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Burocracia demais para tempos digitais…

A burocracia, anteriormente um elemento organizador do serviço público, se perdeu no excesso, criando rotinas longas, tramitações intermináveis, vários níveis de responsabilidades. Hoje o pensamento comum é que o serviço público é moroso por natureza. Servidores públicos se apegaram a uma rotina, cujo ícone continua sendo o carimbo e o pedacinho de papel escrito a mão, mantendo uma relação cômoda de segurança, sem minimamente compreender as razões do modelo mental do trâmite.

Ainda pior, perde-se na lógica e instaura-se o fazer porque ‘sempre foi assim’. Alie-se a isso, a idéia de que o serviço público é o emprego ideal, pois passa a ter a estabilidade como segurança, independentemente da competência exercida no cargo que ocupa. Embora não seja a regra, tal pensamento é ainda muito comum, a ponto de enxergarem normal a morosidade do serviço público. O que é uma lástima.

Cá na terrinha, temos vários exemplos. Talvez, de fato, a desburocratização no serviço público signifique racionalizar processos e fluxos, responsabilidades e competências. Temos hoje, um sistema arcaico de protocolo e tramitação onde nem quem solicitou saberá onde procurar uma resposta e a que tempo. Como resposta, ‘aguarde um telefonema’.

Para que tudo funcione a contento, será preciso desenhar novos fluxos, reduzindo drasticamente os trâmites. Às secretarias e departamentos que devem ser notificados, cópias desses processos poderiam ser enviadas digitalmente, sem a necessidade da ciência (assinatura) no processo físico. Isso, por si, reduziria por volta de 50% do tempo de trâmite. Pontos de decisão, e somente esses, representam o fluxo verdadeiro da tramitação que, digitalmente, poderia acontecer numa velocidade maior.

Aqui em Salto, a modelização de tarefas do serviço público passa a ser uma necessidade real. Mas não é somente inserir tecnologias. Por aqui, rotineiramente ouve-se falar que isso vai acontecer em breve, no entanto, o fato é que ainda as lógicas observadas continuam sendo analógicas, como no século passado. Nada mudou de fato no geral.

Processos de revisão da burocracia devem, necessariamente, atentar para esses dois aspectos, os fluxos e a cultura, o primeiro em uma revisão, assumindo de vez o século XXI e suas lógicas de conectividade e interatividade, além de agilidade e eficiência. E, segundo, na perspectiva de que a cidadania é a motivação do serviço que os poderes públicos devem oferecer e que nós merecemos ter, principalmente por essa condição de cidadãos.
Por fim, inteligência e eficiência devem ter a perspectiva da cidadania a favor do cidadão, de sua qualidade de vida, de nossa qualidade de vida. A característica do serviço público deveria ser o zelo pela dignidade e o bom atendimento ao cidadão, e não pela morosidade de uma burocracia baseada em pequenos papéis escritos e carimbos antiquados.

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