O discurso do vereador Vinícius Saudino (PSD) na sessão da terça-feira (9), a respeito do projeto que autoriza a Prefeitura de Salto a emprestar R$ 60 milhões e utilizar esses recursos na melhoria do abastecimento de água, chama a atenção e deveria merecer um estudo mais aprofundado por parte da população.
O parlamentar disse que o prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL) quer apenas fazer um empréstimo, pois a administração trabalha hoje com um orçamento muito superior ao de dois ex-prefeitos e seria impossível, na visão dele, que não houvesse recursos para fazer frente ao investimento pleiteado por meio do empréstimo.
Para Saudino, o prefeito escolheu tomar os recursos financeiros junto à Caixa só agora, no terceiro ano de mandato, por visar obter dividendos eleitorais no pleito de 2024, quando a cidade decidirá se ele deve continuar, caso se candidate à reeleição, ou se escolherá outro para o posto de chefe do Executivo municipal.
Mais que isto: o vereador afirmou que não se sabe nada dos juros do empréstimo, que foi aprovado por unanimidade pelos vereadores, e que o gerente da Caixa não esteve na Câmara para dar explicações. Some-se a essa falta de informações o fato de que o projeto foi analisado em regime de urgência, com prazo menor.
Ora, o vereador tem razão quando reclama da demora do prefeito em apresentar o projeto. A cidade vive uma crise de abastecimento de água há anos, que não é novidade para ninguém. Quando assumiu, o chefe do Executivo já sabia dos problemas. Talvez, se tivesse realizado o empréstimo antes, a cidade estivesse melhor.
Há explicações, claro: a possibilidade de obter um empréstimo com mais facilidade e agilidade só surgiu agora e havia a necessidade de se preparar todo o investimento. De fato, o Projeto Finisa, por meio do qual virão os recursos, ajuda as prefeituras, ao não exigir projetos a serem apresentados ao banco.
Se dirá também que o simples anúncio de obras tão importantes e significativas para a vida da comunidade não rende dividendos políticos, afinal a população já está cansada de promessas e isto é fato, sem dúvida, pois a crise da água é algo que atormenta as famílias há anos e não se vislumbra soluções no curto prazo.
Mas, senhores, os vereadores deveriam olhar melhor a questão do empréstimo. Não que não seja necessário. É preciso resolver a crise. O problema é que comprometerá o município severamente para o futuro. Será que era a melhor solução? Se discutiu isto com a ajuda de técnicos? São perguntas que ficam ainda agora.