Presidente é integrante da nova Mesa Diretora, que assumiu as funções para o biênio 2023-2024
Após mais de duas décadas na vida política, Edival Pereira Rosa, popularmente conhecido como ‘Preto’ assumiu o posto de maior responsabilidade do Legislativo. Segundo ele, ser o presidente da Casa de Leis nunca foi um desejo pessoal, mas diante de toda conjuntura formada viu a responsabilidade ‘cair em seu colo’, mas diz estar preparado. Experiência não falta ao vereador, mas o trabalho será difícil. Antes mesmo de assumir foi taxado de ‘opositor’ por companheiros da Mesa Diretora e obrigado a conduzir uma situação extremamente problemática logo nos primeiros dias como chefe do Legislativo. Em entrevista ao jornal PRIMEIRAFEIRA, ‘Preto’ falou sobre as dificuldades da vida política e os planos para os dois próximos anos como presidente da Câmara.
Você está em seu quarto mandato. Alguma vez chegou a cogitar ser presidente?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Nunca nem pensei. Já fiz parte da Mesa por três vezes, mas como tudo tem sua vez, chegou a minha. Parece que Deus me preparou para esse momento. Antes de ser eleito conversei com Deus e falei para Ele que se fosse minha vez, ele me colocasse lá. Durante a eleição fiquei em silêncio o tempo todo.
O que mudou do vereador ‘Preto’ das três primeiras legislaturas para o atual?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Quase nada. Do meu primeiro mandato até agora sempre tive o mesmo perfil. No primeiro mandato confesso que eu demorei a ter um entendimento a respeito do trabalho que exerce um vereador, mas hoje estou ciente das obrigações como legislador.
Qual seu grande sonho como presidente?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Meu grande sonho é consolidar as mudanças da Câmara, não apenas de prédio, mas também em relação às mudanças administrativas. Isso por que sabemos das demandas, sabemos o quanto a cidade cresceu, mas o Legislativo não saiu do lugar. Quero ver os funcionários, os vereadores com seus assessores na nova Câmara, todos contentes. E isso será importante até para nossa imagem, quando receber um deputado, um prefeito de outra cidade…
Você costuma usar muito a frase: ‘Pare e pense’. Quantas vezes acha que vai precisar parar e pensar com os novos desafios que terá como presidente?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Agora terei de pensar de forma dobrada. Minha responsabilidade será maior, já que tudo recairá sobre mim. Terei de parar e pensar para tomar as decisões certas. Assim que acabou a eleição da Mesa Diretora falei que precisaria de cada um para fazermos um trabalho bom.
Antes mesmo de ser eleito, você tomou uma grande decisão ao tirar de pauta o requerimento que poderia suspender o mandato do vereador Vinicius Saudino. O quanto isso pode interferir no seu trabalho nos próximos anos?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Sou o mais experiente da Câmara e sei que precisamos tomar cuidado com cada decisão. Por qualquer coisinha querem suspender um vereador, cassar o mandato… Não é assim. Porque queriam afastar o vereador por 90 e não 30 dias? Talvez até se fosse por 30 dias eu teria aceitado o requerimento. Percebi que era uma perseguição política e por interesse. Antes da eleição da Mesa me pediram para tomar cuidado em relação aos possíveis votos que deixaria de receber. Mas eu não pensei nisso. Eu queria ser sincero com minhas crenças. Eu fui para eleição ciente que tinha tomado a decisão certa, independente de votos.
Logo que assumiu se viu diante de uma situação atípica. Como vê essa situação do suposto golpe sofrido pela Prefeitura?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – O Legislativo deveria ter sido avisado dessa situação. Por conta disso entramos com o pedido para que fosse esclarecido a situação. Vemos que existem coisas por trás. Tudo precisa ser esclarecido. A prefeitura diz que fez a parte dela, já a empresa fala que não recebeu… Precisamos ouvir as partes para saber como conduzir, uma vez que estamos mexendo com dinheiro público, algo que requer bastante cuidado. Infelizmente caiu para mim essa questão, agora como presidente. Mas foi preciso dar continuidade, sempre com cautela, com o apoio do setor Jurídico da Câmara.
