Apesar de não morrer de amores pela sogra, Bento a suportava. Sem deixar a sinceridade de lado: nada de minha linda, minha flor ou querida. Para ele, carinho significava estender a mão ao necessitado e pronto.
Bento ajudava financeiramente a sogra. Mesmo assim, ainda faltava grana no final do mês. Foi quando Jurema, esposa de Bento, sugeriu que a mãe viesse morar com eles.
Bento concordou e assim foi feito.
Depois de um certo tempo, Bento começou a ficar intrigado. É que a sogra não reconhecia e muito menos o agradecia pela ajuda recebida! Que nada! Bento recebeu foi muita crítica, principalmente pelas costas.
Coitado do Bento, acabou virando um fantoche na mão das duas. Tinha que se matar de trabalhar para realizar os caprichos de ambas.
Bom…para ele, o importante era ser feliz, cada um da sua maneira.
Um belo dia a sogra morreu! Ufa! Quem sabe, Bento não teria um momento de paz!
Foram fazer o enterro da sogra, já estava começando a escurecer. De repente, o caixão bateu num toco e não há de ver que a “véia” ressuscitou. Na verdade, ela tinha tido um ataque de “catalepsia” (é uma condição transitória, na qual o paciente apresenta uma incapacidade dos membros, na cabeça ou até na fala. Em alguns casos podem ser confundidos com a morte).
Passados oito meses, a sogra morreu de verdade mesmo e Bento, pra evitar uma surpresa desagradável, conforme o enterro prosseguia, ia à frente orientando e alertando o pessoal:
– Olha o toco… cuidado com o toco… olha o toco…