O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) registra uma média mensal de 1.083.553 metros cúbicos de água tratada, mas 38,91% desse total ou 421.614 metros cúbicos não chegam ao consumidor da forma como deveriam. Esse índice, que se perde no caminho, é atribuído a vazamentos, leituras defeituosas, fraudes e ligações irregulares e faz com que a autarquia só receba por 61,09% ou 661.942 metros cúbicos de toda a água que trata mensalmente.
Entretanto, estima-se que quase a metade desse total de perdas se refira a ligações irregulares, ou seja, sem a instalação de um hidrômetro para medir o consumo. O PRIMEIRAFEIRA perguntou ao Saae quantos e quais imóveis não possuem o medidor, mas a autarquia não informou. A reportagem ouviu técnicos do setor para fazer a estimativa e se chegou a algo perto de 17% do total de água tratada no município, o que corresponde a quase metade das perdas.
O que é mais curioso nesse volume de imóveis sem o hidrômetro é que a maioria é formada por prédios ou espaços públicos, embora haja também casos envolvendo imóveis e construções privadas. Entre os públicos estão: escolas municipais e estaduais, clínicas de saúde, secretarias da Prefeitura, Pavilhão das Artes, Praça XV de Novembro e outras praças; Memorial do Tietê e outros pontos turísticos; Biblioteca Municipal; Teatro Verdi e campos de futebol.
Em nota, a autarquia informou que está se empenhando em identificar a ausência dos hidrômetros para regularizar a medição do consumo de água nesses imóveis e que essas buscas fazem parte do plano de combate a perdas. Além disso, o Saae também informou que no ano passado instalou hidrômetros em dois prédios públicos que nunca tiveram o medidor: a Câmara Municipal e uma escola.
A assessoria do Saae relata na nota a dificuldade que tem para encontrar os prédios sem medidores: informou, por exemplo, que só foi possível identificar que não havia hidrômetro na escola depois que os gestores da unidade solicitaram a desobstrução do esgoto. Foi aí que os funcionários do Saae verificaram que a escola sequer possuía um código do cliente cadastrado, isto é, era uma ligação clandestina. O Saae pede que o cidadão denuncie quando souber da ausência de hidrômetro em alguma ligação pelos telefones 0800 7796 300, (11) 9 9984-3028 e (11) 9 9907-5209.
Em relação aos hidrômetros, o Saae informou ainda que trabalha também na substituição dos equipamentos que estejam travados, embaçados ou com mais de cinco anos de uso, tempo com o qual se recomenda a troca. Com as ações de combate a perdas, a autarquia pretende reduzir gradativamente o índice pela metade até 2040.
Outro fator que preocupa por conta desse índice alto de perdas é a falta de água, uma realidade da cidade em momentos de estiagem e que pode aumentar com o tempo, até porque a população saltense segue aumentando (segundo o último Censo a população da cidade é de 134.319 atualmente) e por não haver novas fontes de captação (Salto só conta com duas hoje: os ribeirões Piraí e Buru).
Saae e Prefeitura investem na melhoria do abastecimento
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) informou, por meio de nota, que a autarquia e a Prefeitura trabalham pela melhoria do abastecimento de água na cidade com estratégias conjuntas e com investimentos em projetos de curto, médio e longo prazos.
Como exemplo, cita a construção do Reservatório Donalísio, que deve aumentar em um milhão de litros a capacidade de armazenamento de água, além de melhorar a pressurização da rede dos bairros Santa Lúcia, Porto Seguro e região.
Informa ainda que o empréstimo de R$ 60 milhões que a cidade obteve em junho e será usado para a construção da ETA Pedra Branca deverá aumentar a captação em cerca de 140 litros de água por segundo. Também envolve a construção de mais seis reservatórios de água, três deles com capacidade para armazenar e distribuir até cinco milhões de litros de água.
A autarquia informou ainda que com o empréstimo financiará a instalação de geradores na ETA João Jabour e, com isso, os três principais pontos de captação e tratamento de água da cidade estarão seguros contra problemas de quedas de energia.
Em cooperação com o setor de convênios da Prefeitura, outro projeto em andamento é a construção da ETA Jundiaí, cuja licitação deve sair até janeiro, segundo o Saae.
A previsão da autarquia é que essa nova ETA consiga captar cerca de 150 litros de água por segundo do Rio Jundiaí. “O método mais eficaz de manejo e tratamento da água está sendo estudado em convênio com a Unicamp, em paralelo à análise para obtenção de financiamento junto ao Programa Avançar Cidades, do Governo Federal”, explicou a autarquia.
“São obras grandes, de infraestrutura – duas novas ETAs e sete novos reservatórios ao todo –, desenvolvidos, em sua maioria, a partir de projetos do Departamento de Engenharia Técnica do Saae. Quando estiverem prontas, essas obras trarão segurança hídrica para Salto, acompanhando o seu crescimento populacional e desenvolvimento”, finalizou o Saae.