Método é diferenciado do atendimento padrão da área e tem especificidades que ajudam pacientes a melhorar os resultados em todas as áreas de atuação, inclusive e principalmente na família
A psicoterapeuta e consteladora Priscila Queiroz realiza um trabalho diferenciado, em Salto, que busca ajudar pacientes em diferentes áreas: familiar, vida financeira, autoconhecimento, entre outros. Ela é pós-graduada em Psicologia Transpessoal e sua grande paixão na área é a Constelação Familiar. Priscila encontrou a própria cura nessa ferramenta e hoje a utiliza para ajudar outros.
Em Salto, a psicoterapeuta atende há cinco anos e, em entrevista ao PRIMEIRAFEIRA, explicou como funciona seu trabalho, quais os benefícios que ele traz aos pacientes, como funciona a Constelação Familiar e como a relação com a família influencia em diferentes meios da vida para melhorar os resultados.
Confira a entrevista na íntegra abaixo.
Você pratica a Psicoterapia Integrativa, não é? O que é exatamente esse tipo de Psicoterapia e como funciona?
Priscila Queiroz: A Psicoterapia Integrativa atua em várias abordagens. Eu trabalho dentro da abordagem Psíquica e Emocional. A minha base é a Psicologia Transpessoal, que é um movimento que veio pós a Psicologia Humanista. É o último movimento dentro da Psicologia Moderna. Ela engloba outros conceitos como a espiritualidade e a energia e questões como meditação. Nós entendemos que o ser humano é completo. É um indivíduo composto por várias coisas, então a energia e a espiritualidade fazem parte disso. Acredito que essa é a principal diferença, olhar para o indivíduo como um todo, não só como mente.
E como funciona o seu trabalho com os pacientes?
Priscila Queiroz: Digamos que a pessoa traga para mim uma questão de ansiedade. Eu não vou trabalhar com ela só dentro dos acontecimentos que a levam a essa ansiedade. Sempre procuro uma proposta dentro do positivo. Vou primeiro entender qual a raiz desse problema, que, às vezes, não é entendida numa conversa, e eu preciso aprofundar através de ferramentas, como a hipnoterapia, porque com ela acesso o inconsciente. Então não é só a conversa, vou além. Quando a pessoa fala de algum momento específico que a machucou, por exemplo, falo para ela fechar os olhos e se imaginar naquele momento e aí é possível sentir até o cheiro do tanto que se lembra como é. A pessoa fecha os olhos e vai para aquele momento, porque a mente não tem noção do que é real e do que é imaginário. Tanto que se sentirmos medo de alguma coisa dá um frio na barriga na hora e foi só um pensamento. O trabalho da Psicologia Transpessoal é ligar justamente com esse pensamento, porque ele vai gerar um sentimento e esse sentimento vai fazer com que você faça alguma coisa ou vai te paralisar. Então é isso, vamos para um movimento com o qual levamos a pessoa para dentro, para entrar naquilo ali e poder sair. Não dá certo com todo mundo. Algumas pessoas são mais resistentes. Então uso outras ferramentas, como a escrita, a conversa e a escuta, dinâmicas nas quais proponho orientações para que ela siga na casa dela. Trabalho com diversas ferramentas e vou adequando de acordo com a necessidade do paciente. Não é algo engessado. Trabalho muito com patologia. Algumas pessoas chegam até mim, porque estão com ansiedade, por exemplo, e eu vou entender o contexto dessa ansiedade, mas não vou focar nisso. Eu não foco na doença. Essa é uma diferença muito grande em relação à medicina tradicional, na qual o paciente vai com ansiedade e vão passar um remédio para ele tratar a doença. Eu vou olhar para o paciente, mas não vou rotular e nem ficar dizendo isso para ele. Vamos olhar o que tem de positivo.
A maioria dos seus pacientes busca auxílio em qual área? Alguns buscam apenas para autoconhecimento?
Priscila Queiroz: Tenho algumas pessoas que buscam para se autoconhecer sim. Outras são para transição de carreira. Não tem uma questão emocional, mas, às vezes, o trabalho dela não está legal e ela quer se conhecer para saber como crescer e expandir. Tem pessoas também que procuram especificamente para uma questão de espiritualidade. Alguns vêm com esse objetivo, que é de expansão de consciência. Alguns pacientes não têm depressão, ansiedade e nenhuma doença, mas querem se conhecer para ser uma pessoa melhor, uma mãe, uma esposa ou um filho melhor.
Desde quando você atende em Salto?
