Não consigo te escrever em poesia. Parece sombra, vazia, encaixada. Você extrapola os versos, você não rima, você é linha torta. Não consigo te escrever em poesia porque você faz curva, sinuosa.
Você dizia que gostava de montanha russa. Devia ter decifrado essa tendência a altos e baixos. Você também dizia que gostava de mim. Talvez tenha faltado adrenalina. Você me percorreu errado. Tenho tanta intensidade guardada em mim, mas acho que ela tem semblante marítimo.
Sou onda, calma e forte. marola e caldo. Anti automação, fujo do supérfluo. Mergulho nas minhas águas fundas e profundas e estremeço quando uma alga me roça. Mas ela me lembra que sou real.
Prefiro mesmo o real, o cru. Prefiro mesmo ser humana e intensa e prefiro mesmo a emoção. Não me deixo endurecer nunca. Continuo mole, fluída, macia. Tem força na delicadeza. Tem beleza na força.
O mar é bonito e o jeito que sinto é bonito também. Você me percorreu errado. faltou um barco, um remo. Talvez a lua te afogou logo do meu mar. Porque o mar é profundo e verdadeiro e indomável. Ele não quer montanha russa e não quer superficialidade.
Continuarei fluida, mole e da próxima vez, me jogo de ponta. Me jorro sem amarras. Me atiro em onda e não tenho medo do gosto salgado. Não tenho medo de lágrima porque sal é mar e mar é intenso e bonito. quem julga o mar por ser forte não entende a beleza, não entra na água, se prende no raso. Se banha quem se dá ao toque da corrente