O aumento no número de casos confirmados de dengue em Salto preocupa muito e torna o enfrentamento da doença um desafio cada vez maior, tanto para as autoridades quanto para a população. Até o dia 20 deste mês, a cidade atingiu a marca alarmante de 1.639 registros, sendo que 657 deles foram apenas no mês de abril.
Comparando com o mesmo período do ano anterior, os números são ainda mais graves: quase o dobro de casos em 2024, em relação a 2023, quando 849 casos foram confirmados. A preocupação se estende para além dos números, pois dois óbitos estão sob investigação pelo Instituto Adolfo Lutz há quase um mês.
Esse prazo é para a primeira morte, que foi confirmada em 6 de abril pela Secretaria Municipal de Saúde, já que a data do segundo óbito não foi divulgada até agora sob justificativa da Lei 13.709/2018, que protege dados pessoais dos pacientes. No entanto, é importante ressaltar que a lei não proíbe a divulgação da data do óbito.
A ressalva é necessária porque a comunidade sofre com a incerteza decorrente da demora na investigação dos óbitos. Isto aumenta a ansiedade e o temor em relação à propagação da doença. A cidade já teve um óbito anterior que foi descartado após exames laboratoriais, mas os outros dois casos permanecem em aberto.
A distribuição dos casos por bairro revela ainda padrões preocupantes. O bairro Santa Cruz lidera com 146 casos confirmados, seguido pelo Jardim Celani com 107 e o Centro com 52 casos. Isto indica uma disseminação generalizada da doença em diferentes áreas da cidade, o que exige uma resposta coordenada.
Diante desse cenário, a Prefeitura tem realizado ações para conter a propagação da contaminação, incluindo o trabalho de nebulização, conhecido como fumacê, em áreas específicas da cidade. No entanto, a eficácia do fumacê é limitada, atingindo apenas os mosquitos adultos em voo no momento da pulverização.
Por essa razão a colaboração da população é fundamental. A aplicação do fumacê só é recomendada quando pelo menos 80% dos imóveis estão vistoriados. Como se sabe, em Salto, o número de imóveis vistoriados está abaixo disso. Se a população não ajudar, a administração sozinha não conseguirá vencer a doença.
É essencial que os moradores estejam cientes dos riscos e que adotem medidas preventivas em suas casas, como a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. A equipe de Controle de Endemias da Prefeitura também deve reforçar as visitas regulares para identificar e orientar sobre os criadouros.