Daniel Bertani criticou ações do atual presidente e disse que projetos polêmicos devem voltar à pauta
O Poder Legislativo viveu um ano de 2023 bastante agitado, com polêmicas, discussões conturbadas e uma divisão política mais acirrada entre situação e oposição. O próprio presidente da Câmara, Edival Pereira Rosa (União Brasil), o Preto, não é unanimidade entre os vereadores por algumas decisões, como afirmou o vereador e vice-presidente da Casa de Leis, Daniel Bertani (Podemos), em conversa com a reportagem do PRIMEIRAFEIRA.
“O Poder Legislativo viveu um primeiro ano do atual mandato um pouco conturbado que, para ganhar a eleição, ele precisou que a Mesa Diretora fosse completamente diferente do que ele imaginava. E isso pesa um pouco. O ano (de 2023) começou um pouco diferente da composição anterior, em que havia um sinergismo, apesar de os ideais serem diferentes. O que eu sinto é falta da liderança do Cícero (Landim, do PL). Vejo o Preto um pouco acuado, dependendo muito do assessor e do chefe de Gabinete. Ainda assim, o Preto avançou em várias coisas iniciadas por Cícero”, afirmou.
Daniel chamou de retrocesso algumas das ações do atual presidente, como por exemplo, o retorno de um veículo exclusivo de uso do presidente e a assinatura em um Projeto de Lei, o que regimentalmente é inconstitucional. “Para se ter uma ideia, o Preto assinou um projeto (do recesso parlamentar em julho), o que não é permitido por ser presidente. O Cícero tinha tirado o carro exclusivo da presidência, que servia apenas para o presidente ficar passeando. Só que agora, o Preto pegou um dos carros e pôs para ele rodar. Ele tem a prerrogativa como presidente, mas acho um retrocesso”.
O projeto mencionado por Bertani, aliás, vem sendo alvo de muitas críticas. Apresentada no final do ano, a propositura deve ir para votação nas primeiras semanas de 2024. “Vão colocar em plenário. Eles não tiraram, mesmo com a pressão. Não podemos deixar isso acontecer. A Câmara Federal tem 55 dias. Porque temos de ter 78? É muita coisa”.
O vice-presidente também comentou sobre a propositura do aumento do número de vereadores, que pode voltar à pauta em 2024, mas fez questão de ressaltar sua preocupação com o orçamento aprovado, sem uma série de emendas que ele e outros vereadores consideravam essenciais. “O Poder Legislativo viveu dois anos de independência, enquanto no último ano senti certa dependência do Executivo. Tudo isso se traduziu na aprovação da Lei Orçamentária Anual, com emendas louváveis, mas com o presidente votando a favor do prefeito”, disse. “Isso deixa o pisca-alerta aceso”, completou.
E, como 2024 será um ano político, pelas eleições municipais, deve aumentar ainda mais a pressão sobre a Câmara e as questões pessoais e políticas tendem a se sobressair. “O político, quando se elege, só pensa na reeleição. Esse ano de 2024 não vai ser diferente”, ressaltou o vereador, que manifestou o interesse em apoiar uma terceira via, já que não deseja estar ao lado dos grupos políticos do prefeito Laerte Sonsin Jr (PL) e nem do ex-prefeito Geraldo Garcia (PP). “Espero que Fábio Jorge e Saudino (ambos do PSD) se entendam, (Claudio) Terasaka (ex-vereador e candidato a deputado estadual nas últimas eleições pelo Republicanos), enfim, algo diferente”, finalizou.
Nota da Redação.: O presidente da Câmara de Vereadores de Salto, Edival Pereira Rosa (União Brasil), o Preto, foi procurado pela reportagem do PRIMEIRAFEIRA para fazer um balanço do ano passado. Mas alegou incompatibilidade com a agenda para conversar com a reportagem. O jornal decidiu então pela conversa com o representante logo abaixo na hierarquia da atual Legislatura.