Cidades

Interligadas

As Fake News ambientais e o discurso “aquecimentista”.

As questões ambientais e os fenômenos da natureza sempreforam alvos de estudo e preocupações da humanidade.  Desde a filosofia pré-socrática a natureza era vista como um universo codificado e misterioso, que caberia à racionalidade, pela matemática:desvendá-la;identificar os elementos formadores (arché)do cosmo;compreender melhor as externalidades das atividades antrópicas e utilizar-se dos recursos naturais em prol das necessidades e desejos humanos.

As preocupações com os impactos ambientais gerados pelas atividades humanas passaram a ganhar proporções globaisapós a Conferência de Estocolmoem 1972, organizada pela ONU. O fenômeno “aquecimento global” é o mais comentado e discutido no mundo contemporâneo. Tal evento climático vem tomando grandes proporções, a ponto de muitos entes utilizarem o termo “ebulição global”. O mesmo foi criado recentemente, a partir da fala do secretário da ONU, dotado de um pífio conhecimento na área ambiental.Essa nomenclatura é totalmente errônea, mas foi utilizada com o objetivo de alertar a população e mobilizar os governantesdas nações sobre eventuais externalidades oriundas das mudanças climáticas; tendo como base os grandes picos de temperatura presentes em pontos específicos do planeta e os dados duvidosos, sem rigor científico, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).

Particularmente, sinto saudades da época em que a disciplina de ciências e filosofia, eram as mais importantes da escola. Aprendi, na quinta série (turma 53), com a professora Silvia, que cada substância (elemento do cosmo), tem um ponto de ebulição distinto.  Entende-se por ebulição como a mudança do estado líquido para o estado gasoso. Esse processo físico é fortemente influenciado pela quantidade de calor emitida, pressão atmosférica, calor específico da matéria e a constituição química das substâncias. Portanto, não podemos usar essa terminologia, visto que o planeta não é homogêneo e muito menos estável. A atmosfera é uma imensa e complexa rede de fluídos. O bioma mais complexo e menos conhecido pela ciência. É uma grande ilusão acreditar que podemos compreender as verdadeiras causas para as mudanças climáticas e extremamente cômodo colocar o homem como o grande responsável pelo aquecimento global.

As alterações da temperatura do planeta, concentrações de gases, camada de ozônio e o nível do mar sempre ocorreram na Terra, desde o período cretáceo. As alterações climáticas são cíclicas e veem correndo em intervalos de aproximadamente 100 mil anos. O clima da terra está ligado a inúmeros fatores e fenômenos naturais, tais como: densidade solar (ciclo do sol); relevo; pressão atmosférica; força gravitacional; raios cósmicos; vulcões; aerossóis naturais e os grandes reservatórios hídricos. (oceanos, mares e rios). O grande gênio Milankovitch (1879-1958), foi o primeiro cientista a defender e elaborar teorias sobre as mudanças climáticas e suas relações com os ciclos de movimentos da Terra. Para esse matemático e engenheiro, o clima no planeta é determinado pelas variações cíclicas de três parâmetros orbitais da terra: precessão (mudança no eixo rotacional da Terra); obliquidade (alteração na inclinação do eixo da terra) e a excentricidade (formato da órbita da Terra ser mais elíptica).

O clima da terra é determinado por uma gama de fatores, em que as causas naturais e a dinâmica dos ciclos biogeoquímicos apresentam uma interferência infinitamente superior a somatórias dos impactos gerados pelos habitantes da terra. A erupção de um pequeno vulcão é o suficiente gerar mais gases (dióxido de carbono e enxofre), em um único dia, do que o total de gases gerados pelas atividades humana em um ano e, por incrível que pareça, pode esfriar a terra. Outra grande falácia é sobre o “efeito estufa”, como criação humana.Quando pesquisamos a palavra estufa, nos deparamos com a seguinte definição: “Estufassão lugares (como casas) com o objetivo de acumular e conter o calor no seu interior, mantendo assim umatemperaturamaior no seu interior que ao seu redor”.A atmosfera não é um lugar fechado que retêm calor, onde podemos alterar e controlar o clima nesse espaço. O chamado “efeito estufa” é algo natural, que sempre existiu, oriundo das alterações dos gases na atmosfera, ao longo do tempo. Não existe vida sem o efeito estufa, pois a amplitude térmica seria enorme e a temperatura média estaria próxima a 18ºC.

Outro grande equívoco é colocar o dióxido de carbono como o principal gás formador do efeito estufa. Não podemos negar o acréscimo da concentração de CO2 na atmosfera, que corresponde apenas a 0,03% dos gases.Todavia, os vapores de água e o gás metano, apresentam uma capacidade bem maior de absorver e reter calor que o dióxido de carbono. Inclusive o aumento do carbono na atmosfera induz a uma maior produtividade de muitas espécies de plantas, chamadas C4, que passam também a terem uma maior eficiência no consumo de água. O carbono é elemento essencial a vida, base energética de nossa nutrição, e matéria-prima aos seres autótrofos (organismos fotossintetizantes). Muitos países já utilizam a fertirrigação carbônica, visando o incremento na produtividade de alimentos. Portanto não podemos afirmar que os gases, em especial o carbônico, são os únicos responsáveis pelo aquecimento global.