Na votação da Mesa Diretora, o vereador Daniel Bertani falou que essa seria a mais “opositora” de todas. Você concorda?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Eu, no lugar dele, não teria falado isso. Ele precisa pensar não apenas no Legislativo, mas sim no bem da população saltense. O povo espera muito de nós e não podemos ficar com esse tipo de discussão. Agora como presidente, vou ter de tomar muita cautela com todos esses interesses políticos.
Como é dividir sua experiência com a juventude de alguns companheiros de plenário?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Eu procuro sempre conversar com eles, ajudar… Existe um dizer que ‘marinheiro de primeira viagem tem de tomar cuidado’. Se eleger é uma coisa, agora se reeleger será fruto do trabalho que desenvolver na Câmara. Em duas eleições acabei não sendo eleito, mas não foi por conta do número de votos. Eu poderia me eleger tranquilamente, mas fiquei de fora por questões de coligação partidária. Eu falo para eles tomarem cuidado com o que fazem, para não ficarem afoitos e quererem fazer tudo do jeito deles. Os políticos têm maneiras distintas de trabalhar. Eu vejo muitos ativos nas redes sociais, algo bem diferente da minha forma de trabalhar. Meu trabalho é o boca-a-boca, o dia-a-dia, principalmente com as pessoas mais velhas. Não querendo ser melhor que ninguém, mas se andarmos por aí perguntando para as pessoas sobre o vereador Edival, minha rejeição será muito pequena, porque a população sabe que, mesmo quem não votou em mim, poderá contar comigo. Se eu puder ajudar, vou ajudar.
Como você avalia seus companheiros de plenário?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Eu percebo que a Câmara ficou muito dividida. Mas não devemos pensar apenas em nós, como políticos, é preciso pensar no bem da cidade. Não podemos nos empolgar com as situações e fazer politicagem para benefício próprio. Estou há mais de 20 anos na vida pública e sempre fui aquele político que fica quietinho, mas que toma as decisões certas.
Nesses mais de vinte anos como político o que viu a respeito da polêmica envolvendo o sonho de um Paço Municipal na avenida dos Três Poderes, que nunca saiu do papel?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – É até bom fazer essa pergunta, pois muitos não estão cientes do que realmente aconteceu. Primeiro surgiu esse interesse de ter os Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), com prédios um ao lado do outro; Depois, pelo que acompanhei, apenas o Judiciário conseguiu o terreno e, até por isso, a prefeitura acabou indo para a Abadia (de São Norberto); E nós do Legislativo não poderíamos esperar e, por isso, definimos a mudança para o novo prédio.
E você considera ideal esse novo prédio?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – O ideal seria os Três Poderes estarem todos juntos. Seria algo maravilhoso para nossa cidade, mas infelizmente não vai acontecer pelo que eu percebo.
Qual a situação do novo prédio da Câmara?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Há um levantamento técnico muito demorado que está sendo feito, depois temos a questão da licitação para a contratação da empresa que fará os trabalhos de reforma. A câmara, hoje, está sucateada. Por um lado, é bom que os problemas apareçam, sobretudo quando a imprensa está presente, para que todos possam ver. Há vinte anos eu esperava que a câmara fizesse um trabalho como esse. Com a reforma administrativa, os vereadores vão ter assessores e onde iríamos colocá-los nesse atual prédio? Se ficássemos no atual espaço físico eu era contra a criação do cargo de assessor, mas com a mudança, será algo positivo. Espero que eu consiga entregar o novo prédio até o final da minha gestão como presidente.
