A vida “segue seu ritmo lento” e alguns acontecimentos nos marcam para todo o restante da nossa história.
Meus filhos sempre nos acompanharam em visitas aos seus avós paternos, na cidade de Indaiatuba e eles, felizmente, ainda são do tempo em que crianças brincavam na rua e entorno, das casas.
Era natural fazer amigos, filhos ou netos dos vizinhos das casas por perto.
Uma época, em especial, foi próxima dos 11, 12 anos de idade do Yuri. Final de semana era dia de poder rever os amigos de Indaiatuba.
O tempo passou, meu sogro faleceu e a família mudou de casa.
Junto com a mudança, veio o distanciamento dos amigos da rua.
Meu filho já tem sua própria família, costumo brincar dizendo que já somos parentes. Quem não mora na mesma casa que a gente, sendo da família, é parente. E rimos sempre muito, dessa minha ideia.
Hoje, já passado dos 30, beirando os 40 anos de idade, ele, passeando pela cidade vizinha com sua família, fez, como fazíamos quando andávamos de carro com tempo, pela nossa cidade:
-Mãe, passa pela Rua Peroba?
E os dois com certeza voltavam no tempo em que brincavam na rua e ali, em frente da casa em que morávamos, reuniam-se mais de 20 crianças da própria Peroba e adjacência e passavam tardes inteiras de sábado – que eu já estava em casa e podia observar de perto – brincando, ouvindo música, pulando corda, “batendo bafo” com figurinhas, trocando tazos, soltando pipa e girando pião, algumas das brincadeiras das quais me recordo.
Eu gostava desse pedido deles. Mme remetia a minha própria infância, tão feliz, na Prudente de Moraes e Floriano Peixoto.
No seu passeio, com sua família, passa pela rua em que o amigo Felipe, indaiatubano, morava e com surpresa, de dentro do carro vê um moço em frente à casa, para o carro e pergunta:
-Você é o Felipe?
O espanto trocou de lugar com a emoção e Felipe diz:
-Cara, você não faz ideia da saudade que eu sentia de ti. Passei semanas chorando, depois que vocês foram embora, por não mais ter meu amigo “de domingo” para brincar na rua.
Visivelmente emocionado, depois de conhecer a esposa, filho e filha do Yuri, ele conta a mais linda prova da amizade memorável dos dois:
-Também tenho um filho, sabe o nome dele?
-Não, não sei.
-O nome dele é Yuri. Só e só por causa de você!
Ao me contar essa história, meu filho tem ideia sim do quanto fui tocada, por ela.
Amizades, de qualquer tempo que seja, são como bálsamo a nos tocar e perfumar a alma, para todo o sempre e, atitudes vindas delas, o elixir da eterna juventude, tenhamos a idade que tivermos.