Cidades

Interligadas

Psicóloga destaca importância de vídeo do influenciador Felca e dá dicas sobre exposição de crianças nas redes sociais

Um vídeo publicado pelo influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, mais conhecido como Felca, falando sobre adultização das crianças e adolescentes na internet, viralizou e tem chamado muita atenção, inclusive de políticos e psicólogos.

No vídeo, publicado no dia 6 de agosto e que já teve mais de 36 milhões de visualizações, Felca fala sobre uma realidade em que crianças e adolescentes são expostos em vídeos na internet e também denuncia perfis que usam crianças e adolescentes com pouca roupa ou dançando músicas sensuais com o objetivo de monetização.

O jornal PRIMEIRAFEIRA conversou com a psicóloga Kátia Guazzipara dar a sua opinião sobre o vídeo do influenciador e também quais impactos esses acontecimentos podem gerar na vida de uma criança e adolescente. Além disso, a psicóloga deu dicas para os pais em relação a exposição das crianças nas redes sociais.

“Felca não cometeu nenhum exagero,ele contextualizou de forma adequada um problema muito sério ao qual as crianças e adolescentes estão sendo submetidos com um alerta sobre a gravidade da facilidade que pedófilos encontram para buscar suas vítimas e a falta de controle das big tech em relação a conteúdos desse gênero”, opinou a psicóloga.

A psicóloga ressaltou que atualmente as crianças e adolescentes recebem uma quantidade muito grande e variada de informações incoerentes com sua fase de desenvolvimento. “Se essas crianças e adolescentes são estimuladas a agirem como adultos e recebem recompensas por esse comportamento, seja em forma de likes, comentários, presentes ou monetário acabam copiando e exercendo esse modelo imposto e acreditando que é adequado”.

“Mas impedir crianças e adolescentes de viverem as fases de desenvolvimento com conteúdos adequados a sua idade compromete sua estrutura emocional prejudicando seu desenvolvimento normal e trazendo consequências como problemas de socialização, transtornos como ansiedade, depressão, problemas de auto estima, insegurança, entre outros comportamentais”, destacou.

Katia Guazzi também ressaltou que os pais e responsáveis precisam entender que a vida é feita de fases e que é muito importante respeitar cada uma delas, impondo os limites necessários. Além disso, para a psicóloga, é importante que os pais controlem o tempo que as crianças e adolescentes consomem telas, quais conteúdos elas estão vendo e expliquem aos filhos sobre conteúdos e exposições inadequadas.

“Aquiram o hábito de, pelo menos uma vez por mês, fazer um jantar em família seguido de alguma brincadeira sem nenhum envolvimento do mundo virtual; conversem muito com seus filhos, a abertura para diálogos deve ser adquirida desde pequeno, pois isso é fundamental para criar um ambiente de confiança entre a família e, se tiverem alguma dúvida busquem ajuda de um profissional para orientação”.

“O mundo virtual não é real, assim como a adultização não faz parte da infância e adolescência. Criança tem que ser criança, adolescente tem que ser adolescente, assim como os adultos precisam assumir suas responsabilidades”, finalizou a psicóloga.

Repercussão na Câmara de Vereadores de Salto

O assunto também ganhou repercussão na Câmara de Vereadores de Salto, na sessão desta terça-feira (12). O vereador Rogério Pinheiro falou sobre o vídeo do influenciador e destacou que ele e os outros vereadores, como pais, educadores e como vereadores também, precisam proteger as crianças.

“Tem que ter uma preocupação dessa Casa em relação as nossas crianças. Agora a Câmara dos Deputados, na pessoa do presidente Hugo Motta, vai pautar esse assunto para discutir na Câmara Federal, que representa toda nossa sociedade brasileira”, destacou.

Já a vereadora Dra. Graziela Costa destacou que concorda com o vídeo do influenciador Felca e que existe esse problema com relação a adultização das nossas crianças. “Por isso precisamos participar dos conselhos municipais, o Conselho da Criança e Adolescente é fundamental para que possamos acompanhar quais políticas públicas estão sendo feitas e o que o município está fazendo contra a utilização e exposição das nossas crianças nas redes sociais”, enfatizou a vereadora.

“Nós não precisamos apenas esperar que o Congresso Federal tome uma atitude, nos também podemos tomar as nossas atitudes a partir das nossas ações locais e exigir sim que as escolas vigiem, os órgãos de atendimento a essas crianças e principalmente nós, como cidadãos, olhando, por exemplo, o conteúdo que nossos filhos assistem”, ressaltou.

COMPARTILHE