Todo ano a câmara ‘devolve’ dinheiro para a prefeitura, ao mesmo tempo em que citam problemas estruturais não resolvidos até então. É hora de parar de ‘devolver’ esse dinheiro e investir no Legislativo?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – A primeira coisa que muitos presidentes que estavam ali queriam fazer era devolver dinheiro para o Executivo. Mas, como você disse, primeiro temos de resolver os problemas do Legislativo e, se sobrar, aí sim devolver. Temos de gastar com aquilo que necessitamos. Ficar dando ‘chequinho’ não condiz com a realidade.
Como pretende agir para que a população volte a acompanhar as sessões?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Temos de realizar ações que chamem a população de volta. Hoje em dia, muitos ainda acompanham pelas redes sociais, mas é pouco. Quando os vereadores tiverem seus assessores e maior contato com a população, pode ter certeza que as pessoas passarão a acompanhar mais as sessões e entender o trabalho do vereador.
No período eleitoral você falou que Salto dificilmente elegeria um deputado, o que viria a ocorrer. Acredita que é possível mudar até o próximo pleito?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Elegermos um deputado será algo muito difícil. Em nossa cidade não existe união. Se apoiássemos uma única pessoa e toda a população apoiasse, ainda assim seria difícil eleger, já que também dependeríamos de nossos vizinhos.
Muito se fala que a Câmara de Salto é ‘comandada’ pelos políticos de Indaiatuba. Como vê essa questão?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Acho ridículo isso. O que é bom temos de copiar sim, independente de quem fez. Muitos reclamam que Salto quer ser como Indaiatuba, mas que bom seria se fossemos como eles. Um deputado que tem quatro, cinco mandatos e que sempre ajuda Salto, queremos ter ele próximo de nossa cidade.
Das quatro legislaturas que viveu e está vivendo, qual momento mais te marcou?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Quando era segundo secretário e a presidente era a vereadora Rosana Costa Pinto. Esse mandato foi o que mais sofri. A Mesa como um todo pensava uma coisa, mas ela fazia outra. Isso ficou marcado para mim.
Como você avalia a presidência de seu antecessor, o vereador Cícero Landim?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Se tivesse a possibilidade de reeleição eu desistiria de ser candidatado a presidente e apoiaria o Cícero (Landim) pelo trabalho que ele começou. Diria que 80% do que a Mesa Diretora fez, tinha a participação de todos os membros. Sempre éramos chamados para participar das reuniões, sempre debatíamos… O que ele colocou em prática eu tinha o interesse de realizar.
O que pretende continuar do trabalho iniciado por Cícero Landim?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Algumas coisas eu vou dar continuidade, sobretudo o que é bom. A mudança de nosso espaço físico é a primeira delas. Você viu o que aconteceu na reunião com a Secretária de Finanças (ocorrida em 5 de janeiro), na questão do som. É uma estrutura muito antiga. Não podemos ter medo de fazer. Temos de pensar no que é bom para os funcionários, para a estrutura do Legislativo. É preciso pensar num todo, naquilo que vem lá na frente.
E o que achou do trabalho do prefeito Laerte Sonsin nesses dois anos?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Para ser bem sincero, como legislador, fizemos nossa parte. Criamos as leis, agora cabe ao Executivo fazer a parte dele.
O senhor acha que o trabalho do político é desacreditado?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Os mais velhos têm um pensamento consolidado, sobretudo pelo que veem no noticiário. E isso reflete em nós vereadores que somos menores nessa história.
O quanto acha que as mudanças políticas no Estado e no país podem interferir no trabalho da câmara?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Temos de esperar e ver as mudanças que terão. Somente após algum tempo poderemos ver como deveremos agir.
Você pretende ser mais ativo nas redes sociais?
Edival Pereira Rosa ‘Preto’ – Eu pretendo continuar como sempre fui, mas querendo ou não, é preciso evoluir, até para os mais jovens conhecerem o nosso trabalho. Antes eu não me preocupava com isso, mas agora vejo que será importante.