Outra grande polêmica se refere à camada de ozônio e sua função no planeta. De 1930 até 1970 a molécula de CFC (clorofluorcarboneto) era a única a ser usada como base dos refrigeradores e aerossóis. Até que o Protocolo de Montreal, assinado em 1987, proibiu a produção desse gás ao alegarem que o mesmo causa “buracos” na camada de ozônio, o que diminuiria a capacidade de filtrar os raios ultravioletas, potencialmente nocivos aos seres vivos. Dados mostram que o ozônio altera muito em concentração, naturalmente, na estratosfera e que o cloro não é único elemento que contribuiu para sua diminuição. O óxido nitroso também influencia diretamente na alteração da concentração do ozônio. Todavia, grande parte dos elementos dissipados na atmosfera, que contribuem para a degradação do ozônio, são oriundosde eventos naturais (como erupções vulcânicas e aerossóis naturais provenientes dos mares e oceanos). Também a radiação solar é a mola propulsora para a fotólise.

Quantas pessoas já ouviram dizer que o aquecimento global desencadeará no aumento do nível do mar, em função do derretimento das geleiras? Há 100 milhões de anos o nível do mar era bem maior do que é hoje. Quais os critérios e métodos de dimensão do nível do mar? Medir a altura da coluna de água de uma piscina é fácil, mas no mar é uma tarefaextremamente complexa, visto as maiores montanhas do mundo estão justamente no mar e também as erupções vulcânicas; queafetam o volume de água. Inclusive os dois eventos naturais, El Niño e La Niña,que mais contribuem para definição do clima, ocorrem no Oceano Pacífico. Muitos oceanógrafos não consideram essa grandeza, nível do mar, como significante e precisa. Algumas geleiras do mundo estão aumentando de tamanho, você sabia? Quantas geleiras existem no mundo? Dessa quantidade imensa de geleiras, menos de cem são monitoradas frequentemente. Portanto, é perigoso afirmamos que o derretimento das geleiras é um evento global e antropológico, pois em certas regiões podemos ter uma diminuição no nível do mar e em outras um aumento. Também não podemos garantir que o aumento do nível do mar se comporte como uma função linear crescente ao longo do tempo.

Vejo frequentemente, nas redes sociais, pessoas propagando notícias falsassobre a previsão do aumento do nível do mar até 2100 e pessoas pensando em vender seus imóveis no litoral. As geleiras apresentam um ciclo natural. Imaginem um copo cheio de gelo, até sua borda, ao derreter a água irá transbordar? É obvio que não! Muitas geleiras se comportam dessa forma.

Para findar esse sublime artigo de opinião não podemos esquecer de salientar o modismo do chamado “capitalismo sustentável”. A própria essênciado modelo de produção capitalista é insustentável, pois nasceu e prosperou a partir da exploração social e da espoliação dos recursos naturais. Na memorável obra: “O Capitalismo Natural”, os autores evidenciam que a sustentabilidade é uma verdadeira utopia, visto que os preceitos e doutrinas do capitalismo tradicional está levando o planeta à beira do colapso. Nunca houve e jamais existirá uma atividade econômica plenamente sustentável.

A mídia de massa, as escolas, universidades e as redes sociais veem propagando “Fake News ambientais”, que geram alarde, comoção, mudanças de condutas e ao mesmo tempo fomenta a criação de um espaço fértil paranovos negócios e o fortalecimento da propriedade privada. A corrente de pensamentoaquecimentista antropológico vem ganhando espaço e força política no cenário contemporâneo.  As hipóteses “climatológicas” estão sendo consideradas como teorias científicas irrefutáveis.

O discurso “aquecimentista”vem instigando a formação de um exército de “analfabetos ambientais’; radicais e cegos, e do outro lado, a construção de um fértil espaço perigoso de reorganização do capital, em especial da rearticulação de padrões de consumo e a formação de mercados consumidores forjados, a partir da criação de uma indústria do “aquecimento global”. Acaba-se levantando uma “bandeira” ecológica, não como um dever cívico e compromisso ético planetário, mas como meio deganhos econômicos como: o mercado de commodities ambientais; a melhorianas relações com os stakeholders; estabelecer novas alianças estratégicas; fomentar odesenvolvimento de setores emergentes da economia “verde”; propagar uma ideologia política “sustentável”, que agrade o consumidor final e combater qualquer corrente de pensamento contraditória aoaquecimento global antropológico.

Rodrigo Legrazie é técnico em meio ambiente, matemático, filósofo, engenheiro, geografo e pedagogo. Autor do livro “Os Desafios da Sustentabilidade Rural: a transição do modelo convencional ao orgânico de produção agrícola”, consultor técnico na área ambiental; coordenador e docente do programa de graduação em Gestão Ambiental da Faculdade Paulista de Ciências da Saúde. É professor da FIEC no curso de Administração.

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