Olá amigo leitor, faz algumas semanas que não temos nosso bate papo e recentemente o Mundo recebeu a notícia que o Trump vai sobretaxar as exportações brasileiras para os Estados Unidos em 50%. E a pergunta que fica é: Devemos nos preocupar?
Pode parecer um pouco pragmático, mas sobretaxar as exportações brasileiras para os Estados Unidos é um equívoco que vai custar mais para eles do que para o Brasil. Logo abaixo você vai compreender isso de uma didática e mais imparcial possível uma vez que o motivo da sobretaxa está sendo questionado dentro e fora dos Estados Unidos.
Vamos começar pelo fator político: a justificativa da sobretaxa foi com base em uma opinião pessoal do presidente Donald Trump por causa de uma investigação sobre os atos de 8 de janeiro que ocorreram no Brasil, exigindo um processo de anistia total sobre os investigados em troca da remoção da sobretaxa. Um ato de interferência direta sobre a política interna brasileira. Cada um tem sua opinião a respeito dessa situação e não vamos tecer comentários sobre isso, porém a motivação dessa sobretaxa em especial alarmou o mundo, pois a forma como o Brasil vai reagir a aplicação dessas taxas podem sinalizar a forma como novos atos como esse podem acontecer com ouros países. Interferência direta da política interna de outros países sempre é um ponto de muito questionamento e acontece com certa frequência.
Ao atropelar a soberania brasileira, os Estados Unidos mais perdem do que ganham porque o Brasil vem sendo defendido dentro do meio diplomático. Embora poucos saibam, a diplomacia brasileira é uma das mais atuantes e tem tanta influência como as grandes potências. Então esse ato pragmático, hoje, gera um impacto imediato para o Brasil. Já para os Estados Unidos criou-se um problema a longo prazo, no qual precisarão fazer concessões para poder recuperar os danos gerados com esse ato.
Do ponto de vista econômico, esse ato é mais danoso a economia dos Estados Unidos do que a economia do Brasil uma vez que isso não vai impedir o comércio, mas vai deixá-lo mais caro para os Estados Unidos. Isso pode impactar na inflação interna do país uma vez que o nosso maior volume de exportação é de matérias-primas para a indústria americana e o excedente é exportado para a China, que passa a ganhar mais influência no ocidente. Dessa forma, o mundo passa a olhar com mais desconfiança para os Estados Unidos.
Sobretaxar o Brasil está prejudicando os Estados Unidos e eles estão dando ainda mais poder e influência para os chineses, que é justamente o que estão tentando evitar e o governo brasileiro está atuando em quatro frentes para contornar o problema:
Primeira frente: conversar com os principais exportadores de materiais do Brasil para os Estados Unidos e publicamente iniciar um processo de negociação, baixando a cabeça e buscando contornar a situação sem muitos pormenores.
Segunda frente: colocar em prática medidas de contenção de danos, dando isenções e facilitando os processos de aduana para exportar o eventual excedente para outros países buscando depender menos das exportações para os Estados Unidos.
Terceira-frente: aplicando medidas de retaliação não públicas dificultando processos aduaneiros de importação de materiais dos Estados Unidos que podem ser facilmente substituídos por fornecedores de outros países, abrindo mais mercado para produtos de países da Europa e Ásia.
Quarta-frente: medidas retaliatórias públicas como a quebra de patentes de produtos farmacêuticos importados dos Estados Unidos em especial medicamentos de alta de demanda e lucratividade para os laboratórios gerando impacto direto no mercado farmacêutico americano, uma vez que na eventualidade da quebra de patente de produtos farmacêuticos os laboratórios norte-americanos vão ter queda de receita.
Em relação à cidade de Salto, os Estados Unidos são destino de parte significativa de nossas exportações. De acordo com o quadro abaixo, no ano de 2024, os Estados Unidos foram destino de 25% de nossas exportações de acordo com o quadro a seguir:

No ano de 2025 os EUA até o presente momento tem sido o destino de 40% de nossas exportações segundo o quadro a seguir:

Ao observar o que exportamos para os Estados Unidos percebemos que nossas exportações em sua grande maioria foram de matéria-prima para a indústria química. Em uma primeira análise entendemos que o que vai acontecer é que a matéria-prima vai ficar mais cara para o cliente norte-americano e possivelmente sem muito impacto para a nossa indústria, já que o Dólar é significativamente valorizado perante o real e também pelo fato de a indústria brasileira segue rígidos protocolos que controle e qualidade.
Assim, a relação custo/benefício do que Salto exporta para os Estados Unidos podem não sofrer grande variação, porém dentro de um cálculo de sazonalidade, não é uma tarefa fácil substituir fornecedores internacionais com a mesma velocidade que sobretaxas são aplicadas ou removidas.
Há muito o que se ponderar nessa questão da sobretaxa, uma vez que os danos podem ir além dos calculados prejudicando mais os Estados Unidos do que o Brasil.
Acreditamos que o governo americano deve ponderar esses riscos e rever essa sobretaxa, isso porque ao calcular os riscos de danos eventuais também há o risco de gerar uma crise de confiança com seus demais parceiros.
Na próxima semana estamos de volta falando mais sobre a economia brasileira.
Vida longa e próspera.