Priscila Queiroz: Comecei a atender aqui em Salto há cinco anos. Comecei na pandemia, aluguei o consultório em janeiro e em março veio a pandemia. Além dos atendimentos, faço workshops de vida financeira durante um dia inteiro e trabalho todos os campos: pai, mãe, ocupação e questões anteriores, crenças em relação ao dinheiro e juntamos tudo isso em uma única ferramenta. Uso duas na verdade: a Programação Neurolinguística e a Constelação Familiar, e entendendo todas essas dinâmicas, vão “caindo as fichas” e as pessoas entendem onde elas precisam mudar.
Como funciona o trabalho de Constelação Familiar que você realiza e como é a aceitação dele?
Priscila Queiroz: A constelação não é uma terapia. É uma ferramenta terapêutica que trabalha bem pautada nos conceitos e dinâmicas familiares, mas podemos trabalhar qualquer assunto dentro da constelação, como, por exemplo, a vida financeira, relacionamento e saúde. Trabalhamos num contexto de dinâmicas de representação dentro do Psicodrama. Usamos uns “bonequinhos” para representar. Na Constelação Familiar a pessoa vai escolher um bonequinho para representar seu pai, um para representar sua mãe, sua avó, seu avô e assim por diante. Através dessa dinâmica da representação dessas pessoas, começamos a entender quais são as questões guardadas no inconsciente dela. A constelação trabalha o inconsciente do indivíduo, dele como pessoa, mas também o inconsciente relacionado à mãe, pai e avós, todo mundo que veio antes e que, de alguma forma, deixou questões para aquela pessoa. Algumas famílias, por exemplo, são de médicos e isso vai passando de pai para filho, mas, em algum momento, se um deles decide não seguir essa mesma carreira e vira vendedor, por exemplo, ele pode não conseguir se desenvolver nessa carreira mesmo sendo algo que ele goste e uma escolha dele. A pessoa se sente como se estivesse amarrada e, quando colocamos isso dentro desse campo olhando para a família, ela vê que existem emaranhados, como se a família segurasse a pessoa em uma teia, porque ela não escolheu o que eles decidiram para ela e aí a pessoa fica presa mesmo. Não consegue se desenvolver. O nosso objetivo então é tirar a pessoa desse emaranhado e fazer com que ela se torne autônoma e tenha seu direito de escolha. Mas, ainda assim, continue pertencendo àquela família, porque muitas vezes as pessoas são excluídas da própria família. A constelação mostra para nós que essas exclusões causam uma ruptura dentro da família e essa ruptura traz efeitos negativos para todos que vêm depois nessa família. O objetivo da constelação é devolver uma ordem dentro de tudo.
E como as questões familiares são acessadas na constelação?
Priscila Queiroz: Existe uma energia que está atuando nesse campo, que quando eu represento a mãe de alguém, por exemplo, eu consigo sentir do ponto de vista de mãe da pessoa, que é o campo morfogenético, um campo que guarda todas as informações da pessoa e, com a intenção de acessar essa energia, nós conseguimos de fato acessá-la. Como constelador, nós estudamos para interpretar tanto os papéis físicos, como também as informações que as pessoas estão trazendo. Nessas constelações as pessoas trazem situações, como, por exemplo, alguma mágoa do pai, porque ela considerava injusta a forma que ele tratava a mãe dela. Nesse momento nós entendemos o que faz mal para aquela pessoa e que aquele problema da mãe e do pai dela não pertence a ela. Nós somos metade nossa mãe e metade nosso pai e, por isso, cada vez que nos colocamos contra um deles, criamos dentro de nós uma guerra com uma parte nossa. Somos muito pequenos diante do nosso pai e da nossa mãe para nos colocarmos no sentido de julgarmos os dois e isso causa uma dor em nós. A constelação mostra para a gente que existem dinâmicas que interferem na vida da pessoa. Por exemplo, a pessoa que exclui o pai tem questões profissionais e não consegue se desenvolver no trabalho dela. Isso acontece porque o pai é quem liga a gente ao mundo e a vida. A mãe é quem nos traz ao mundo, mas quem nos leva para a vida é o pai. Então tudo que tem a ver com o externo, relacionamento com cliente, com pessoas, lidar, vender e receber tem a ver com o pai. Se eu não me dou bem com esse primeiro externo da vida, que é meu pai, isso numa dinâmica inconsciente acaba me gerando problemas com os meus outros externos. A mãe é o trabalho que eu presto para o mundo, porque ela é a primeira pessoa que nos prestou algum trabalho e por puro amor e o trabalho que entregamos para o mundo precisa ser esse tipo de trabalho. Um trabalho que vai transformar alguma coisa no mundo, um trabalho feito por amor. Se eu não consigo ter essa conexão com a minha mãe, no sentido do amor, pode ser que eu tenha dificuldade em encontrar o meu lugar no mundo quanto ao trabalho. Digamos que eu escolha trabalhar por dinheiro, mas se, no íntimo, eu não sou essa pessoa, eu não vou ter sucesso, porque meu trabalho precisa ser feito por amor. Todas essas informações foram observadas através de dinâmicas, observando pessoas e sistemas familiares e foi vendo que existe uma dinâmica que é mais ou menos comum a todas as pessoas e geram essas informações.
