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Secretária de Finanças afirma que Prefeitura de Salto não foi vítima de golpe e fala em ‘boa-fé’

Em cerca de uma hora e meia, vereadores fizeram vários questionamentos sobre os procedimentos adotados no caso

 

A Secretária de Finanças, Adriana Lourenço, juntamente com o Chefe de Gabinete da pasta, Alexandre Moreno, esteve na Câmara Municipal, em uma reunião com os vereadores, na tarde dessa quinta-feira (5). Por iniciativa própria, a secretária se dispôs a prestar esclarecimentos sobre a suposta fraude sofrida pela Prefeitura de Salto, em relação ao pagamento à empresa Soluções Serviços Terceirizados, no valor de R$ 875 mil. Em vários momentos, foi possível perceber o nervosismo da ocupante da pasta ao falar sobre o assunto.

Para Adriana Lourenço não houve golpe e não haverá qualquer prejuízo ao erário municipal. “Não houve prejuízo algum ao Executivo e nem golpe das finanças do município”, disse. “Não houve prejuízo ao erário. Pagamos duas vezes os 875 mil (reais)? Não. Vamos pagar? O posicionamento é não pagarmos”, disse.

Ainda de acordo com Adriana, a movimentação que está sendo feita em conjunto entre Prefeitura de Salto e a empresa é de que o banco seja responsabilizado pelo suposto golpe. “A procuradoria municipal e o jurídico da empresa estão trabalhando em conjunto para acionar o banco. O banco será responsável. O banco tem meios garantidores”, disse.

Durante suas explicações, a secretária afirmou que recebeu a solicitação, mas não desconfiou ser um golpe. “Um dos princípios da vida diária é da boa-fé. Quando uma pessoa manda um e-mail, você vai acreditar que é um golpe? A prefeitura não tem bola de cristal. Tomamos todas as cautelas cabíveis”, afirmou.

 

Os fatos

De acordo com a secretária, em 5 de dezembro, a secretaria recebeu um pedido via e-mail para alteração da conta bancária e a única averiguação feita pelo Executivo é de que a instituição estava regularizada junto ao Banco Central e também aos bancos federais (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal). Após isso foram feitos dois pagamentos, que totalizavam R$ 875 mil, nos dias 9 e 20 de dezembro. No dia 26 de dezembro, foi recebido da própria empresa um comunicado a respeito de possíveis golpes sendo aplicados em nome da mesma.

Um novo pagamento, que seria feito no dia 30, acabou não sendo realizado, uma vez que a prefeitura teria solicitado um bloqueio das atividades bancárias até que a investigação seja concluída. A secretária, porém, não soube informar se o bloqueio foi concedido.

Diante da situação, foi registrado um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil e solicitou os dados de quem realizou a alteração da conta junto à instituição bancária. No dia 2 de janeiro teriam sido informados que devido ao sigilo bancário as informações só seriam divulgadas mediante um pedido judicial. “Já acionamos as autoridades policiais e agora vamos acionar o Ministério Público para a quebra do sigilo bancário”, garantiu.

 

Repercussão na Câmara

As explicações da secretária não foram bem vistas por parte de alguns vereadores. José Benedito de Carvalho ‘Macaia’ criticou a secretária por não ter informado a Casa de Leis do suposto golpe alegando estar em meio à um período de festividades. “Não concordo com as justificativas da secretária. Mesmo de recesso, continuamos trabalhando”, afirmou.

Fábio Jorge também criticou o posicionamento da secretaria. “Não tem nem cabimento vir aqui e falar uma coisa dessas. No WhatsApp conversamos a todo o momento com o prefeito e não nos foi avisado. Ficamos sabendo pelo jornal. É uma situação complicada, que piora ao vir falar aqui que não foi golpe”, explicou.

 

Comissão de Investigação

Segundo informações, a Câmara de Vereadores deverá criar uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para averiguar os fatos e apurar se houve irregularidades nos pagamentos e contrato ante a empresa. “Vamos abrir uma CEI por que não sei se é apenas esse o valor. Estou para duvidar disso também. Dizer que o prefeito não sabia de nada? Como não sabe se foi uma alteração no contrato? O prefeito é o principal culpado. Se não tem corrupção, tem negligência”, afirmou o vereador Antonio Cordeiro.

 

Nova reunião

Em sessão extraordinária realizada minutos antes da reunião, os vereadores aprovaram um requerimento solicitando o comparecimento das Secretárias de Finanças e de Educação, além de representante da empresa Soluções, para darem detalhes do contrato e a suposta fraude sofrida pelo Poder Público Municipal. O requerimento foi aprovado por unanimidade de votos. Cabe ao Executivo agendar a data para a reunião.

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