Cidades

Interligadas

Mulheres e Previdência Social — Outubro Rosa

Cinco anos após a Reforma da Previdência, as mulheres seguem entre as mais impactadas pelas novas regras do INSS. Trajetórias laborais femininas costumam ter pausas por maternidade e cuidado de familiares, além de períodos de informalidade e salários menores. O efeito combinado é menor densidade de contribuições e, muitas vezes, benefício de valor inferior no futuro. Este resumo, em linguagem direta, explica o que mudou e como se proteger – especialmente no Outubro Rosa, quando saúde e renda precisam caminhar juntas.

O que de fato mudou:

A idade mínima e o tempo de contribuição ficaram mais rígidos, e as regras de transição (pedágios, pontos e faixas etárias) exigem análise individualizada. O cálculo da renda mensal usa médias e coeficientes que, em muitos casos, reduzem o valor final do benefício.

Por isso, é essencial conferir periodicamente o CNIS (histórico de vínculos e salários) para corrigir falhas antes da concessão.

Direitos de quem está em tratamento de câncer:

Mulheres com neoplasia maligna contam com proteções específicas:

•Auxílio por Incapacidade Temporária: quando o tratamento impede provisoriamente o trabalho;

•Aposentadoria por Incapacidade Permanente quando não há possibilidade de retorno;

•Isenção de carência nas doenças graves (dispensa das 12 contribuições);

•Isenção de Imposto de Renda;

•BPC/LOAS para quem está em vulnerabilidade social e não cumpre requisitos contributivos;

•Auxílio‑inclusão para a pessoa com deficiência moderada ou grave que recebe ou recebeu BPC/LOAS nos últimos cinco anos, volta a trabalhar formalmente e mantém o critério de renda; e

•Prioridade de tramitação nos processos judiciais, com atenção preferencial em procedimentos administrativos.

Onde surgem os problemas:

Os entraves mais comuns aparecem quando os laudos são curtos ou desatualizados, o pedido no Meu INSS é formulado de modo incorreto ou com anexos incompletos e, principalmente, quando faltam detalhes sobre as limitações funcionais – impacto na força, no ritmo, nos deslocamentos, no risco de infecção, na fadiga e na atenção.

Somam‑se a isso a perda de prazos de exigência e recurso e o erro de focar apenas no diagnóstico, esquecendo que a perícia avalia a consequência da doença na vida laboral e a capacidade residual (o que a pessoa ainda consegue fazer com segurança e constância).

Passo a passo para não errar:

Monte um dossiê simples e completo com CID, estágio da doença, plano terapêutico, exames recentes e relato objetivo das limitações no trabalho.

Escolha o benefício adequado, explique o pedido com clareza e reúna toda a documentação; se houver doença grave, mencione expressamente a isenção de carência.

Na perícia, descreva a rotina: tarefas, esforço, tempo em pé, deslocamentos, riscos do ambiente e o impacto da fadiga no rendimento. Acompanhe prazos, recorra quando necessário e peça perícia complementar se as provas forem insuficientes.

Ao final, revise os cálculos e o CNIS (vínculos, salários de contribuição, médias e coeficientes) – erro de cadastro costuma virar erro no valor do benefício.

Mitos e verdades

“Sem 12 contribuições não há benefício.” Falso para doenças graves há isenção de carência.

Se indeferiu uma vez, não tem mais jeito.” Falso: cabe recurso, novo pedido com prova melhor e, se preciso, ação judicial.

Todo câncer aposenta automaticamente.” Falso: a aposentadoria exige incapacidade permanente; nos demais casos, pode ser devido o auxílio temporário.

Em resumo, a previdência é proteção ao longo da vida. Para as mulheres – especialmente as que enfrentam o câncer, informação, planejamento e organização de documentos transformam direitos em renda, continuidade de tratamento e dignidade.

Conheça seus Direitos!

*a autora FABIANI BERTOLO GARCIA é professora, advogada especializada e com MBA em direito previdenciário.

Instagram: @fabianibertoloadv

Facebook: Fabiani Bertolo – advogada

Site: www.fabianibertolo.com.br

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