O que a constelação ensina para as pessoas de maneira prática?
Priscila Queiroz: A Constelação Sistêmica trabalha no campo da energia e são três leis que precisamos seguir para nos darmos bem em todas as áreas da vida. São três leis do amor: hierarquia, que diz que quem veio antes tem precedência por quem veio depois, então nossos avós são maiores que nossos pais e nossos pais maiores que nós e, se invertermos essa ordem, vai dar errado; pertencimento, que diz que todo mundo, absolutamente todos, têm direito de pertencer e não é uma questão física, de somente estar no ambiente físico, é fazer parte do sistema; e o equilíbrio entre o dar e receber, que diz que tudo que eu entrego, eu preciso receber na mesma proporção, dentro de um relacionamento, por exemplo. Muitas pessoas se separam e falam que fizeram de tudo pelo outro, mas, às vezes, a pessoa fez demais. Não pode fazer de tudo. Você tem que fazer em equilíbrio. As leis da constelação são muito novas. Não têm nem 30 anos e ainda são bebês se tratando de humanidade. Quando muitas pessoas atingirem essa consciência e entenderam que relacionamento com pai e mãe é importante e que não é só uma ordem bíblica para honrar pai e mãe, que existe um porquê disso, a humanidade começa a caminhar melhor.
Como você conheceu a constelação e se interessou pela área?
Priscila Queiroz: Eu era professora da rede estadual de ensino. Dei aula de Química, de Física e de Matemática por 13 anos e adoeci dando aula. Uma das leis importantes para professores é a lei do dar e receber. O professor dá muito, ele ensina, prepara aula em casa, corrige, volta no outro dia e recebe pouco por isso. E comecei uma exaustão mental, tive Bornout (síndrome na qual a pessoa entra em colapso porque tem muitas atividades para desenvolver e não pode deixar de fazer nenhuma), síndrome do pânico, tirei várias licenças e chegou um momento que eu não conseguia mais. Só de pensar em voltar para a sala de aula, eu passava mal. Chegou um momento, em 2015, que precisei exonerar, porque não tinha mais condições de ser professora. Então fiquei sem trabalho e fui vender produtos de beleza por cerca de quatro anos. Eu não sabia o que fazer e minha terapeuta me instruiu a fazer uma Constelação Familiar, porque ela não conseguia me ajudar mais. Na época fui fazer, mas eu tinha preconceito de tudo, de hipnose, de regressão, de tudo mesmo. Mas eu fui mesmo assim e na primeira constelação de que participei, que era sobre relacionamento com o pai, tive vontade de participar e representei um menino que tinha problema com o pai dele e senti que era a minha própria vida, porque eu tinha uma questão muito séria com o meu pai. Ele foi embora quando eu tinha dois anos e eu tinha uma raiva muito grande dele, que eu não tinha conhecimento até então. Eu me achava segura quanto a isso, mas descobri que tinha a ferida do abandono gritando em mim. Naquele movimento, eu entendi que precisava honrar meu pai pela vida que ele me deu e que eu precisava inclui-lo na minha vida, pois excluí-lo de tudo me fazia mal. Eu perdi minha mãe com 19 anos e cheguei num momento de não ter pai e nem mãe e a constelação me ajudou a entender que eu não precisava da presença física do meu pai, mas tinha que entender que ele é o meu pai e não adianta querer matá-lo dentro de mim, porque eu mataria uma parte minha. Quando entendemos isso é uma virada de chave, porque entendemos que somos adultos e não temos que ficar presos à dor da infância mais e que a vida seguiu. O passado não dá para corrigir, mas a mudança é daqui, agora. O passado é aceitação. Dentro de um ano nessa terapia fui me reestabelecendo emocionalmente e precisava voltar a trabalhar, então procurei um processo de coach e na sexta sessão com ele eu entendi que queria ser terapeuta. Fiz então a pós-graduação em Psicologia Transpessoal e com nove meses da pós comecei a fazer alguns atendimentos voluntários. Ao final dos dois anos do curso, eu já comecei a atuar e depois fiz pós-graduação em Psicologia Positiva, Gestão de Terapia e Constelação Familiar. Dentro de todas as abordagens que eu estudei, a minha grande paixão é a Constelação Familiar, porque o resultado é rápido, assertivo e não atua só na pessoa, atua em toda a estrutura familiar.