vigilantes desarmados é eficiente. “Com treinamentos adequados e protocolos de segurança seguidos à risca (é uma medida válida). Com a experiência que tenho na área, essa e as outras medidas adotadas, vão reduzir os riscos (de novas invasões)”.
Cidades da região também reforçam segurança
A exemplo de Salto, as cidades da região também estão reforçando a segurança nas escolas diante dos recentes casos de violência e rumores de novas ações. Em Itu, a Guarda Civil Municipal dobrou a escala do efetivo e iniciou um trabalho de orientação dos funcionários das unidades educacionais do município, para instruir a respeito de normas de segurança e prevenção.
A Polícia Militar e a Polícia Civil participarão da ação com o intuito de abranger o maior número possível de unidades ao mesmo tempo, sejam as escolas municipais ou estaduais. Cabe ressaltar que os esforços da Secretaria Municipal de Segurança de Itu, no sentido de amparar as escolas da cidade, já fazem parte dos trabalhos desempenhados pelo Gabinete de Gestão Integrada (GGI), que reúne a Guarda Civil Municipal e as polícias Militar e Civil em reuniões para discutir estratégias de combate ao crime.
Já em Indaiatuba, o prefeito Nilson Gaspar (MDB) anunciou medidas para aumentar a segurança nas escolas, tais como a ampliação de muros nos casos em que houver necessidade, mais rigidez no controle de acesso dos alunos e patrulhamento reforçado com a interligação do Centro de Operações e Inteligência (COI) da Guarda Civil com as escolas através de grupo de WhatsApp e com o aplicativo SOS Escola Segura para as unidades municipais e estaduais. Em Indaiatuba todas as escolas municipais contam com o Sistema Integrado de Segurança (SIS), que é composto por mais de 1.500 câmeras de monitoramento, sensores, porteiro eletrônico com controle de acesso, botão de pânico e central de monitoramento.
Na terça-feira (11), representantes de algumas cidades da Região Metropolitana de Sorocaba participaram de uma reunião para definir medidas de segurança a serem implementadas nas cidades.
As dez medidas aprovadas são: 1) palestras e treinamentos em segurança nas escolas para os municípios; 2) videomonitoramento nas unidades escolares; 3) formação de um Grupo de Trabalho, envolvendo secretários de Segurança e Educação das cidades da região, em parceria com as Guardas Civis Municipais, a Polícia Militar e a Polícia Civil; 4) contratação de vigias nas escolas; 5) instalação de detectores de metal nas entradas e saídas das unidades escolares; 5) realização de rondas ostensivas nos arredores das escolas; 6) instalação do “Botão do Pânico” nas escolas em contato direto com as polícias; 7) inteligência das polícias monitorando as redes sociais; 8) criação de projetos de lei que regulamentem essas ações também para as escolas particulares; e 9) campanha de comunicação, divulgando o Disque-Denúncia: 181.
As medidas deverão valer para escolas públicas e particulares, validadas a partir de projetos de lei.
Governo federal lança site para denúncias de ameaças e ataques
Como parte das ações da Operação Escola Segura, que visa a prevenir ações violentas em instituições de ensino, o Ministério da Justiça criou nesta semana um canal para recebimento de informações sobre ameaças e ataques contra escolas.
As denúncias podem ser feitas de forma anônima por qualquer pessoa. Basta acessar o site www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura e preencher um formulário no qual não é preciso se identificar. É possível denunciar publicações em redes sociais e fóruns, sites, blogs, perfis e outros tipos de conteúdo suspeito.
As informações enviadas serão analisadas pela equipe do Laboratório de Operações Cibernéticas da Diretoria de Operações Integradas e Inteligência. O grupo conta com 50 policiais, que irão se dedicar nos próximos dias, exclusivamente e em regime de plantão 24 horas, ao monitoramento das ameaças contra escolas na internet.