A investigação proposta pelos vereadores, nesta semana, para apurar o que aconteceu de fato com as áreas do bairro Central Parque vem muito a calhar. A situação apurada até agora é muito estranha, sobretudo por se tratar de uma relação envolvendo interesses da população misturados a interesses privados.
O imbróglio é o seguinte: no governo do ex-prefeito João Conti (PTB), na década de 90, o Grupo Eucatex e algumas empresas proprietárias de áreas lotearam a Fazenda Rancho Feliz. Uma das empresas doou área para a construção de uma avenida interligando a Avenida Getúlio Vargas com a Estrada do Lajeado.
Em agosto de 2011, já no governo do ex-prefeito Geraldo Garcia (PP), o projeto 49/2011 definiu a implantação do Centro Cívico de Salto, que previa a destinação de áreas para a Prefeitura, a Câmara de Vereadores, o Fórum, o Ministério Público, a Vara do Trabalho e o Instituto Federal na mesma região da fazenda loteada.
Para garantir a área, o projeto propunha a permuta do terreno destinado para a nova avenida por áreas para o Centro Cívico, que estavam localizadas entre a Avenida dos Três Poderes e a Rodovia SP-75. Essas áreas seriam interligadas por uma nova avenida, a Avenida Ulisses Guimarães, a partir da Avenida Getúlio Vargas.
A proposta deu prazo de dez anos para que as obras dos prédios do Fórum, do Ministério Público, da Vara do Trabalho e do Instituto Federal fossem concluídas. Após esse tempo, os terrenos seriam reintegrados ao patrimônio municipal caso não ocorressem as respectivas obras e só o Instituto Federal foi construído.
Pois bem, a empresa que doou a área para a avenida e que aceitou a permuta pela área onde seriam construídos os prédios da Prefeitura e da Câmara informou que a Prefeitura não formalizou a permuta ao longo do tempo e nem reintegrou a área ao seu patrimônio como acordado. Por isso, a empresa deu outra destinação à área.
Agora, como pode a Prefeitura fazer acordo com uma empresa privada de doação de áreas sem a respectiva documentação legal para atestá-la a qualquer tempo? Prefeitos e empresários passam e interesses mudam. O que garantiria o cumprimento do acordado na palavra apenas tantos anos depois? Evidentemente nada senhores.