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O Governo do Estado de São Paulo tem intenção de privatizar a Sabesp, e o Saae de Salto, deveria ser privatizado?

A Sabesp foi criada em 1973, através de um programa do Governo Federal para incentivar a companhias estaduais de água e esgotos. Desde então, a companhia tem apresentado números que brilham aos olhos de qualquer investidor, já que a empresa possui ações na Bolsa de Valores de São Paulo e também na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) desde 2002. Abastece 28,4 milhões de pessoas com água e coleta esgoto de 25,2 milhões de pessoas em 363 municípios. Em 2021 seu lucro liquido foi de R$ 2,3 bilhões. Os motivos que o atual governador alegou para privatizar são de que o custo operacional é 20% maior e que o custo de ligação é maior do que o privado o que pode tornar a empresa inviável no futuro. Não vou entrar no mérito disso, pois não administrei essa cia, e sim uma autarquia infinitamente menor com números opostos.

Durante meu período a frente da autarquia, administrei como uma empresa, assim como a Sabesp também é, e todos os processos conduzidos por mim e pelos diretores, foram de tornar ela mais eficiente e melhor atender a população. O Saae de Salto abastece cerca de 53 mil endereços (industrial, comercial ou residencial), sendo que desses, 3 mil não tem coleta de esgoto. A situação do saneamento em nossa cidade é uma ‘jabuticaba’, como ouvi várias vezes em reuniões de Associação de Saneamento ou de Agencias ligadas a água e esgoto. Temos uma autarquia que capta, trata água e distribui, e cuida de toda manutenção da rede de água e de esgoto, e a mesma recebe apenas pela água tratada e a taxa de coletar o esgoto (taxa de afastamento) através da rede e entregar na rede coletora da outra parte do serviço. O esgoto é coletado e conduzido a uma Estação de Tratamento de Esgoto por uma outra concessão do município, contrato de 1996.

Onde está a autonomia do SAAE que não tem recursos para investir? Seu custo é alto para tornar inviável a operação? Eu lhes afirmo, não é. Perdemos vários servidores em 2022 para as cidades vizinhas que pagam um salário melhor ou um conjunto de benefícios maior e não tive como argumentar para reter esses bons profissionais. Os quadros de operadores das ETA’s e do Operacional são tão enxutos que se torna perceptível em momentos de grande demanda, mas na maioria das vezes dão conta do serviço.

E a resposta da pergunta: o Saae deveria ser privatizado? Não deveria, pois tem uma operação extremamente enxuta, com custo baixo. Ele precisa de investimentos em equipamentos de manutenção, frota renovada e melhor equipada, uma nova Estação de Tratamento de Água e adequar o local da Estação de Tratamento do João Jabour para evitar paradas devido a enchentes. Deve investir em reservatórios grandes em pontos estratégicos para poder armazenar água tratada, investir em represas para água bruta e fazer um trabalho intenso de recuperação das nascentes que afetam diretamente o abastecimento, principalmente da bacia do Buru. Tudo isso não será possível somente com investimento da prefeitura, o serviço tem de ser autônomo e para isso ele deve ser responsável pelo tratamento de água e de esgoto, administrando 100% o processo.

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